Objetivos
Ao final da leitura deste capítulo, o leitor será capaz de
- identificar a sepse e o choque séptico de acordo com os conceitos atuais;
- reconhecer as soluções disponíveis para fluidoterapia no choque séptico;
- discutir o manejo dos fluidos no choque séptico.
Esquema conceitual
Introdução
A sepse é um importante problema de saúde pública mundial. Trata-se de uma das principais causas de morbidade e mortalidade evitáveis em crianças, conforme destacado pela Organização Mundial da Saúde (OMS).
As definições de sepse em pediatria foram revisadas e publicadas recentemente em 2024. A sepse passa a ser definida em crianças e adolescentes com idade entre 37 semanas e 18 anos com infecção suspeita ou confirmada e que apresentam disfunção orgânica potencialmente fatal.1
O consenso, elaborado pela Society of Critical care Medicine Pediatric Sepsis Definition Task Force, trouxe novas definições para sepse e choque séptico e seus critérios diagnósticos, por meio do Escore de Phoenix.1 As principais mudanças foram as seguintes:1
- nomenclatura simplificada — infecção sem disfunção, sepse e choque séptico (a expressão sepse grave está extinta);
- critérios da síndrome da resposta inflamatória sistêmica (SRIS) não mais requeridos para o diagnóstico de sepse — embora ainda sejam de extrema importância para a triagem do paciente com infecção ou sob suspeita de sepse ou choque séptico.
A sepse passa a ser confirmada na presença de 2 pontos ou mais no Escore de Phoenix. Os sistemas elegidos para a criação dos critérios foram os seguintes:1
- respiratório;
- cardiovascular;
- coagulatório;
- neurológico.
Conforme o consenso, choque séptico passa a ser definido como presença da sepse e pelo menos 1 ponto nos critérios de Phoenix para o sistema cardiovascular.1
A terapia hídrica representa uma intervenção importante no tratamento dos pacientes criticamente doentes. Cerca de um terço dos pacientes em unidade de terapia intensiva (UTI) recebe fluidos para a ressuscitação em algum momento da internação, e um número muito maior recebe fluidos de manutenção. É um desafio constante conseguir determinar o tipo e a quantidade de líquido de que cada paciente necessita nos diferentes momentos de sua internação na UTI.2