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ANTIPSICÓTICOS

Autor: Mario R. Louzã
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Introdução

No início da década de 1950, Henri Laborit estudava o efeito de indução pré-anestésica da prometazina e de outros medicamentos de estrutura química similar. Buscava uma substância que provocasse uma “hibernação artificial”. Ao testar a clorpromazina, observou seu efeito de “indiferença afetiva” e propôs aos psiquiatras Jean Delay e Pierre Deniker que testassem a clorpromazina em uma enfermaria psiquiátrica com pacientes agudos. Em 1952, são publicadas as primeiras séries de casos em que pacientes psicóticos obtinham redução do quadro psicótico sem que houvesse sedação significativa.

A eficácia antipsicótica da clorpromazina abriu caminho para uma revolução no tratamento dos quadros psicóticos, especialmente da esquizofrenia.1,2 Surgia uma nova classe terapêutica, inicialmente denominada “neurolépticos” ou “tranquilizantes maiores”; hoje, utiliza-se o termo “antipsicóticos” para designar essa classe de psicofármacos.3

Modelos animais foram desenvolvidos para a avaliação de um medicamento com possível ação antidopaminérgica:2

 

  • efeito cataleptogênico – diminuição ou abolição de movimentos espontâneos; corresponde aos efeitos extrapiramidais em humanos;
  • antagonismo dos efeitos motores da apomorfina e da anfetamina – movimentos estereotipados induzidos por esses fármacos são antagonizados pelos antipsicóticos; seria o equivalente ao efeito antipsicótico observado em humanos;
  • diminuição do reflexo condicionado de fuga – animais condicionados a reagir imediatamente a um estímulo-aviso seguido de um estímulo doloroso tornam-se indiferentes ao primeiro estímulo, reagindo somente ao segundo estímulo quando tratados com antipsicóticos; seria correspondente à indiferença afetiva observada em humanos.

Os modelos animais foram utilizados principalmente no desenvolvimento de antipsicóticos de primeira geração. Mais recentemente, o modelo da inibição pré-pulso do reflexo de surpresa (startle reflex) tem sido usado para testar antipsicóticos de segunda geração e, eventualmente, distingui-los dos antipsicóticos de primeira geração. Normalmente, um estímulo inesperado intenso desencadeia um reflexo de surpresa; no entanto, se esse estímulo é precedido de um estímulo-aviso, há uma diminuição do reflexo de surpresa (inibição pré-pulso).

Agonistas dopaminérgicos e serotoninérgicos tornam o estímulo-aviso ineficaz para reduzir o reflexo de surpresa, ao passo que os antipsicóticos revertem esse efeito, recuperando a eficácia do estímulo-aviso para reduzir o reflexo de surpresa.4,5

Objetivos

Ao final do artigo, o leitor poderá:

 

  • conceituar os antipsicóticos e reconhecer sua classificação;
  • identificar a farmacocinética e os mecanismos de ação dos antipsicóticos;
  • indicar os antipsicóticos e seu manejo clínico;
  • reconhecer os efeitos colaterais dos antipsicóticos e seu tratamento.

Esquema conceitual

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