Ao final da leitura deste capítulo, o leitor será capaz de
- identificar os principais parâmetros prognósticos hematológicos do hemograma associados às doenças cardiovasculares;
- reconhecer os cenários de aplicação de cada biomarcador, dominando suas implicações diagnósticas e prognósticas;
- descrever os principais biomarcadores hematológicos usados atualmente e os que serão utilizados futuramente na prática clínica.
Esquema conceitual
Introdução
As doenças cardiovasculares (DCVs) são as principais causas de mortalidade e morbidade no mundo. Sua incidência é influenciada por envelhecimento da população, predisposição genética, mudanças no estilo de vida, hábitos alimentares, estresse, dislipidemia, diabetes melito (DM) hipertensão arterial sistêmica (HAS), sedentarismo e comportamentos de risco (por exemplo, tabagismo e abuso de álcool).1
O estudo dos biomarcadores associados à fisiopatologia das DCVs tem sido considerado no diagnóstico, na estratificação de risco e no acompanhamento dos pacientes. Na mensuração desses marcadores, é necessário avaliar a suspeita clínica, a sensibilidade e especificidade dos testes diagnósticos (resultados de testes) e a prevalência da doença na população, para melhor caracterizar o valor preditivo e negativo (probabilidade pós-teste).2
Os estudos prévios demonstraram uma forte associação entre parâmetros hematológicos e risco cardiovascular devido à inflamação e hipoxemia sistêmica, que são processos diretamente envolvidos na disfunção orgânica.3–6 Assim, é importante revisar a contagem dessas células sanguíneas como potenciais biomarcadores clínicos.7 Há vários artigos publicados que associam os parâmetros hematológicos em acidente vascular cerebral (AVC),6,8 doença arterial coronariana (DAC),9,10 insuficiência cardíaca (IC),11,12 HAS,13,14 fibrilação atrial (FA)15 e doença cardiovascular associada à septicemia.3,16
O avanço tecnológico das últimas cinco décadas e o desenvolvimento de modernos equipamentos automatizados para avaliação de células sanguíneas tiveram grande impacto na pesquisa desses biomarcadores, principalmente no prognóstico das doenças cardiovasculares.
Neste capítulo, serão enfatizados os principais biomarcadores laboratoriais para o conhecimento e a interpretação adequada das doenças cardiovasculares.
Medula óssea
A medula óssea é o órgão responsável pela produção das células sanguíneas (hemácias, leucócitos e plaquetas).
O processo de produção das células sanguíneas, chamado de hematopoese, origina-se de uma célula progenitora única, a célula-tronco. Quando necessário, as células-tronco pluripotentes, existentes em pequenas quantidades na medula óssea, podem se reproduzir e levar aos processos de diferenciação em distintas linhagens celulares hematológicas.17
Existem proteínas que são responsáveis pela indução da multiplicação celular e outras responsáveis pela diferenciação celular, chamadas de indutores de diferenciação. Esses indutores são controlados por fatores externos à medula óssea. Por exemplo, a exposição do sangue a baixas concentrações de oxigênio, durante um longo período, resulta em indução de crescimento, diferenciação e produção de um maior número de hemácias. Esse estímulo à medula óssea é produzido pela eritropoietina. A maior parte dessa glicoproteína (90%) é produzida pelos rins e, o restante, formado pelo fígado na presença de hipoxemia.17
As doenças infecciosas causam crescimento, diferenciação e formação final de tipos específicos de leucócitos para cada patógeno. Portanto, no processo inflamatório causado por bactérias, trauma, agentes químicos, calor ou qualquer outro fenômeno, há uma diferenciação celular específica a nível espinhal.17,18
As plaquetas são células formadas no osso medular a partir dos megacariócitos. Existem pequenos fragmentos dessas células anucleadas que têm uma forma discoidal característica e que variam de 1 a 3μm de diâmetro, com importante papel na hemostasia, na inflamação e na imunidade inata.17,18
ATIVIDADES
1. Observe as afirmativas sobre os biomarcadores hematológicos em doenças cardiovasculares.
I. Têm sido avaliados no diagnóstico, na estratificação de risco e no acompanhamento dos pacientes.
II. Devem avaliar, primeiramente, a sensibilidade e a especificidade dos testes diagnósticos; em seguida, a prevalência da doença na população e, por fim, a suspeita clínica.
III. Têm demonstrado uma forte associação entre parâmetros hematológicos e risco cardiovascular devido a inflamação e hipoxemia sistêmica.
Quais estão corretas?
A) Apenas a I.
B) Apenas a II.
C) Apenas a III.
D) Apenas a I e a III.
Confira aqui a resposta
Resposta incorreta. A alternativa correta e a "D".
Na mensuração dos biomarcadores, em primeiro lugar, é necessário avaliar a suspeita clínica (probabilidade pré-teste); em segundo lugar, é preciso observar a sensibilidade e a especificidade dos testes diagnósticos (resultado dos testes); por fim, observa-se a prevalência da doença na população para melhor caracterizar o valor preditivo positivo e negativo (probabilidade pós-teste).
Resposta correta.
