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CATCH UP EXCESSIVO DE RECÉM-NASCIDO PRÉ-TERMO EXTREMO É DESEJÁVEL? COMO EVITÁ-LO?

Autores: Anna Christina do Nascimento Granjeiro Barreto, Cláudia Rodrigues Souza Maia, Nivia Maria Rodrigues Arrais
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Objetivos

Ao final da leitura deste capítulo, o leitor será capaz de

 

 

  • compreender o conceito de catch up excessivo do recém-nascido pré-termo (RNPT);
  • associar o catch up excessivo do RNPT a desfechos em longo prazo, como neurodesenvolvimento e síndrome metabólica (SM);
  • reconhecer os fatores que interferem na associação entre catch up excessivo do RNPT e desfechos em longo prazo, como idade gestacional (IG), peso ao nascer (PN), restrição de crescimento intrauterino (RCIU) e pós-natal, tipo de alimentação e época de ocorrência da aceleração do crescimento.

Esquema conceitual

Introdução

A neonatologia é uma área em rápida evolução. Ao longo dos anos, muitos avanços foram feitos tanto relacionados ao cuidado pré-natal como ao cuidado pós-natal e, consequentemente, houve um aumento substancial na sobrevida dos RNPTs extremos com idade gestacional (IG) inferior a 28 semanas e de extremo baixo peso, com menos de 1.000g. Além disso, foi observada modesta redução nas morbidades que afetam essa população.1

O nascimento pré-termo pode implicar riscos para o neurodesenvolvimento normal e para a ocorrência de eventos crônicos na vida adulta, como baixa estatura, hipertensão, diabetes melito (DM), dislipidemias e obesidade. Esses riscos têm sido associados ao ritmo de crescimento acelerado.2

Para que um RNPT consiga manter o ritmo de crescimento desejado, semelhante ao das curvas fetais e atingir as 40 semanas de vida pós-concepcional com o mesmo peso de um RN sadio, recomenda-se alimentá-lo de forma intensiva, pois RNPTs extremos apresentam uma fase de adaptação muito difícil nas primeiras semanas de vida, com perda de peso importante, que, por vezes, caracteriza a restrição de crescimento extrauterino (RCEU).2

Diante da desnutrição pós-natal, torna-se necessário estabelecer estratégias nutricionais que garantam a recuperação do crescimento. Os RNPTs extremos podem, portanto, passar por um período de recuperação nutricional (catch up) com crescimento acelerado. Há muitas dúvidas relacionadas aos benefícios ou prejuízos em longo prazo desse evento.2

Como critério de alta hospitalar, além da estabilidade clínica e da IG pós-natal, o peso é um indicador utilizado na maioria dos serviços de neonatologia. Nos últimos anos, a velocidade de ganho de peso dos RNPTs e a época em que esse crescimento ocorre têm sido exploradas e relacionadas às doenças crônicas não transmissíveis (DCNTs) na vida adulta, ressaltando a importância do seguimento desses parâmetros após a alta. Além disso, as características dos RNs pequenos para a idade gestacional (PIG), com ou sem RCIU, e daqueles adequados para a idade gestacional (AIG) também podem influenciar a recuperação do crescimento.3

É um desafio definir trajetórias de crescimento ideal que contemplem a dupla função de proteger os RNPTs dos déficits nutricionais que interferem nos desfechos do neurodesenvolvimento e de evitar os excessos ou acelerações precoces que têm sido associados à obesidade e a doenças metabólicas e cardiovasculares (DCVs) em médio e longo prazos.3

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