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ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM OBSTÉTRICA EM TEMPOS DE COVID-19: O QUE É PRECISO SABER A RESPEITO?

Rafaela Lira Mendes Costa

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Introdução

Vive-se tempos preocupantes e incertos desde o surgimento da pandemia da doença causada pelo coronavírus 2019 (em inglês, coronavirus disease 2019 [COVID-19]). Os profissionais da saúde — sobretudo, enfermeiras e enfermeiros — estão atuando todos os dias em campos de batalha para salvar vidas e conter a propagação do novo coronavírus em seus ambientes de trabalho. A coragem, dedicação e compaixão que a enfermagem tem demonstrado ao cuidar de seus pacientes vêm sendo reconhecidas e aplaudidas mundialmente.

Em todos os níveis da atenção à saúde, os profissionais de enfermagem e enfermagem obstétrica desempenham um papel relevante e são essenciais para transformar a maneira como as ações de saúde são organizadas e como os cuidados de saúde são prestados.1

Na maioria das vezes, esses profissionais são os primeiros — e, às vezes, os únicos — que prestam atendimento às pessoas, sendo a qualidade de sua avaliação inicial, a sua atenção e o seu cuidado essenciais e insubstituíveis. Também, às vezes, fazem parte da comunidade local, com a qual compartilham sua cultura, seus pontos fortes e suas vulnerabilidades, podendo atuar e realizar intervenções eficazes para responder às necessidades dos pacientes e das famílias.2

A enfermagem contribui para o cuidado da pessoa ao longo da vida e compõe a força de trabalho em saúde, com respaldo legal para prestar cuidados pré-natais, intraparto, pós-natais e pós-abortamento, bem como para oferecer apoio social às mulheres nos cuidados relativos à saúde materna e também durante eventos críticos da vida.3

Nesse sentido, tem-se buscado condições para a implementação de um modelo de atenção à saúde que inclua o enfermeiro obstetra e obstetriz na assistência autônoma ao parto de mulheres com risco habitual e de uma assistência compartilhada com a equipe médica nos casos de mulheres com condições de risco clínico ou obstétrico.4

Dessa forma, enfermeiros obstétricos e parteiras estão no centro da resposta à pandemia, visto que as mulheres ainda estão engravidando, dando à luz e ainda precisando — elas e suas famílias — de apoio e cuidados de obstetrícia4 pautados nas melhores evidências científicas. Além disso, as mulheres podem encontrar mais dificuldades para que suas escolhas sejam escutadas, acolhidas e respeitadas pelos serviços e profissionais da saúde, devido às limitações que a crise sanitária impõe a todo o sistema de saúde.4

Importante também destacar que é preciso atentar para as diversas especificidades de mulheres, sobretudo no Brasil, um País marcado por profundas desigualdades sociais e regionais, que se interseccionam com desigualdades de gênero e raça/cor/etnia. Ou seja, as mulheres pobres, negras, periféricas, indígenas, em situação prisional, em situação de rua, entre outras condições, configuram-se como barreiras para o acesso aos serviços de saúde.4

Essas mulheres, já em isolamento social, correm maior risco de sofrerem o impacto negativo da pandemia da COVID-19, com consequências a curto, médio e longo prazos. Por essa razão, é preciso que todas as mulheres tenham o direito de receber cuidado qualificado em uma rede de atenção à saúde, cujos arranjos devem garantir seu acesso, considerando a integralidade e a humanização do cuidado.4

Apesar do tempo difícil e permeado de incertezas para a comunidade global, é preciso olhar para o futuro. Quando a pandemia terminar, 2020 ainda deverá ser considerado o Ano Internacional do Enfermeiro e da Parteira e, embora não seja um tempo de celebração planejado originalmente, essas profissões devem se orgulhar dos papéis potencialmente salvadores e afirmadores de vida que estão desempenhando em circunstâncias adversas em todo o mundo.5

Mediante o exposto, torna-se fundamental aprofundar o debate sobre a temática que envolve a assistência de enfermagem obstétrica em meio à pandemia do novo coronavírus, visto que esta tem sido considerada cada vez mais desafiadora para os profissionais da área que estão atuando na linha de frente, seja na atenção primária ou na atenção hospitalar. Nesse sentido, o presente capítulo visa introduzir as recomendações mais atuais que procuram dar embasamento técnico-científico à prática da enfermagem obstétrica em tempos de pandemia.

É importante ressaltar que as recomendações nacionais e internacionais disponíveis até o momento, as quais serão apresentadas no decorrer do capítulo, podem sofrer alterações diante da publicação de novas evidências científicas que surgirem com o passar do tempo.

Objetivos

Ao final da leitura deste capítulo, o leitor será capaz de

 

  • promover assistência de enfermagem em todas as fases da gestação em meio à pandemia;
  • elaborar um plano de cuidados durante o pré-natal, parto, puerpério e pós-abortamento;
  • prevenir e controlar infecções/transmissão da COVID-19 na mulher, recém-nascido (RN) e familiares;
  • adotar medidas de biossegurança na assistência de enfermagem obstétrica devido ao coronavírus. ```html

Esquema conceitual

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