Objetivos
Ao final da leitura deste capítulo, o leitor será capaz de
- avaliar o delirium em terapia intensiva, com foco em prevenção, detecção e manejo;
- descrever o impacto do delirium para o paciente durante o período de internação e pós-alta;
- identificar os fatores do ambiente de terapia intensiva que favorecem a ocorrência de delirium;
- revisar os fatores clínicos associados à presença de delirium;
- aplicar o Confusion Assessment Method for the Intensive Care Unit (CAM-ICU);
- realizar a detecção e monitoração do delirium por meio de escalas e características;
- refletir sobre a atuação da enfermagem e as atribuições multiprofissionais no manejo do delirium.
Esquema conceitual
Introdução
O delirium é uma das síndromes mais frequentes em unidade de terapia intensiva (UTI). Estima-se que as chances de desenvolvimento de delirium aumentem quase 10% a cada dia de permanência na unidade; além disso, após 15 dias, o risco pode alcançar até 50%.1 É uma síndrome caracterizada por alterações no nível de consciência, cognição e atenção, apresentando curso flutuante e início agudo, com variação temporal de dias a meses.2
A fisiopatologia do delirium ainda não está claramente definida. As hipóteses apontam para condições de neurotransmissão, fatores de estresse do cérebro e inflamação. Por causa das múltiplas manifestações clínicas, o delirium é classificado em três tipos: hiperativo, hipoativo e misto.3
Em pacientes críticos, o delirium está associado à dependência funcional maior durante o período de hospitalização, ao prolongamento do tempo de internação e a um importante prejuízo cognitivo e incapacidade funcional durante a alta. Além disso, a presença dessa síndrome resulta em aumento significativo (de até três vezes) do risco de mortalidade hospitalar.4
As estratégias multicomponentes não farmacológicas são indicadas para uma abordagem integrada e multiprofissional na terapia intensiva. Por exemplo, a Society of Critical Care Medicine (SCCM) lançou em 2018 o Intensive Care Unit Liberation Bundle (ABCDEF).5
Neste capítulo, serão abordados os fatores anatômicos, fisiopatológicos, as manifestações clínicas e epidemiologias, além da identificação e da monitoração do delirium, com foco nos instrumentos de avaliação. Também será discutido o papel da enfermagem e da equipe multiprofissional quanto às estratégias de prevenção e manejo do delirium na UTI, considerando a multifatoriedade dessa síndrome.