Objetivos
Ao final da leitura deste capítulo, o leitor será capaz de
- revisar os distúrbios respiratórios do sono (DRSs);
- diferenciar apneia obstrutiva do sono (AOS) e apneia central do sono (ACS);
- propor o tratamento da AOS com pressão positiva contínua nas vias aéreas (CPAP);
- realizar o acompanhamento da AOS, incluindo a utilização da plataforma de telemonitoramento;
- atualizar-se sobre o tratamento da ACS na insuficiência cardíaca (IC);
- avaliar o impacto negativo do ventilador-servo frente ao seu desfecho de maior mortalidade.
Esquema conceitual
Introdução
A AOS é a mais prevalente dos DRSs (30% da população) e pode levar a consequências à saúde, incluindo as cardiovasculares e cognitivas, porém ainda é pouco diagnosticada, frente ao desconhecimento da doença e ao pouco acesso ao método diagnóstico padrão-ouro, que é a polissonografia (PSG).1
O fenótipo das AOSs pode variar, assim, a análise das manifestações clínicas da AOS moderada e acentuada na coorte da Islândia mostrou que um terço apresentava sonolência, um terço tinha sono fragmentado e insônia e um terço era assintomático, embora todos os grupos apresentassem sintomas noturnos, como ronco e pausas respiratórias testemunhadas.1
Na AOS moderada e acentuada, o tratamento padrão-ouro são os aparelhos de CPAP, com nível de evidência A2 para a melhora dos sintomas e da qualidade de vida, entretanto, a sua limitação está na baixa adesão terapêutica. O diagnóstico por métodos simplificados (registro respiratório domiciliar ou poligrafia) tem bom rendimento diagnóstico e deve ser indicado nos pacientes sintomáticos.
Preconiza-se o acompanhamento do paciente para sua adaptação, ajustando-se os parâmetros da CPAP e tratando os efeitos adversos. Em pacientes obesos, a redução do peso pode ser efetiva, sendo que a relação da perda ponderal com a melhora do índice de apneia e hipopneia (IAH) é de 2:1.3
A ACS é outro DRS que pode estar associado à IC com fração de ejeção do ventrículo esquerdo (FEVE) reduzida. A ACS, associada ou não à respiração de Cheyne-Stokes (RCS), é um marcador de mortalidade na IC,4,5 que se manifesta como dispneia noturna com sono fragmentado e insônia e também pode estar associada à AOS.
O tratamento com a servoventilação, apesar de reverter a ACS-RCS, aumentou a mortalidade comparada ao grupo não tratado, estando contraindicado nessa condição.6
Na otimização do tratamento da IC, a CPAP e oxigênio são opções terapêuticas, no entanto, o real impacto desse padrão respiratório na IC necessita ser mais bem investigado.7,8
Relatos de casos
A seguir, serão apresentados dois relatos de casos sobre DRSs.
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1 |
Paciente do sexo feminino, 51 anos de idade, branca, natural e procedente de São Paulo, é portadora de hipertensão arterial sistêmica (HAS), asma intermitente, rinite e depressão. Procurou o médico do sono por causa de sonolência excessiva diurna, sensação de sono não reparador e acidente de trânsito devido à sonolência.
Apresentou um episódio importante de sufocação noturna com despertar e queda da cama com hematoma no braço. Familiar relata presença de roncos altos, todas as noites, audível em outro quarto e associado a pausas respiratórias frequentes. Apresentou ganho ponderal de 40kg/10 anos.
Dorme cerca de 7 horas de sono/noite. Deita-se às 23h, tem facilidade em iniciar o sono, acorda duas vezes durante a noite para urinar e tem facilidade em reiniciar o sono. Levanta-se às 6h. Na avaliação inicial, a sua escala de sonolência de Epworth (Quadro 1) somava 18/24 pontos, o que sugere sonolência excessiva diurna. Estava em uso de enalapril, hidroclorotiazida e duloxetina.
Ao exame físico, seu peso era de 110kg e sua altura era de 160cm (IMC de 42kg/m²). Em repouso, apresentava pressão arterial (PA) de 150x100mmHg, frequência cardíaca (FC) de 88bpm, frequência respiratória (FR) de 16ipm e saturação periférica de oxigênio (SpO2) de 92% em ar ambiente.
À rinoscopia anterior, era possível observar mucosa pálida e leve hipertrofia de cornetos. À oroscopia, apresentava língua volumosa, palato ogival, úvula alongada, Mallampati modificado II e tonsilas palatinas grau I. A sua circunferência cervical media 44cm. Ausculta cardíaca e respiratória sem anormalidades. Abdome globoso, sem visceromegalias, com circunferência abdominal de 108cm.
Quadro 1
ESCALA DE SONOLÊNCIA DE EPWORTH VALIDADA NO BRASIL |
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Escala de sonolência de EPWORTH (ESS-BR) |
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Nome:_____________________________________ |
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Data: ___________________ Idade (anos): ___________________ |
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Qual a probabilidade de você cochilar ou dormir, e não apenas se sentir cansado, nas seguintes situações? Considere o modo de vida que você tem levado recentemente. Mesmo que você não tenha feito algumas destas coisas recentemente, tente imaginar como elas o afetariam. Escolha o número mais apropriado para responder a cada questão. |
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0 = nunca cochilaria 1 = pequena probabilidade de cochilar 2 = probabilidade média de cochilar 3 = grande probabilidade de cochilar |
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Situação |
Probabilidade de cochilar |
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Sentado e lendo |
0 |
1 |
2 |
3 |
Assistindo à TV |
0 |
1 |
2 |
3 |
Sentado, quieto, em um lugar público (p.ex., em um teatro, reunião ou palestra) |
0 |
1 |
2 |
3 |
Andando de carro por 1 hora sem parar, como passageiro |
0 |
1 |
2 |
3 |
Sentado quieto após o almoço sem bebida de álcool |
0 |
1 |
2 |
3 |
Em um carro parado no trânsito por alguns minutos |
0 |
1 |
2 |
3 |
// Fonte: Adaptado de Bertolazi e colaboradores (2009).9
Na PSG, apresentava as seguintes proporções dos períodos do sono:
- N1: 11%;
- N2: 69%;
- N3: 0%;
- REM: 19%.
