- Introdução
O atual cenário de saúde brasileiro caracteriza-se por elevadas morbidade e mortalidade decorrentes de causas externas, em especial, a violência e os acidentes de trânsito, e as condições clínicas associadas à maior expectativa de vida da população, com o consequente aumento da prevalência de doenças crônicas. Esse cenário implica a necessidade de reorganização dos serviços de urgência e emergência, a fim de garantir uma assistência segura e de qualidade.1
Nesse contexto, os serviços de urgência e emergência visam não apenas ao atendimento imediato, sendo necessário, também, contemplar ações de promoção, de prevenção e de reabilitação que contribuam para a redução da morbidade e da mortalidade e de sequelas incapacitantes.2
Os serviços de urgência e emergência no país integram o Sistema Único de Saúde (SUS), sendo a porta de entrada para a prestação contínua de assistência, nas 24 horas. Esses serviços são organizados em hospitais gerais, em prontos-socorros e em unidades de pronto-atendimento (UPAs). Os serviços de urgência e emergência atendem grande volume e rotatividade de pacientes, com quadros clínicos instáveis e variados, o que requer da equipe de saúde rapidez na avaliação, no diagnóstico e na implementação de intervenções de forma adequada e segura.2
A atenção às urgências e às emergências tem exigido dos serviços e dos profissionais de saúde práticas diferenciadas, para atender quadros de alta complexidade e gravidade de vítimas de violências e acidentes que requerem ações/intervenções de saúde específicas.
Os enfermeiros, segundo a Lei do Exercício Profissional (Conselho Federal de Enfermagem [Cofen] nº 7.498/1986), devem assumir, no cotidiano do trabalho nas unidades de urgências e emergências, os cuidados aos pacientes mais graves e as intervenções de maior complexidade, além das atividades de gerenciamento do cuidado de enfermagem,3 que requerem conhecimento científico, manejo tecnológico e competências relacionais, comunicativas e políticas.4
Dentre as diversas intervenções de enfermagem ao paciente em situação de urgência e de emergência, destaca-se o estabelecimento do acesso venoso periférico. O acesso venoso é uma das intervenções invasivas de maior frequência realizada pela equipe de enfermagem no âmbito hospitalar. Essa prática representa, aproximadamente, 85% das atividades executadas pela equipe de enfermagem e está presente em 50% das pessoas internadas.5,6
O acesso venoso é crucial para o tratamento de pacientes críticos e se constitui intervenção essencial em situações de urgência e de emergência, permitindo a administração de fluidos, de fármacos, de hemocomponentes e de hemoderivados, monitorização hemodinâmica, e possibilita a obtenção de amostras de sangue para análises laboratoriais, que servem de base para a definição das metas terapêuticas.7,8
O estabelecimento e a manutenção do acesso venoso dependem de decisões quanto ao processo de escolha do cateter, da localização anatômica, da inserção e da fixação. A permanência do cateter pode estar relacionada aos diagnósticos de enfermagem (DEdiagnóstico de enfermagems) que necessitam de intervenções rápidas para a manutenção da vida dos pacientes.
A identificação dos possíveis DEdiagnóstico de enfermagems no atendimento é crucial para garantir a continuidade do cuidado em situações de emergência e, assim, possibilitar um planejamento rápido dos resultados esperados e das intervenções necessárias para o seu alcance, por meio da utilização de linguagens padronizadas.
- Objetivos
Ao final da leitura deste artigo, o leitor será capaz de
- compreender os aspectos relevantes do acesso vascular em situações de urgência e emergência no contexto da assistência de enfermagem;
- aplicar as classificações da NANDA International, Inc. (NANDA-INANDA International, Inc.) para a elaboração dos DEdiagnóstico de enfermagems na utilização do acesso vascular em situação de urgência e emergência;
- identificar, segundo a classificação de resultados de enfermagem (NOCClassificação dos resultados de enfermagem, do inglês, Nursing Outcomes Classification), os resultados de enfermagem esperados para o acesso vascular em uma situação de urgência e emergência;
- reconhecer as principais intervenções de enfermagem, segundo a classificação de intervenções de enfermagem (NICClassificação das intervenções de enfermagem, do inglês, Nursing Interventions Classification), para o acesso vascular, de modo a alcançar os resultados esperados.
- Esquema conceitual