Objetivos
Ao final da leitura deste capítulo, o leitor será capaz de
- identificar as características clínicas da síndrome do intestino curto (SIC) em crianças;
- reconhecer as principais complicações e os fatores prognósticos associados à SIC com ênfase no período neonatal;
- discutir o manejo nutricional e o tratamento adequados de acordo com as fases da SIC.
Esquema conceitual
Introdução
A falência intestinal (FI) é definida como a redução da função intestinal inferior ao mínimo necessário para a absorção de macronutrientes e/ou água e eletrólitos que demanda suplementação intravenosa para manutenção da saúde e/ou o crescimento.1
A FI pediátrica decorre mais comumente de doenças ou malformações intestinais congênitas ou neonatais e são divididas em três grupos:1
- comprimento intestinal reduzido e, consequentemente, redução da superfície absortiva, como na SIC ou na aganglionose extensa;
- desenvolvimento anormal da mucosa intestinal, como doenças congênitas do desenvolvimento de enterócitos;
- disfunção de motilidade extensa, como síndromes de pseudo-obstrução intestinal crônica.
A causa mais frequente de FI é a SIC — definida como a necessidade de nutrição parenteral prolongada (NPP) por período superior a 60 dias após ressecção intestinal ou comprimento residual de intestino delgado <25% do esperado para a idade.2
A incidência da SIC é de aproximadamente 24,5 por 100.000 nascidos vivos por ano e é maior em recém-nascidos pré-termo (RNPTs) com peso <1.500g, chegando a sete casos por 1.000 nascidos vivos.3 Sua prevalência aumentou nas últimas décadas com a melhora da sobrevida das crianças afetadas em função dos avanços relacionados ao suporte nutricional, à terapia intensiva neonatal e às técnicas cirúrgicas.2
Entre as etiologias mais comuns da SIC, durante o período neonatal, são citadas enterocolite necrosante (ECN), gastrosquise, volvo, atresia intestinal, íleo meconial complicado e aganglionose.2
Este capítulo descreve as características clínicas, o manejo, as complicações e os fatores prognósticos da SIC, com ênfase no período neonatal.