Foram registrados 65 despertares por hora e um IAH de 79,2 eventos por hora do tipo obstrutivo. Havia também dessaturação importante com SpO2 basal de 92%, média de 84% e mínima de 63%.
Foi indicada a titulação da CPAP no laboratório. A pressão-alvo foi de 12cmH2O, com aumento nas proporções dos períodos do sono profundo:
- N1: 3%;
- N2: 47%;
- N3: 27%;
- REM: 22%;
- redução do índice de despertares para 10/hora;
- redução do IAH para 5,2/hora;
- melhora da SpO2 para um valor médio de 92%;
- SpO2 mínimo de 88%.
Foi prescrita a CPAP. O relatório dos primeiros 14 dias demonstrou que o uso por mais de 4 horas ocorreu em 100% dos dias. A média de uso foi de 8 horas. O AIH foi de 7,1/hora. A pressão média foi de 11cmH2O. Foi utilizada a máscara nasal sem vazamentos importantes.
De efeitos adversos, a paciente apresentou leve hiperemia conjuntival e, na evolução, ela mais apresentava sonolência diurna.
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2 |
Paciente do sexo masculino, 53 anos de idade, branco, pedreiro aposentado, natural de Minas Gerais, procedente de São Paulo, é acompanhado no ambulatório de IC da disciplina de cardiologia da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP) e encaminhado para o pneumologista para a avaliação de DRS. Tem diagnóstico de IC desde 2013 e atualmente apresenta dispneia aos mínimos esforços e necessidade de dormir usando três travesseiros para alívio discreto da falta de ar.
Sensação há pelo menos 6 meses de sono fragmentado associada aos vários episódios de sufocação noturna e, por vezes, acorda no meio da noite, só retomando o sono cerca de 1 hora depois. Noctúria (cerca de 6 vezes por noite), que também fragmenta o sono. Tem ronco diário referido pela esposa, que não sabe relatar se há pausas respiratórias. Ele vai para a cama por volta das 22h30 e levanta às 6h.
Refere fadiga diária, que associa ao sono ruim, e sonolência leve, principalmente após almoço e final da tarde (escala de sonolência de Epworth de 13/21, paciente não dirige). Tinha classificação New York Heart Association (NYHA) grau III e faz uso regular de medicações para IC (carvedilol 25mg/dia; captopril 150mg; espironolactona 25mg; furosemida 120mg; digoxina 0,25mg, varfarina 5mg/dia e alopurinol 100mg).
De antecedentes, tem três internações por agravamento da IC, asma brônquica leve e HAS desde os 20 anos. Nunca fumou, mas foi alcoólatra por 20 anos. No exame físico, o paciente estava em regular estado geral (REG), afebril, acianótico, anictérico e hidratado, além de:
- peso: 66kg;
- altura: 1,70m;
- FR: 18ipm;
- PA: 100x70mmHg;
- P: 64 (arrítmico) com estase jugular a 450ºC;
- BA hipofonéticas com sopro sistólico em FM e FT ++/++++;
- abdome plano, sem ascite, com fígado a 2,0cm do RCD, liso e indolor;
- discreto edema pré-maleolar +/++++.
Foram solicitados os exames listados no Quadro 2.
Quadro 2
EXAMES DO PACIENTE |
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Ecocardiograma |
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ECG de repouso |
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PSG |
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Conclusão |
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Foi titulado o ventilador-servo no laboratório do sono, com as seguintes pressões:
- EPAP mín.: 7cmH2O;
- EPAP máx.: 15cmH2O;
- pressão de suporte máx.: 13cmH2O;
- IPAP máx.: 20cmH2O.
Com o uso do ventilador-servo, houve a reversão dos eventos respiratórios (Figura 1).
FIGURA 1: Mecanismo de ação do ventilador-servo. // Fonte: Adaptada de Antonescu-Turcu e Parthasarathy (2010).10
No entanto, optou-se por não prescrever o ventilador-servo para uso domiciliar frente à publicação internacional da época, que afirmava que o ventilador-servo aumentava a mortalidade.6 Optou-se por titular a CPAP no laboratório do sono. Com pressão de 7,0cmH2O, ocorreu normalização do IAH e da saturação da oxi-hemoglobina.
Terapêutica
A seguir, será apresentada a terapêutica dos casos clínicos.
Objetivos do tratamento
No caso clínico 1, os objetivos do tratamento são diminuir os eventos respiratórios anormais e melhorar a SpO2 durante o sono, a fragmentação do sono, os sintomas (sonolência excessiva diurna, fadiga, HAS) e a qualidade de vida.
No caso clínico 2, os objetivos do tratamento são melhorar a qualidade do sono, reverter a ACS-RCS e as apneias/hipopneias obstrutivas e melhorar os sintomas diurnos (fadiga e sonolência).
Condutas
No caso clínico 1, foi mantida a terapia com CPAP, com acompanhamento objetivo por monitoração dos parâmetros da CPAP, realizada por meio da leitura de cartão de memória da CPAP com o auxílio da fisioterapeuta respiratória. A paciente esteve em acompanhamento com uma equipe multidisciplinar para perda de peso.
Na avaliação de 3 meses, apresentava ótima adesão terapêutica à CPAP, IAH normal e vazamento baixo (Figura 2), porém queixava-se de dermatite de contato pela máscara.
FIGURA 2: Relatório dos parâmetros da CPAP dos últimos 30 dias após 3 meses do uso (caso clínico 1). // Fonte: Arquivo de imagens das autoras.
Foram iniciadas a terapia medicamentosa com bupropiona e topiramato e a reeducação alimentar para redução do peso.
