Objetivos
Ao final da leitura deste capítulo, o leitor será capaz de
- explicar a fisiopatologia da bronquiolite viral aguda (BVA) e suas implicações pulmonares;
- conhecer a atuação da fisioterapia na BVA durante a internação hospitalar;
- elencar recursos adequados para o tratamento da BVA, baseando-se em evidências científicas;
- reconhecer o que a literatura recomenda em relação à atuação da fisioterapia na BVA.
Esquema conceitual
Introdução
Dentro dos cuidados de saúde da população, a atenção à criança representa um campo prioritário, tendo em vista sua suscetibilidade ao adoecimento e ao agravamento das enfermidades, em função da fragilidade própria da idade.1
Nos países em desenvolvimento, a infecção respiratória aguda é a principal causa de internação hospitalar de crianças menores de 5 anos. No Brasil, cerca de 40% das internações hospitalares ocorrem em decorrência de doenças respiratórias.1,2 Os fatores que contribuem para altos índices de internação em países subdesenvolvidos são as precárias condições de vida e a falta de acesso a serviços de saúde.3
Uma causa comum de internação na pediatria, principalmente em meses de outono e inverno, é a BVA. A BVA é uma infecção respiratória aguda que acomete crianças menores de 2 anos de idade, causada frequentemente pelo vírus sincicial respiratório (VSR).4,5 Essa doença pode levar à necessidade de oxigenoterapia e de hospitalização em 1 a 3% dos casos; desses, 5 a 15% necessitam de internação em unidade de terapia intensiva pediátrica (UTIP) em razão da insuficiência respiratória.6,7
O tratamento consensual da BVA inclui oxigenoterapia e manutenção da hidratação adequada. Alguns fármacos, como solução salina hipertônica (SSH), broncodilatadores e corticoides, são utilizados na internação hospitalar, embora nenhum deles seja recomendado para uso rotineiro pelas diretrizes que abordam o tratamento da doença.8,9
O mesmo acontece com a fisioterapia, que, apesar de não ser indicada como rotina pelos consensos de tratamento da BVA,8,9 é amplamente aplicada na prática clínica em pacientes com BVA durante a internação hospitalar. A aplicação de procedimentos fisioterapêuticos tem, como base, a fisiopatologia da doença e os benefícios que o tratamento fisioterapêutico pode oferecer em relação à melhora da ventilação, à depuração de secreções brônquicas e à redução do trabalho respiratório. Assim, a recomendação da fisioterapia na BVA é ainda controversa e desafiadora.10
Neste capítulo, serão abordados os principais recursos e técnicas de fisioterapia respiratória que podem auxiliar no tratamento e na prevenção de complicações respiratórias da BVA durante a internação hospitalar, com base em evidências científicas.