Na mensuração dos biomarcadores, em primeiro lugar, é necessário avaliar a suspeita clínica (probabilidade pré-teste); em segundo lugar, é preciso observar a sensibilidade e a especificidade dos testes diagnósticos (resultado dos testes); por fim, observa-se a prevalência da doença na população para melhor caracterizar o valor preditivo positivo e negativo (probabilidade pós-teste).
A alternativa correta e a "D".
Na mensuração dos biomarcadores, em primeiro lugar, é necessário avaliar a suspeita clínica (probabilidade pré-teste); em segundo lugar, é preciso observar a sensibilidade e a especificidade dos testes diagnósticos (resultado dos testes); por fim, observa-se a prevalência da doença na população para melhor caracterizar o valor preditivo positivo e negativo (probabilidade pós-teste).
2. É(são) responsável(is) pela produção das células sanguíneas:
A) As células-tronco pluripotentes.
B) A medula óssea.
C) A eritropoietina.
D) Os indutores de diferenciação.
Confira aqui a resposta
Resposta incorreta. A alternativa correta e a "B".
A medula óssea é o órgão responsável pela produção das células sanguíneas (hemácias, leucócitos e plaquetas), em um processo chamado hematopoese, que se origina de um uma célula progenitora única, chamada de célula-tronco.
Resposta correta.
A medula óssea é o órgão responsável pela produção das células sanguíneas (hemácias, leucócitos e plaquetas), em um processo chamado hematopoese, que se origina de um uma célula progenitora única, chamada de célula-tronco.
A alternativa correta e a "B".
A medula óssea é o órgão responsável pela produção das células sanguíneas (hemácias, leucócitos e plaquetas), em um processo chamado hematopoese, que se origina de um uma célula progenitora única, chamada de célula-tronco.
3. Com relação aos conceitos fundamentais para a compreensão dos biomarcadores hematológicos, correlacione as colunas.
1 Medula óssea 2 Células-tronco pluripotentes 3 Indutores de diferenciação 4 Eritropoietina 5 Plaquetas 6 Hematopoese |
Proteínas responsáveis pela diferenciação celular e controladas por fatores externos à medula óssea. Processo de produção das células sanguíneas que se origina na célula-tronco. Órgão responsável pela produção das células sanguíneas. Células formadas no osso medular a partir dos megacariócitos. Células que se reproduzem, quando necessário, levando aos processos de diferenciação em distintas linhagens celulares hematológicas. Glicoproteína produzida pelos rins (90%) e pelo fígado na presença de hipoxemia. |
Assinale a alternativa que apresenta a sequência correta.
A) 3 — 6 — 1 — 5 — 2 — 4
B) 1 — 5 — 2 — 4 — 3 — 6
C) 5 — 1 — 4 — 3 — 6 — 2
D) 6 — 3 — 1 — 5 — 4 — 2
Confira aqui a resposta
Resposta incorreta. A alternativa correta e a "A".
A medula óssea é o órgão responsável pela produção das células sanguíneas. As células-tronco pluripotentes, existentes em pequenas quantidades na medula óssea, podem se reproduzir quando necessário e levarem aos processos de diferenciação em distintas linhagens celulares hematológicas. As proteínas responsáveis pela diferenciação celular, chamadas de indutores de diferenciação, são controladas por fatores externos à medula óssea. A maior parte dessa glicoproteína (90%) é produzida pelos rins; o restante, formado pelo fígado na presença de hipoxemia. As plaquetas são células formadas no osso medular a partir dos megacariócitos. O processo chamado hematopoese (produção de células sanguíneas) se origina de um uma célula progenitora única, chamada de célula-tronco.
Resposta correta.
A medula óssea é o órgão responsável pela produção das células sanguíneas. As células-tronco pluripotentes, existentes em pequenas quantidades na medula óssea, podem se reproduzir quando necessário e levarem aos processos de diferenciação em distintas linhagens celulares hematológicas. As proteínas responsáveis pela diferenciação celular, chamadas de indutores de diferenciação, são controladas por fatores externos à medula óssea. A maior parte dessa glicoproteína (90%) é produzida pelos rins; o restante, formado pelo fígado na presença de hipoxemia. As plaquetas são células formadas no osso medular a partir dos megacariócitos. O processo chamado hematopoese (produção de células sanguíneas) se origina de um uma célula progenitora única, chamada de célula-tronco.
A alternativa correta e a "A".
A medula óssea é o órgão responsável pela produção das células sanguíneas. As células-tronco pluripotentes, existentes em pequenas quantidades na medula óssea, podem se reproduzir quando necessário e levarem aos processos de diferenciação em distintas linhagens celulares hematológicas. As proteínas responsáveis pela diferenciação celular, chamadas de indutores de diferenciação, são controladas por fatores externos à medula óssea. A maior parte dessa glicoproteína (90%) é produzida pelos rins; o restante, formado pelo fígado na presença de hipoxemia. As plaquetas são células formadas no osso medular a partir dos megacariócitos. O processo chamado hematopoese (produção de células sanguíneas) se origina de um uma célula progenitora única, chamada de célula-tronco.