No caso clínico 2, houve manutenção da terapêutica farmacológica da IC. Foi prescrito a CPAP para uso domiciliar durante o sono noturno com pressão fixa de 7cmH2O e máscara nasal. Os parâmetros da CPAP (pressão, IAH, vazamento, adesão) foram monitorados regularmente.
No início do tratamento (primeiro mês), houve dificuldade de adaptação à CPAP e manejo dos efeitos adversos. A orientação e a educação do paciente nesse tratamento colaboraram para a manutenção da CPAP. A paciente apresentou ressecamento nasal e da garganta no início do tratamento, que foi resolvido com lavagem nasal com soro fisiológico (SF) todas as noites e aumento do nível de umidificação do aparelho.
Acertos e erros nos casos
Foram acertos realizados no caso clínico 1:
- agilização entre o diagnóstico e o tratamento com a CPAP, já que a paciente se encontrava muito sonolenta;
- titulação adequada da CPAP e monitoramento do tratamento com CPAP utilizando a leitura do cartão de memória com obtenção dos dados de adesão, IAH e vazamento, que foram fundamentais para os desfechos obtidos;
- incentivo para as mudanças do estilo de vida e acompanhamento com endocrinologista, obtendo-se a perda ponderal adequada e a melhora da AOS.
Foram erros cometidos no caso clínico 1:
- manejo da vermelhidão dos olhos, que não foi abordada e pode ter ocorrido por períodos de vazamento excessivo de ar pela máscara em direção aos olhos;
- início do ajuste adequado da máscara e oclusão ocular quando do uso da CPAP até a melhora do quadro, que em geral dura poucas noites;
- efeitos adversos relacionados ao uso da CPAP — olhos vermelhos, obstrução nasal, ressecamento das VAS, dificuldade de exalar, incômodo pela pressão e dermatite de contato —, que devem ser tratados para garantir a adesão terapêutica à CPAP.
Foram acertos realizados no caso clínico 2:
- avaliação clínica do paciente, verificando se o tratamento farmacológico da IC estava otimizado e seguindo as recomendações da diretriz brasileira de IC,11 pois a descompensação do quadro cardíaco pode levar à AOS e ACS-RCS;
- indicação da CPAP após sua titulação no laboratório, pois melhora os DRS e aumenta FEVE, sintomas e qualidade de vida.
Em relação aos erros cometidos no caso clínico 2, cita-se que, em pacientes com IC e FE reduzida (menor que 45%), o ventilador-servo não está mais indicado desde a publicação de Cowie e colaboradores, que evidenciaram, em estudo randomizado com servo-CPAP versus sem CPAP, um aumento da mortalidade no grupo servo, apesar da reversão do padrão respiratório referido e aumento da FEVE. Assim, não se justificam a sua titulação e nem a sua prescrição para uso domiciliar.6
Evolução dos pacientes
Na avaliação após 1 ano, a paciente do caso clínico 1 negava sonolência, apresentou perda de peso de 35kg no príoedo e a PA encontrava-se dentro da normalidade. Foi optado por repetir a PSG basal. Esse novo exame apresentava as seguintes proporções dos períodos do sono:
- N1: 7%;
- N2: 64%;
- N3: 5%;
- REM: 23%.
Foram registrados 3,7 despertares/hora e IAH de 4,1/hora. A SpO2 foi de 96%, média de 95% e mínima de 87%, ou seja, houve a normalização da PSG. Foi pausado o uso da CPAP e orientado o acompanhamento anual.
O paciente do caso clínico 2 seguiu em acompanhamento nos ambulatórios de cardiologia e pneumologia, sendo que, no seguimento de 3 anos, ocorreram duas internações por descompensação da IC. Quanto ao tratamento dos DRSs, o paciente permaneceu em uso da CPAP com pressão fixa de 7cmH2O, máscara nasal e umidificação do sistema.
Foi observada a melhora da qualidade do sono e da sufocação noturna após o período de adaptação à CPAP, que durou 1 mês, tendo adesão, que variou de 50 a 70% no período de 3 anos. O tratamento farmacológico da IC não sofreu mudanças nesse período.
No tratamento dos DRSs, deve ser considerado se há predomínio da AOS ou da ACS ou de ambas (Figuras 3 e 4).
SED: sonolência excessiva diurna; PSG: polissonografia; AIH: índice de apneia e hipopneia; AIO: aparelho intraoral; PAP: aparelho de pressão positiva.
FIGURA 3: Tratamento da AOS de acordo com a gravidade. // Fonte: Elaborada pelas autoras.
O tratamento com aparelhos de PAP inclui várias modalidades, como o automático ou de pressão variável (auto-CPAP), o de pressão contínua (CPAP) e o com alívio expiratório (EPR), sendo que não há diferenças na adesão entre esses equipamentos.
FIGURA 4: Algoritmo do uso dos aparelhos de pressão positiva no tratamento dos DRSs de pacientes com IC sistólica. // Fonte: Adaptada de Randerath e colaboradores (2017).8
São fatores de risco citados para AOS: obesidade central, aumento da circunferência do pescoço, sexo masculino, alterações esqueléticas faciais, hipertrofia adenoamigdaliana e menopausa (devido à queda da progesterona reduzir a atividade dos músculos dilatadores da faringe). A hipoxemia intermitente decorrente da AOS aumenta a atividade simpática e libera fatores de estresse oxidativo, que estão implicados no aumento de risco para doença cardiovascular.
Recursos terapêuticos
A seguir, serão apresentados os recursos terapêuticos para os dois casos clínicos.
Orientações terapêuticas
A prescrição para o caso clínico 1 é a seguinte:
- CPAP nasal com pressão de 12cmH2O — uso durante o sono noturno;
- uso de umidificador aquecido na CPAP;
- máscara nasal — tamanho médio;
- pingar SF 0,9%, 3 a 5 gotas em cada narina antes da colocação da CPAP;
- leitura do cartão de leitura a cada 30 dias com monitoramento da pressão, vazamento, IAH e adesão terapêutica.
