Objetivos
Ao final da leitura deste capítulo, o leitor será capaz de
- reconhecer o valor da nutrição nos períodos fetal e neonatal como importante fator para o crescimento do cérebro e o neurodesenvolvimento (ND) de recém-nascidos pré-termo (RNPTs) com mais qualidade;
- reconhecer os períodos de maior crescimento cerebral como os mais sensíveis a intervenções;
- avaliar os efeitos da deficiência nutricional nas fases de crescimento cerebral dependentes de nutrientes sobre o ND de RNPTs;
- compreender a constituição e as funções da conexão cérebro–intestino–microbiota intestinal nos RNs;
- valorizar o leite materno (LM) como a oferta nutricional enteral mais adequada para o ND de RNPTs em longo prazo.
Esquema conceitual
Introdução
Os RNPTs ao nascimento, especialmente os mais imaturos, têm importantes desafios além de vencer as intercorrências e o desenvolvimento de funções como crescer e se desenvolver o mais harmonicamente possível com seu meio ambiente. Entre os diversos fatores que podem influenciar essa evolução, a nutrição tem sido considerada um fator central, não somente por ser a responsável pela oferta de nutrientes — fatores imprescindíveis para o crescimento e o desenvolvimento, mas também por sua influência direta na constituição da microbiota ou do microbioma intestinal (MI).
O reconhecimento da influência da MI sobre a evolução pós-natal desses RNs vem se fortalecendo ao longo do tempo, apoiado inicialmente nos resultados de estudos pré-clínicos e fortalecido nos últimos anos pela realização de pesquisas com a utilização de novas técnicas de identificação de biomarcadores genéticos.
A partir desses biomarcadores genéticos, elaborou-se o conceito de conexão cérebro–intestino–MI, bidirecional, responsável pela comunicação entre intestino e cérebro e que exerce papel importante na definição da evolução de RNPTs, especialmente os <28 semanas de idade gestacional (IG), considerando sua saúde e seu desenvolvimento neuropsicomotor.
Com base nesse novo conhecimento ainda em evolução, serão abordados, neste capítulo, os aspectos clínicos decorrentes da conexão cérebro–intestino, além da influência direta da oferta de nutrientes sobre o crescimento cerebral e o ND de RNPTs, especialmente do LM.