Objetivos
Ao final da leitura deste capítulo, o leitor será capaz de
- discutir sobre os aspectos emocionais que afetam a saúde mental dos profissionais de enfermagem;
- discorrer sobre estratégias de coleta de dados e avaliação da ansiedade entre profissionais de enfermagem, tanto na visão da medicina ocidental como também da Medicina Tradicional Chinesa (MTC);
- discorrer sobre as principais características definidoras e fatores relacionados do diagnóstico de ansiedade presente em profissionais de enfermagem;
- apresentar resultados esperados e indicadores que subsidiam a etapa de planejamento de enfermagem considerando a intervenção auriculoterapia;
- discutir sobre a auriculoterapia como intervenção para resolução do DE ansiedade em profissionais da enfermagem.
Esquema conceitual
Introdução
Os transtornos mentais são reconhecidos como um problema de saúde pública pela Organização Mundial de Saúde (OMS). Dentre eles, destacam-se os transtornos de ansiedade, que atingem cerca de 9,3% da população brasileira e que têm como uma de suas causas fatores relacionados ao enfrentamento de desafios contemporâneos, como carga de trabalho, tempo de descanso, satisfação financeira, qualidade de vida, alimentação e rotina de estresse.1
Os transtornos de ansiedade referem-se a um grupo de transtornos mentais caracterizados por sentimentos de ansiedade e medo, incluindo ansiedade generalizada, síndrome do pânico, fobias, ansiedade social, transtorno obsessivo-compulsivo (TOC) e transtorno de estresse pós-traumático (TEPT). Os sintomas de ansiedade podem variar de leves a graves e, quanto à duração, na maioria dos casos tornam-se um acometimento crônico. Sabe-se, ainda, que os transtornos de ansiedade são mais comuns entre mulheres.1
A ansiedade, como um DE, é definida como um “sentimento vago e incômodo de desconforto ou temor, acompanhado por resposta autonômica e sentimento de apreensão causada pela antecipação de perigo. É um sinal de alerta para perigo iminente e permite a adoção de medidas pelo indivíduo para lidar com a ameaça”.2 A ansiedade envolve os componentes psicológico e fisiológico, de acordo com as experiências do indivíduo. Quando vai além de situações reais ou é desproporcional à situação que a originou e tem tempo de duração prolongada, torna-se um transtorno.2
Em profissionais de enfermagem, a ansiedade pode estar relacionada ao estresse, às desordens no ciclo circadiano, às formas de lidar com o sofrimento, à dor emocional, à morte, às jornadas de trabalho excessivas e às responsabilidades sobre os pacientes.2 Trata-se de um sentimento que impacta na qualidade da assistência ao paciente, na redução da produtividade, no absenteísmo, e no aumento de licenças-saúde e de iatrogenias.3
Nesse sentido, faz-se necessária a criação de programas de apoio ao profissional que estimulem o uso de recursos ou estratégias de enfrentamento, subsidiando assim, melhor qualidade de vida.3,4 Dentre as intervenções não farmacológicas para a resolução ou diminuição da ansiedade, pode-se citar a acupuntura, Prática Integrativa e Complementar em Saúde (PICs) pautada na MTC, que consiste na estimulação de pontos anatômicos específicos do corpo, com o objetivo de produzir efeito terapêutico ou analgésico.2,5
Dentre as diversas formas de se estimular um ponto de acupuntura, tem-se a acupressão. É importante destacar que, na acupuntura, os pontos são estimulados por meio da inserção de agulhas, enquanto na acupressão utiliza-se a pressão firme dos dedos das mãos ou de outras estruturas, para pressionar a região desejada.6 De acordo com a Classificação de Intervenções de Enfermagem (NIC, do inglês, Nursing Intervention Classification), a acupressão pode ser definida como aplicação de pressão firme e contínua em pontos especiais do corpo para reduzir a dor, produzir relaxamento e prevenir ou reduzir a náusea.7
A acupressão pode ser realizada na região auricular, uma vez que o pavilhão auricular é um dos vários microssistemas do corpo e está repleto de pontos de acupuntura que correspondem a todos os órgãos e estruturas do organismo. Essa técnica é também denominada como auriculoterapia.6
Há evidências na literatura de que a adoção de algumas PICs, como a auriculoterapia, proporcionam efeitos positivos em casos de estresse, ansiedade e depressão.8,9 Dessa forma, a auriculoterapia, como modalidade da acupressão, pode ser destacada como ferramenta de apoio e suporte emocional. Trata-se de uma técnica de baixo custo de aplicação e alta aceitabilidade e, portanto, constitui-se uma prática com potencial inserção nos programas de apoio ao profissional.