No caso clínico 2, houve prescrição da CPAP com:
- pressão 7H2O (fixa);
- umidificador aquecido;
- máscara nasal, avaliando o modelo que o paciente prefere;
- visitas semanais no primeiro mês com leitura do cartão de memória do equipamento em 7 dias ou telemonitoramento se o paciente aprovar o envio dos dados para o médico do paciente;
- lavagem do nariz com SF 0,9% à noite — uso contínuo.
ATIVIDADES
1. Leia as afirmativas sobre a AOS.
I. A obesidade central, o aumento da circunferência do pescoço e o sexo masculino são fatores de risco.
II. A hipoxemia intermitente decorrente da AOS aumenta a atividade simpática e libera os fatores de estresse oxidativo.
III. As alterações esqueléticas faciais e a hipertrofia adenoamigdaliana também são fatores de risco para a AOS.
IV. A menopausa não é um fator de risco para AOS.
Quais estão corretas?
A) Apenas a I, a II e a III.
B) Apenas a I, a II e a IV.
C) Apenas a I, a III e a IV.
D) Apenas a II, a III e a IV.
Confira aqui a resposta
Resposta incorreta. A alternativa correta é a "A".
São fatores de risco citados para AOS: obesidade central, aumento da circunferência do pescoço, sexo masculino, alterações esqueléticas faciais, hipertrofia adenoamigdaliana e menopausa (devido à queda da progesterona reduzir a atividade dos músculos dilatadores da faringe). A hipoxemia intermitente decorrente da AOS aumenta a atividade simpática e libera fatores de estresse oxidativo, que estão implicados no aumento de risco para doença cardiovascular.
Resposta correta.
São fatores de risco citados para AOS: obesidade central, aumento da circunferência do pescoço, sexo masculino, alterações esqueléticas faciais, hipertrofia adenoamigdaliana e menopausa (devido à queda da progesterona reduzir a atividade dos músculos dilatadores da faringe). A hipoxemia intermitente decorrente da AOS aumenta a atividade simpática e libera fatores de estresse oxidativo, que estão implicados no aumento de risco para doença cardiovascular.
A alternativa correta é a "A".
São fatores de risco citados para AOS: obesidade central, aumento da circunferência do pescoço, sexo masculino, alterações esqueléticas faciais, hipertrofia adenoamigdaliana e menopausa (devido à queda da progesterona reduzir a atividade dos músculos dilatadores da faringe). A hipoxemia intermitente decorrente da AOS aumenta a atividade simpática e libera fatores de estresse oxidativo, que estão implicados no aumento de risco para doença cardiovascular.
2. Leia as afirmativas sobre a titulação da CPAP para uso domiciliar.
I. Deve ser titulado durante a PSG realizada no laboratório do sono.
II. Deve ser titulado no domicílio do paciente utilizando-se a CPAP automático com pressões empíricas por 1 semana, associado ao telemonitoramento, para, a partir desse período, estabelecer a pressão terapêutica para uso domiciliar.
III. A titulação feita por meio da PSG ou a titulação no domicílio, seguindo as recomendações da American Academy of Sleep Medicine, são igualmente aceitas.
IV. A titulação do PAP deixou de ser necessária, pois a CPAP automático contempla a pressão necessária para abolir as apneias e hipopneias obstrutivas do sono.
Quais estão corretas?
A) Apenas a I, a II e a III.
B) Apenas a I, a II e a IV.
C) Apenas a I, a III e a IV.
D) Apenas a II, a III e a IV.
Confira aqui a resposta
Resposta incorreta. A alternativa correta é a "A".
A CPAP automática pode ser utilizada como modo terapêutico ou mesmo como instrumento para titulação domiciliar da CPAP, a fim de se obter a pressão terapêutica ideal. Segue o procedimento: instala-se a CPAP no paciente com pressões preestabelecidas e empíricas (por exemplo, 8–14cmH2O) por um período de 5 a 7 dias, acompanhando nas plataformas de telemonitoramento ou fazendo a leitura do cartão de memória do aparelho. Ao final desse período, analisam-se os dados, como comportamento da pressão, vazamento da máscara e adesão, sendo possível estimar o percentil 90% da pressão do aparelho, que é considerada a pressão terapêutica a ser prescrita na CPAP. Por exemplo, se o percentil 90% foi 10cmH2O, essa será a pressão prescrita. Caso o paciente opte por fazer uso de aparelho de PAP automático como modalidade terapêutica, a pressão estabelecida durante a titulação precisa estar dentro do intervalo das pressões do aparelho automático. Por exemplo, a pressão titulada de 10cmH2O e o PAP automático com pressão mínima de 8cmH2O e máxima de 11cmH2O estão adequados, pois esse intervalo contempla a pressão de 10cmH2O. Os ajustes futuros podem ser necessários, que serão estabelecidos no seguimento a longo prazo (meses ou anos). O método clássico para a titulação da CPAP é aquele realizado por meio da PSG e no laboratório do sono. Os estudos demonstraram concordância nos valores da pressão entre a titulação da CPAP realizada com a PSG ou a realizada com o PAP automático no domicílio. Quanto aos desfechos de melhora dos sintomas e do nível de adesão, também não houve diferença entre essas duas modalidades, no entanto, a preferência foi para a titulação realizada no domicílio. Pelo exposto, a afirmativa incorreta é D, porque não se pode prescrever o PAP sem se certificar da pressão terapêutica.
Resposta correta.
