- Introdução
As infecções sexualmente transmissíveis (ISTinfecção sexualmente transmissívels) são um importante problema de saúde pública mundial e são consideradas uma causa global de doença aguda e de morbidade. Apesar de serem passíveis de prevenção e tratamento, dados mostram que a incidência de casos aumenta em todo o mundo e provoca impacto na qualidade de vida das pessoas, assim como nas relações pessoais, familiares e sociais.1
As ISTinfecção sexualmente transmissívels apresentam uma variedade de síndromes clínicas causadas por agentes patogênicos, os quais podem ser adquiridos e transmitidos por via sexual, e estão entre as infecções mais comuns em todo o mundo.2
Atualmente, são conhecidas mais de 30 espécies patogênicas entre bactérias, vírus e parasitas que podem ser transmitidas por via sexual. No entanto, se as ISTinfecção sexualmente transmissívels não forem tratadas corretamente, podem originar complicações graves e sequelas a longo prazo, como doença inflamatória pélvica (DIPdoença inflamatória pélvica), gravidez ectópica, dor pélvica crônica, doenças cardiovasculares e neurológicas nos adultos, morte neonatal, parto pré-termo, cegueira ou outras incapacidades graves.3,4
As ISTinfecção sexualmente transmissívels podem levar a sérias consequências, além do impacto imediato da própria infecção, tais como:
- a herpes e a sífilis podem aumentar o risco de aquisição do vírus da imunodeficiência humana (HIVvírus da imunodeficiência humana) em três vezes ou mais;
- a transmissão materno-infantil pode resultar em morte fetal e neonatal, baixo peso ao nascer, prematuridade, sepse, pneumonia, conjuntivite neonatal e deformidades congênitas;
- só a infecção pelo papiloma vírus humano (HPV, do inglês, human papilloma virus) causa 528 mil casos de câncer do colo do útero, levando a cerca de 266 mil mortes a cada ano;
- a gonorreia e a clamídia são as principais causas de DIPdoença inflamatória pélvica e de infertilidade em mulheres.
Assim, dados da Organização Mundial da Saúde (OMSOrganização Mundial da Saúde)5 referem que mais de 1 milhão de pessoas por dia contraem, pelo menos, um tipo de ISTinfecção sexualmente transmissível e cerca de 357 milhões de indivíduos por ano adquirem novas infecções, como clamídia, gonorreia, sífilis ou tricomoníase.
Os adultos jovens, sexualmente ativos, com idades entre 15 e 24 anos, são considerados o grupo de risco que apresenta as maiores taxas de clamídia e gonorreia, além de um aumento considerado no número de casos de sífilis. Já nas populações vulneráveis, que apresentam comportamentos de risco, tais como homens que fazem sexo com homens (HSHhomens que fazem sexo com homens), mulheres profissionais do sexo, transexuais e usuários de drogas (populações-chave), o crescimento de casos é ainda mais rápido.
Entretanto, em decorrência do aumento da longevidade e das facilidades da modernidade, que incluem a reposição hormonal e as medicações para impotência, os idosos vêm redescobrindo a experiência sexual. Contudo, na maioria das vezes, a prática sexual ocorre de forma insegura, por causa da baixa percepção de vulnerabilidade às ISTinfecção sexualmente transmissívels.6
- Objetivos
Ao final da leitura deste artigo, o leitor será capaz de
- reconhecer os aspectos relevantes sobre as ISTinfecção sexualmente transmissívels no contexto da assistência de enfermagem;
- identificar os aspectos relevantes para a coleta de dados de um indivíduo com ISTinfecção sexualmente transmissível;
- realizar o planejamento da assistência de enfermagem utilizando as taxonomias da NANDA International, Inc. (NANDA-INANDA International, Inc.), da Classificação dos Resultados de Enfermagem (NOCClassificação dos resultados de enfermagem, do inglês, Nursing Outcomes Classification) e da Classificação das Intervenções de Enfermagem (NICClassificação das intervenções de enfermagem, do inglês, Nursing Intervention Classification) no indivíduo com ISTinfecção sexualmente transmissível.
- Esquema conceitual