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CRISE HIPOXÊMICA NA TETRALOGIA DE FALLOT

Autores: Daniel Raylander da Silva Rodrigues, Especialista (Residência Médica) em Pediatria e em Neonatologia pelo Instituto da Criança da Faculda, Geovanna Godinho de Sousa Teixeira, Jorge Yussef Afiune
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Objetivos

Ao final da leitura deste capítulo, o leitor será capaz de

 

  • identificar e caracterizar uma crise hipoxêmica de origem cardíaca;
  • atuar nos fatores precipitantes e no círculo vicioso associado à crise hipoxêmica, revertendo o quadro;
  • orientar os pais e cuidadores de pacientes com tetralogia de Fallot sobre os primeiros cuidados e a busca por atendimento médico quando ocorrer uma crise hipoxêmica.

Esquema conceitual

Introdução

Há mais de um século, Étienne-Louis Arthur Fallot (1850–1911) demonstrou a coexistência de quatro anomalias morfológicas, as quais posteriormente seriam agrupadas na caracterização de uma cardiopatia congênita. Contudo, é a Niels Stensen (1638–1686), responsável também por descrever o ducto parotídeo, a quem se atribui o mérito da descrição da entidade hoje denominada tetralogia de Fallot.1

A tetralogia de Fallot é uma cardiopatia congênita cianótica caracterizada por defeitos decorrentes do desalinhamento do septo infundibular localizado na via de saída do ventrículo direito (VD).

A variação presente na tetralogia de Fallot resulta em alterações anatômicas características dessa doença, a saber:

 

  • obstrução na via de saída do VD (estenose pulmonar);
  • comunicação interventricular (CIV);
  • dextroposição da aorta (AO);
  • hipertrofia do VD.

Nas situações em que ocorre uma acentuação do grau de obstrução da via de saída do VD (por exemplo, espasmo na musculatura infundibular), há uma redução do fluxo sanguíneo para a artéria pulmonar (AP) concomitante a um desvio de fluxo do VD para a AO através da CIV, levando ao quadro de hipoxemia.1,2

Apesar de ser uma condição clássica dos pacientes com tetralogia de Fallot, a crise hipoxêmica pode estar presente em outras cardiopatias congênitas com fisiologia semelhante, como:2

 

  • dupla via de saída do VD com estenose pulmonar;
  • atresia pulmonar com CIV;
  • atresia tricúspide com estenose pulmonar;
  • transposição de grandes artérias com CIV e estenose pulmonar.

É de conhecimento que o pico de incidência das crises hipoxêmicas ocorre entre o segundo e o terceiro mês de vida. Até os 4 anos de idade, elas tendem a aumentar tanto em frequência quanto em gravidade, tornando-se menos frequentes após essa idade.3

Como visto, na tetralogia de Fallot, alterações na anatomia somadas a mudanças na homeostase culminam em alterações do fluxo sanguíneo, com importantes consequências.1 Reconhecer esse quadro, identificar sua gravidade e atuar em sua estabilização e reversão são importantes desafios do emergencista pediátrico.

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