A CPAP automática pode ser utilizada como modo terapêutico ou mesmo como instrumento para titulação domiciliar da CPAP, a fim de se obter a pressão terapêutica ideal. Segue o procedimento: instala-se a CPAP no paciente com pressões preestabelecidas e empíricas (por exemplo, 8–14cmH2O) por um período de 5 a 7 dias, acompanhando nas plataformas de telemonitoramento ou fazendo a leitura do cartão de memória do aparelho. Ao final desse período, analisam-se os dados, como comportamento da pressão, vazamento da máscara e adesão, sendo possível estimar o percentil 90% da pressão do aparelho, que é considerada a pressão terapêutica a ser prescrita na CPAP. Por exemplo, se o percentil 90% foi 10cmH2O, essa será a pressão prescrita. Caso o paciente opte por fazer uso de aparelho de PAP automático como modalidade terapêutica, a pressão estabelecida durante a titulação precisa estar dentro do intervalo das pressões do aparelho automático. Por exemplo, a pressão titulada de 10cmH2O e o PAP automático com pressão mínima de 8cmH2O e máxima de 11cmH2O estão adequados, pois esse intervalo contempla a pressão de 10cmH2O. Os ajustes futuros podem ser necessários, que serão estabelecidos no seguimento a longo prazo (meses ou anos). O método clássico para a titulação da CPAP é aquele realizado por meio da PSG e no laboratório do sono. Os estudos demonstraram concordância nos valores da pressão entre a titulação da CPAP realizada com a PSG ou a realizada com o PAP automático no domicílio. Quanto aos desfechos de melhora dos sintomas e do nível de adesão, também não houve diferença entre essas duas modalidades, no entanto, a preferência foi para a titulação realizada no domicílio. Pelo exposto, a afirmativa incorreta é D, porque não se pode prescrever o PAP sem se certificar da pressão terapêutica.
A alternativa correta é a "A".
A CPAP automática pode ser utilizada como modo terapêutico ou mesmo como instrumento para titulação domiciliar da CPAP, a fim de se obter a pressão terapêutica ideal. Segue o procedimento: instala-se a CPAP no paciente com pressões preestabelecidas e empíricas (por exemplo, 8–14cmH2O) por um período de 5 a 7 dias, acompanhando nas plataformas de telemonitoramento ou fazendo a leitura do cartão de memória do aparelho. Ao final desse período, analisam-se os dados, como comportamento da pressão, vazamento da máscara e adesão, sendo possível estimar o percentil 90% da pressão do aparelho, que é considerada a pressão terapêutica a ser prescrita na CPAP. Por exemplo, se o percentil 90% foi 10cmH2O, essa será a pressão prescrita. Caso o paciente opte por fazer uso de aparelho de PAP automático como modalidade terapêutica, a pressão estabelecida durante a titulação precisa estar dentro do intervalo das pressões do aparelho automático. Por exemplo, a pressão titulada de 10cmH2O e o PAP automático com pressão mínima de 8cmH2O e máxima de 11cmH2O estão adequados, pois esse intervalo contempla a pressão de 10cmH2O. Os ajustes futuros podem ser necessários, que serão estabelecidos no seguimento a longo prazo (meses ou anos). O método clássico para a titulação da CPAP é aquele realizado por meio da PSG e no laboratório do sono. Os estudos demonstraram concordância nos valores da pressão entre a titulação da CPAP realizada com a PSG ou a realizada com o PAP automático no domicílio. Quanto aos desfechos de melhora dos sintomas e do nível de adesão, também não houve diferença entre essas duas modalidades, no entanto, a preferência foi para a titulação realizada no domicílio. Pelo exposto, a afirmativa incorreta é D, porque não se pode prescrever o PAP sem se certificar da pressão terapêutica.
3. O tratamento com aparelhos de PAP inclui várias modalidades, como o automático ou de pressão variável (auto-CPAP), o de pressão contínua (CPAP) e o com alívio expiratório (EPR). Sobre essas modalidades de PAP, assinale a afirmativa correta.
A) Não há diferenças na adesão entre esses equipamentos.
B) A modalidade automática (auto-CPAP), por ser mais confortável, garante maior adesão terapêutica que as demais modalidades.
C) A modalidade CPAP garante maior adesão terapêutica, pois acorda menos o paciente por não variar a pressão.
D) A modalidade Flex supera as demais modalidades em adesão e conforto, já que a grande dificuldade é exalar com a pressão positiva.
Confira aqui a resposta
Resposta incorreta. A alternativa correta é a "A".
Considerando que a adesão à CPAP a longo prazo é um fator limitante (varia de 50 a 70%), os fabricantes entenderam que, na modalidade automática, por ser a pressão reduzida nos períodos sem apneias e hipopneias e retornar à pressão terapêutica quando dos referidos eventos respiratórios, tal tecnologia poderia contribuir para o aumento da adesão terapêutica. Em outra modalidade de PAP, de alívio expiratório, a redução da pressão se dá na expiração, o que poderia facilitar a expiração e melhorar a adesão. No entanto, os estudos randomizados e de metanálise, comparando essas modalidades de PAP com o modo contínuo (CPAP), não mostrou diferenças nos parâmetros da PSG, nos sintomas e nem na adesão terapêutica. Assim, a escolha terapêutica entre essas modalidades de PAP pode ser definida pelo paciente, considerando a sua preferência frente à sua melhor adaptação e conforto. Vale lembrar que a CPAP tem custo menor, no entanto, atualmente muitos fabricantes optam por usar essas novas tecnologias em um mesmo aparelho de PAP, possibilitando ser usado nos modos CPAP, auto-PAP e com alívio expiratório.
Resposta correta.
Considerando que a adesão à CPAP a longo prazo é um fator limitante (varia de 50 a 70%), os fabricantes entenderam que, na modalidade automática, por ser a pressão reduzida nos períodos sem apneias e hipopneias e retornar à pressão terapêutica quando dos referidos eventos respiratórios, tal tecnologia poderia contribuir para o aumento da adesão terapêutica. Em outra modalidade de PAP, de alívio expiratório, a redução da pressão se dá na expiração, o que poderia facilitar a expiração e melhorar a adesão. No entanto, os estudos randomizados e de metanálise, comparando essas modalidades de PAP com o modo contínuo (CPAP), não mostrou diferenças nos parâmetros da PSG, nos sintomas e nem na adesão terapêutica. Assim, a escolha terapêutica entre essas modalidades de PAP pode ser definida pelo paciente, considerando a sua preferência frente à sua melhor adaptação e conforto. Vale lembrar que a CPAP tem custo menor, no entanto, atualmente muitos fabricantes optam por usar essas novas tecnologias em um mesmo aparelho de PAP, possibilitando ser usado nos modos CPAP, auto-PAP e com alívio expiratório.
