- Introdução
As amputações geralmente ocorrem por indicações eletivas ou de urgência. As amputações eletivas são para pacientes portadores de sequelas ou processos mórbidos, visando melhorar as condições de vida do paciente. Já as amputações de urgência são indicadas em casos graves, como, por exemplo, os grandes traumas, neoplasias em estágios avançados ou sepses, os quais trazem risco à vida.1
Estima-se que as amputações do membro inferior (MImembro inferior) correspondam a 85% de todas as amputações de membros, apesar de não haver informações precisas sobre esse assunto no Brasil. Em 2011, cerca de 94% das amputações realizadas pelo Sistema Único de Saúde (SUSSistema Único de Saúde) foram no MImembro inferior. As amputações por causas traumáticas prevalecem em acidentes de trânsito e ferimentos por arma de fogo, sendo esta a segunda maior causa. Entre as amputações não eletivas, o trauma é responsável por cerca de 20% das amputações de membros inferiores (MMIImembros inferiores), sendo 75% no sexo masculino.2
Diante dessa situação, tornou-se consenso mundial devotar mais atenção ao Atendimento Pré-Hospitalar (APHAtendimento Pré-Hospitalar), na tentativa de minimizar a morbidade e mortalidade no atendimento ao traumatizado.3 Entretanto, o desenvolvimento desses serviços culmina com a necessidade de profissional qualificado que atenda às especificidades do cuidado de enfermagem a ser realizado durante o APHAtendimento Pré-Hospitalar, sendo necessário, ainda, raciocínio clínico para a tomada de decisão e habilidade para executar prontamente as intervenções.4
O manejo eficaz dos doentes vítimas de traumas depende da identificação das lesões, ou das possíveis lesões, e do uso de boas habilidades de avaliação.5
O atendimento inicial, com avaliação primária, estabilização e transporte da vítima até um centro de melhor referência para dar continuidade ao serviço de emergência, minimiza a ocorrência de lesões decorrentes de um atendimento ineficiente no local.6 O transporte adequado do membro amputado também é uma atribuição da equipe de APHAtendimento Pré-Hospitalar e poderá influenciar na possibilidade de reimplante do membro.
No ambiente pré e intra-hospitalar, o primeiro passo para o atendimento ao paciente de trauma é a abordagem sequencial do método mnemônico ABCDE, realizado na avaliação primária (método também utilizado no APHAtendimento Pré-Hospitalar). A partir dessa avaliação e das intervenções necessárias estabelecidas, a vítima segue para a avaliação secundária, incluindo exames de imagem e laboratoriais, cirurgias ou internação, de acordo com seu estado de gravidade, determinando, assim, o seu tratamento definitivo.
A amputação é uma perda física e psíquica para a pessoa amputada, e a compensação dessa perda é um desafio da equipe de saúde.7
A equipe de enfermagem tem papel fundamental tanto no APHAtendimento Pré-Hospitalar quanto no atendimento intra-hospitalar. Na maioria das vezes, essa equipe é responsável pela abordagem inicial à vítima e faz total diferença no tratamento das lesões existentes e na prevenção das complicações tardias às amputações traumáticas no ambiente intra-hospitalar. Além disso, gera informações para o aprimoramento de políticas públicas mais efetivas no tocante às ações de prevenção das doenças/agravos, educação, proteção e recuperação da saúde e reabilitação dos indivíduos.8
- Objetivos
Ao final do artigo, o leitor será capaz de:
- correlacionar a energia envolvida no acidente com os possíveis impactos à vítima;
- revisar os seguintes passos: abordagem inicial, avaliação primária (ABCDE) e avaliação secundária do traumatizado no pré e intra-hospitalar;
- abordar os desafios enfrentados pelo enfermeiro emergencista frente aos riscos aos quais a vítima amputada está exporta;
- considerar as possibilidades de complicações tardias decorrentes da amputação traumática.
- Esquema conceitual