Objetivos

Ao final da leitura deste capítulo, o leitor será capaz de

• compreender o que é a prece e apresentar conceitos utilizados para defini-la;
• identificar os tipos de prece existentes;
• identificar como a prece tem sido utilizada na área da saúde e os efeitos obtidos com seu uso nas pesquisas científicas;
• reconhecer pessoas que apresentam desesperança e as maneiras de intervir no caso de sua ocorrência na prática clínica de enfermagem.

Esquema conceitual

Introdução

Videoaula sobre o capítulo

A existência de situações inesperadas no decorrer da vida — por exemplo, o processo saúde-doença — faz o ser humano utilizar estratégias particulares de enfrentamento baseadas em seus valores, suas crenças e seu significado de vida. Além disso, as diferentes fases vivenciadas diante da enfermidade, como o momento do diagnóstico e do tratamento, podem suscitar diferentes sentimentos no paciente, bem como nos seus familiares; dentre eles, tem-se a desesperança, que, independentemente da intensidade com que se manifeste, requer assistência da equipe de saúde, em especial da enfermagem, uma vez que esses profissionais apresentam respaldo teórico que lhes permite identificar, planejar e implementar as intervenções que se fizerem necessárias, assim como avaliar os resultados alcançados.

A identificação da desesperança pelo enfermeiro é facilitada por se tratar de um diagnóstico de enfermagem (DE) aprovado pela NANDA International Inc. (NANDA-I) em 1986 e revisado em 2017.¹ A desesperança é definida como “estado subjetivo no qual um indivíduo vê alternativas limitadas ou não vê alternativas ou escolhas pessoais disponíveis e é incapaz de mobilizar energias em benefício próprio”.¹

Dentre as características definidoras da desesperança, encontram-se: “alteração no padrão de sono; contato visual insuficiente; envolvimento inadequado no cuidado; indicadores verbais de desânimo; resposta diminuída a estímulos; e verbalização diminuída”. Além disso, o DE Desesperança (00124) advém de diferentes fatores relacionados e, dentre eles tem-se os que correspondem à espiritualidade em situações nas quais há “perda da crença em um poder espiritual” e “perda da fé em valores transcendentais”.¹

Como uma dimensão inerente ao ser humano, a espiritualidade é o “aspecto da humanidade que se refere à maneira como os indivíduos buscam e expressam significado e propósito na vida”. Além disso, diz respeito “à maneira como as pessoas experimentam sua conexão com o momento, com o eu, com os outros, com a natureza e com o sagrado”.² Ademais, proporciona paz, conforto e segurança quando se vivenciam diferentes momentos do processo saúde-doença, bem como fomenta a esperança para se superarem situações difíceis.^3,4 E pelo fato de frequentemente favorecer atitudes positivas, pode ser percebida como um suporte terapêutico e um elemento importante no cuidado à pessoa.⁵

Destarte, uma vez que a causa do DE Desesperança pode ser perda dos valores que englobam as questões espirituais, faz-se necessário utilizar intervenções do campo espiritual que podem colaborar para o restabelecimento da esperança, do sentido e do propósito na vida. Dentre essas intervenções, destaca-se a prece.⁶

Considerada como uma significativa fonte de apoio, a prece ocupa um espaço central na vida do ser humano e se caracteriza como um pedido ou agradecimento feito a um ser superior que transcende o espaço material. É muito utilizada pelos indivíduos e pode contribuir de forma significativa durante o processo terapêutico de uma pessoa acometida por alguma enfermidade.⁷ Em decorrência disso, recentemente, a comunidade científica tem analisado a contribuição da prece como coadjuvante no processo saúde-doença.