A alternativa correta é a "A".
Considerando que a adesão à CPAP a longo prazo é um fator limitante (varia de 50 a 70%), os fabricantes entenderam que, na modalidade automática, por ser a pressão reduzida nos períodos sem apneias e hipopneias e retornar à pressão terapêutica quando dos referidos eventos respiratórios, tal tecnologia poderia contribuir para o aumento da adesão terapêutica. Em outra modalidade de PAP, de alívio expiratório, a redução da pressão se dá na expiração, o que poderia facilitar a expiração e melhorar a adesão. No entanto, os estudos randomizados e de metanálise, comparando essas modalidades de PAP com o modo contínuo (CPAP), não mostrou diferenças nos parâmetros da PSG, nos sintomas e nem na adesão terapêutica. Assim, a escolha terapêutica entre essas modalidades de PAP pode ser definida pelo paciente, considerando a sua preferência frente à sua melhor adaptação e conforto. Vale lembrar que a CPAP tem custo menor, no entanto, atualmente muitos fabricantes optam por usar essas novas tecnologias em um mesmo aparelho de PAP, possibilitando ser usado nos modos CPAP, auto-PAP e com alívio expiratório.
4. Sobre os tratamentos para a AOS, assinale a afirmativa correta.
A) A perda ponderal deve sempre ser estimulada, mas não é capaz de reverter a AOS grave.
B) O álcool e os benzodiazepínicos agravam a AOS e devem ser retirados.
C) A AOS leve pode ser tratada com medidas comportamentais, aparelhos orais ou terapia miofuncional para a musculatura faríngea.
D) As cirurgias, como as nasais e faríngeas, devem ser indicadas em casos selecionados, sendo que a melhora da obstrução nasal é o primeiro procedimento para garantir a adesão da CPAP ou de aparelho oral.
Confira aqui a resposta
Resposta incorreta. A alternativa correta é a "A".
Deve-se sempre estimular a higiene de sono, incluindo retirada de álcool e benzodiazepínicos, evitar decúbito dorsal e promover o emagrecimento naqueles com sobrepeso e nos obesos. A perda ponderal na AOS é capaz de reverter a doença, por ser esse o principal fator de risco para a AOS nos obesos. Há de se considerar o montante da perda ponderal para reverter a gravidade da AOS. Em grandes obesos submetidos à cirurgia bariátrica, a perda ponderal é efetiva em reduzir a gravidade e até curar a AOS. A cirurgia nasal ou o tratamento clínico da obstrução nasal são fundamentais para possibilitar o uso da CPAP com máscara nasal, bem como os aparelhos orais, que reposicionam anteriormente a língua. As cirurgias expansoras da faringe têm resultados controversos, exceto a adenotonsilectomia, nos casos em que há indicação desses tecidos.
Resposta correta.
Deve-se sempre estimular a higiene de sono, incluindo retirada de álcool e benzodiazepínicos, evitar decúbito dorsal e promover o emagrecimento naqueles com sobrepeso e nos obesos. A perda ponderal na AOS é capaz de reverter a doença, por ser esse o principal fator de risco para a AOS nos obesos. Há de se considerar o montante da perda ponderal para reverter a gravidade da AOS. Em grandes obesos submetidos à cirurgia bariátrica, a perda ponderal é efetiva em reduzir a gravidade e até curar a AOS. A cirurgia nasal ou o tratamento clínico da obstrução nasal são fundamentais para possibilitar o uso da CPAP com máscara nasal, bem como os aparelhos orais, que reposicionam anteriormente a língua. As cirurgias expansoras da faringe têm resultados controversos, exceto a adenotonsilectomia, nos casos em que há indicação desses tecidos.
A alternativa correta é a "A".
Deve-se sempre estimular a higiene de sono, incluindo retirada de álcool e benzodiazepínicos, evitar decúbito dorsal e promover o emagrecimento naqueles com sobrepeso e nos obesos. A perda ponderal na AOS é capaz de reverter a doença, por ser esse o principal fator de risco para a AOS nos obesos. Há de se considerar o montante da perda ponderal para reverter a gravidade da AOS. Em grandes obesos submetidos à cirurgia bariátrica, a perda ponderal é efetiva em reduzir a gravidade e até curar a AOS. A cirurgia nasal ou o tratamento clínico da obstrução nasal são fundamentais para possibilitar o uso da CPAP com máscara nasal, bem como os aparelhos orais, que reposicionam anteriormente a língua. As cirurgias expansoras da faringe têm resultados controversos, exceto a adenotonsilectomia, nos casos em que há indicação desses tecidos.
5. Analise as afirmativas sobre a figura a seguir correspondente a um traçado de PSG de 5 minutos de um homem de 70 anos de idade com IC esquerda.
I. Esse traçado corresponde à RCS e está associado à maior mortalidade comparada ao mesmo grau funcional de IC sem esse padrão respiratório.
II. A fibrilação atrial, o sexo masculino, a idade maior que 65 anos e a FEVE menor que 30% são fatores para esse padrão respiratório.
III. A hiperventilação decorrente do edema pulmonar, o aumento do tempo de circulação coração–cérebro (quimiorreceptor respiratório central) e a maior sensibilidade do centro respiratório ao gás carbônico são fatores implicados na fisiopatogenia.
IV. A AOS não costuma ocorrer em pacientes com IC.
Quais estão corretas?
A) Apenas a I, a II e a III.
B) Apenas a I, a II e a IV.
C) Apenas a I, a III e a IV.
