Objetivos
Ao final da leitura deste capítulo, o leitor será capaz de
- reconhecer recursos manuais passíveis de aplicação na pediatria;
- identificar as indicações e contraindicações, assim como os critérios de interrupção das intervenções;
- comparar os efeitos das diferentes intervenções;
- apontar as intervenções mais indicadas para cada paciente.
Esquema conceitual
Introdução
O fisioterapeuta praticamente faz de suas mãos seu instrumento de trabalho, e as técnicas manuais são amplamente utilizadas. Para que as intervenções sejam aplicadas de maneira correta e eficaz, faz-se necessária uma boa avaliação do paciente, uma vez que cada aplicação tem seus objetivos, suas indicações e contraindicações.
A terapia manual aborda a relação entre estrutura e função. Engloba diferentes intervenções na fisioterapia, desde mobilização e manipulação articular, massagem do tecido conectivo, mobilização neural ou neurodinâmica, entre outros.1
Os recursos manuais podem ser utilizados desde a avaliação até o tratamento em diferentes condições clínicas neuromusculoesqueléticas e direcionados para as articulações, os músculos, as fáscias e o sistema nervoso periférico. Também podem ser associados a recursos e técnicas de fisioterapia respiratória para a remoção de secreções, a otimização da ventilação e a redução do trabalho ventilatório. A escolha da conduta mais adequada na fisioterapia respiratória pauta-se no conhecimento da fisiologia pulmonar e nas descrições dos efeitos das intervenções.1
A terapia manual afeta propriedades mecânicas dos tecidos, como a elasticidade, a força e o alongamento; trata as alterações neuromusculares decorrentes de doenças e lesões musculoesqueléticas, como a perda de equilíbrio e movimento, e a causa da dor; permite a correção postural; além de causar reações psicológicas que apresentam uma resposta somática traduzida pela sensação de relaxamento e bem-estar.2 Tem como principal objetivo entender a relação entre as alterações do movimento com a má função dos componentes articulares, do sistema nervoso e do sistema circulatório.
No âmbito da pediatria, as intervenções manuais, sejam elas associadas a fisioterapia respiratória ou não, além de permitirem restituir a saúde e a mobilidade dos tecidos e sistemas biomecânicos — ativando padrões motores mais corretos — também integram e educam os pais e cuidadores para oferecer os estímulos necessários para o desenvolvimento da criança.3
As intervenções são empregadas em diferentes contextos, desde o ambiente hospitalar, incluindo a unidade de terapia intensiva (UTI), até o ambiente clínico e domiciliar. Têm sua aplicação em diversas condições, como asma, apneia obstrutiva, choro excessivo, prematuridade, entre outras.3 Entretanto, ainda há uma escassez no que se refere às evidências para os efeitos das intervenções manuais na população pediátrica. O conhecimento e a aplicação clínica desses recursos tornam-se, portanto, essenciais para uma intervenção eficaz e segura.
Neste capítulo serão abordadas algumas intervenções manuais na pediatria, bem como as evidências apresentadas na literatura em relação a elas.