Objetivos
Ao final da leitura deste capítulo, o leitor será capaz de
- reconhecer a doença venosa crônica (DVC) como uma doença isolada ou associada a outras patologias;
- identificar os sinais e os sintomas relacionados à DVC e as consequências da progressão da doença;
- diferenciar sinais e sintomas de outras afecções vasculares e a apresentação clínica de estágios graves da doença;
- avaliar, a partir de diferentes métodos, pacientes com DVC;
- descrever as bases do tratamento para DVC e compreender as evidências científicas disponíveis para o seu embasamento.
Esquema conceitual
Introdução
A doença venosa crônica (DVC), em seus diferentes estágios, é comum na população adulta e manifesta-se desde pequenos vasos insuficientes na pele, como no caso de telangiectasia e veias reticulares, nas quais nem sempre os sintomas estão presentes, até ulcerações de pele (úlcera venosa ou úlcera varicosa), consequentes ao comprometimento severo dos vasos venosos. Já a insuficiência venosa crônica (IVC), em geral, refere-se a estágios mais severos da DVC grave, em que as alterações vasculares estão associadas a alterações cutâneas.
A prevalência de DVC é variável entre estudos. No Edinburgh Vein Study, com follow-up de 13 anos, a prevalência de veias varicosas foi de 18,2%, sendo similar entre homens (15,2%) e mulheres (17,4%), com aumento de prevalência associada ao aumento de idade (atingindo 25,7% entre 55–64 anos).1 Em estudos recentes, com avaliação por médicos generalistas da Bélgica e Luxemburgo, considerando graus menos severos de DVC e população com média de idade de 54,3 anos, a prevalência foi de 45,9%.2 A prevalência de IVC na população desses estudos foi de 9,2%1 e 25,7%,2 respectivamente.
A alta prevalência de DVC faz com que uma considerável parte dos pacientes atendidos pelos fisioterapeutas seja acometida por este problema, mesmo que não seja, necessariamente, encaminhada para o tratamento primário do problema. Dessa forma, o conhecimento sobre os princípios fisiopatológicos e as bases da terapêutica são de suma importância para o fisioterapeuta, tanto para habilitá-lo a tratar especificamente essa situação clínica quanto para que seja capaz de identificar esse problema como uma patologia associada ou diagnóstico diferencial.
Portanto, a proposta deste capítulo é abordar os princípios fisiopatológicos, diagnósticos e as bases terapêuticas das DVCs de membros inferiores de forma prática e sintética, focando na evidência clínica atual e nas diretrizes de sociedades nacionais e internacionais.