D) Apenas a II, a III e a IV.
Confira aqui a resposta
Resposta incorreta. A alternativa correta é a "A".
O traçado corresponde a um período de 5 minutos da RCS registrada na PSG. São observados, nos canais 10, 11 e 12 (fluxo respiratório, esforço respiratório e esforço abdominal), o padrão crescente e decrescente do fluxo e o esforço respiratório seguido das apneias centrais. Observa-se também oscilação da oximetria no canal abaixo. Os fatores de risco para RCS e a sua fisiopatogenia estão descritos nas alternativas II e III. A alternativa IV está incorreta, porque pode haver associação da RCS com AOS nesses pacientes devido à teoria do componente do aumento do edema na VAS durante o sono em função do aumento do retorno venoso.
Resposta correta.
O traçado corresponde a um período de 5 minutos da RCS registrada na PSG. São observados, nos canais 10, 11 e 12 (fluxo respiratório, esforço respiratório e esforço abdominal), o padrão crescente e decrescente do fluxo e o esforço respiratório seguido das apneias centrais. Observa-se também oscilação da oximetria no canal abaixo. Os fatores de risco para RCS e a sua fisiopatogenia estão descritos nas alternativas II e III. A alternativa IV está incorreta, porque pode haver associação da RCS com AOS nesses pacientes devido à teoria do componente do aumento do edema na VAS durante o sono em função do aumento do retorno venoso.
A alternativa correta é a "A".
O traçado corresponde a um período de 5 minutos da RCS registrada na PSG. São observados, nos canais 10, 11 e 12 (fluxo respiratório, esforço respiratório e esforço abdominal), o padrão crescente e decrescente do fluxo e o esforço respiratório seguido das apneias centrais. Observa-se também oscilação da oximetria no canal abaixo. Os fatores de risco para RCS e a sua fisiopatogenia estão descritos nas alternativas II e III. A alternativa IV está incorreta, porque pode haver associação da RCS com AOS nesses pacientes devido à teoria do componente do aumento do edema na VAS durante o sono em função do aumento do retorno venoso.
6. Leia as afirmativas sobre o tratamento da RCS na IC com FE menor que 45%.
I. A otimização do tratamento da IC é fundamental no manejo da IC associada à RCS.
II. O tratamento com ventilador-servo está indicado, pois leva à resolução desse padrão respiratório.
III. O ventilador-servo melhora a FEVE.
IV. A oxigenoterapia tem sido também indicada na IC, mas ainda com resultados incertos.
Quais estão corretas?
A) Apenas a I, a II e a III.
B) Apenas a I, a II e a IV.
C) Apenas a I, a III e a IV.
D) Apenas a II, a III e a IV.
Confira aqui a resposta
Resposta incorreta. A alternativa correta é a "C".
Apesar de o ventilador-servo reverter a RCS e melhorar o débito cardíaco, no estudo de Cowie e colaboradores, publicado na revista New England de 2015, a mortalidade foi maior no grupo tratado. Assim, em pacientes com FE menor que 45%, ele não deve ser prescrito, no entanto, mais estudos são necessários para avaliar o real impacto da RCS na IC.
Resposta correta.
Apesar de o ventilador-servo reverter a RCS e melhorar o débito cardíaco, no estudo de Cowie e colaboradores, publicado na revista New England de 2015, a mortalidade foi maior no grupo tratado. Assim, em pacientes com FE menor que 45%, ele não deve ser prescrito, no entanto, mais estudos são necessários para avaliar o real impacto da RCS na IC.
A alternativa correta é a "C".
Apesar de o ventilador-servo reverter a RCS e melhorar o débito cardíaco, no estudo de Cowie e colaboradores, publicado na revista New England de 2015, a mortalidade foi maior no grupo tratado. Assim, em pacientes com FE menor que 45%, ele não deve ser prescrito, no entanto, mais estudos são necessários para avaliar o real impacto da RCS na IC.
Conclusão
No tratamento dos DRSs, deve ser considerado se há predomínio da AOS ou da ACS ou de ambas. A sua gravidade deve ser estabelecida, variando de leve a acentuada. Na AOS, o principal fator de risco é a obesidade, assim, a perda ponderal e a adequação de hábitos saudáveis de sono devem ser encorajadas, podendo reverter o quadro, a depender da perda ponderal e da gravidade da AOS. No entanto, na AOS leve, os aparelhos orais e a terapia miofuncional podem ser indicados.
Na AOS moderada e acentuada, a CPAP é o padrão-ouro por reverter as alterações polissonográficas e os sintomas. A abordagem dos fatores que reduzem a sua adesão é fundamental para melhorar os desfechos da AOS. A ACS-RCS secundária à IC sistólica parece aumentar a mortalidade, entretanto, o seu tratamento com ventilação-servo foi capaz de melhorar o padrão respiratório e a FEVE, mas surpreendentemente aumentou a mortalidade.
O tratamento com CPAP com baixas pressões foi capaz de melhorar esse padrão respiratório e a FEVE, mas não foi capaz de melhorar a sobrevida. Depreende-se que a ACS necessita ser mais bem estudada para avaliar seu real impacto na IC.
Atividades: Respostas
Comentário: São fatores de risco citados para AOS: obesidade central, aumento da circunferência do pescoço, sexo masculino, alterações esqueléticas faciais, hipertrofia adenoamigdaliana e menopausa (devido à queda da progesterona reduzir a atividade dos músculos dilatadores da faringe). A hipoxemia intermitente decorrente da AOS aumenta a atividade simpática e libera fatores de estresse oxidativo, que estão implicados no aumento de risco para doença cardiovascular.
Comentário: A CPAP automática pode ser utilizada como modo terapêutico ou mesmo como instrumento para titulação domiciliar da CPAP, a fim de se obter a pressão terapêutica ideal. Segue o procedimento: instala-se a CPAP no paciente com pressões preestabelecidas e empíricas (por exemplo, 8–14cmH2O) por um período de 5 a 7 dias, acompanhando nas plataformas de telemonitoramento ou fazendo a leitura do cartão de memória do aparelho. Ao final desse período, analisam-se os dados, como comportamento da pressão, vazamento da máscara e adesão, sendo possível estimar o percentil 90% da pressão do aparelho, que é considerada a pressão terapêutica a ser prescrita na CPAP. Por exemplo, se o percentil 90% foi 10cmH2O, essa será a pressão prescrita. Caso o paciente opte por fazer uso de aparelho de PAP automático como modalidade terapêutica, a pressão estabelecida durante a titulação precisa estar dentro do intervalo das pressões do aparelho automático. Por exemplo, a pressão titulada de 10cmH2O e o PAP automático com pressão mínima de 8cmH2O e máxima de 11cmH2O estão adequados, pois esse intervalo contempla a pressão de 10cmH2O. Os ajustes futuros podem ser necessários, que serão estabelecidos no seguimento a longo prazo (meses ou anos). O método clássico para a titulação da CPAP é aquele realizado por meio da PSG e no laboratório do sono. Os estudos demonstraram concordância nos valores da pressão entre a titulação da CPAP realizada com a PSG ou a realizada com o PAP automático no domicílio. Quanto aos desfechos de melhora dos sintomas e do nível de adesão, também não houve diferença entre essas duas modalidades, no entanto, a preferência foi para a titulação realizada no domicílio. Pelo exposto, a afirmativa incorreta é D, porque não se pode prescrever o PAP sem se certificar da pressão terapêutica.
Comentário: Considerando que a adesão à CPAP a longo prazo é um fator limitante (varia de 50 a 70%), os fabricantes entenderam que, na modalidade automática, por ser a pressão reduzida nos períodos sem apneias e hipopneias e retornar à pressão terapêutica quando dos referidos eventos respiratórios, tal tecnologia poderia contribuir para o aumento da adesão terapêutica. Em outra modalidade de PAP, de alívio expiratório, a redução da pressão se dá na expiração, o que poderia facilitar a expiração e melhorar a adesão. No entanto, os estudos randomizados e de metanálise, comparando essas modalidades de PAP com o modo contínuo (CPAP), não mostrou diferenças nos parâmetros da PSG, nos sintomas e nem na adesão terapêutica. Assim, a escolha terapêutica entre essas modalidades de PAP pode ser definida pelo paciente, considerando a sua preferência frente à sua melhor adaptação e conforto. Vale lembrar que a CPAP tem custo menor, no entanto, atualmente muitos fabricantes optam por usar essas novas tecnologias em um mesmo aparelho de PAP, possibilitando ser usado nos modos CPAP, auto-PAP e com alívio expiratório.
Comentário: Deve-se sempre estimular a higiene de sono, incluindo retirada de álcool e benzodiazepínicos, evitar decúbito dorsal e promover o emagrecimento naqueles com sobrepeso e nos obesos. A perda ponderal na AOS é capaz de reverter a doença, por ser esse o principal fator de risco para a AOS nos obesos. Há de se considerar o montante da perda ponderal para reverter a gravidade da AOS. Em grandes obesos submetidos à cirurgia bariátrica, a perda ponderal é efetiva em reduzir a gravidade e até curar a AOS. A cirurgia nasal ou o tratamento clínico da obstrução nasal são fundamentais para possibilitar o uso da CPAP com máscara nasal, bem como os aparelhos orais, que reposicionam anteriormente a língua. As cirurgias expansoras da faringe têm resultados controversos, exceto a adenotonsilectomia, nos casos em que há indicação desses tecidos.
Comentário: O traçado corresponde a um período de 5 minutos da RCS registrada na PSG. São observados, nos canais 10, 11 e 12 (fluxo respiratório, esforço respiratório e esforço abdominal), o padrão crescente e decrescente do fluxo e o esforço respiratório seguido das apneias centrais. Observa-se também oscilação da oximetria no canal abaixo. Os fatores de risco para RCS e a sua fisiopatogenia estão descritos nas alternativas II e III. A alternativa IV está incorreta, porque pode haver associação da RCS com AOS nesses pacientes devido à teoria do componente do aumento do edema na VAS durante o sono em função do aumento do retorno venoso.
Comentário: Apesar de o ventilador-servo reverter a RCS e melhorar o débito cardíaco, no estudo de Cowie e colaboradores, publicado na revista New England de 2015, a mortalidade foi maior no grupo tratado. Assim, em pacientes com FE menor que 45%, ele não deve ser prescrito, no entanto, mais estudos são necessários para avaliar o real impacto da RCS na IC.
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Titulação das autoras
NAYANA AMÁLIA DE OLIVEIRA SOUZA // Doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Pneumologia da Escola Paulista de Medicina da Universidade Federal de São Paulo (EPM/UNIFESP). Pneumologista com Área de Atuação em Medicina do Sono.
SÔNIA MARIA GUIMARÃES PEREIRA TOGEIRO // Mestra e Doutora pela Disciplina de Pneumologia da Escola Paulista de Medicina da Universidade Federal de São Paulo (EPM/UNIFESP). Pneumologista com Área de Atuação em Medicina do Sono. Médica da Disciplina de Clínica Médica e Medicina Laboratorial da EPM/UNIFESP. Professora Orientadora dos Programas de Pós-Graduação em Psicobiologia (Medicina do Sono) e Pneumologia pela UNIFESP.
Como citar a versão impressa deste documento
Souza NAO, Togeiro SMGP. Apneia do sono. In: Sociedade Brasileira de Clínica Médica; Lopes AC, José FF, Vendrame LS, organizadores. PROTERAPÊUTICA Programa de Atualização em Terapêutica: Ciclo 11. Porto Alegre: Artmed Panamericana; 2023. p. 129–47. (Sistema de Educação Continuada a Distância, v. 3). https://doi.org/10.5935/978-65-5848-985-6.C0001