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CIGARRO ELETRÔNICO E RISCOS À SAÚDE DO ADOLESCENTE

Elizabeth Alt Parente

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Objetivos

Ao final da leitura deste capítulo, o leitor será capaz de

 

  • descrever os riscos inerentes ao uso do cigarro eletrônico (CE);
  • discutir os principais agravos à saúde decorrentes do uso de CEs;
  • prevenir os riscos relacionados ao uso do CE;
  • identificar doenças que reduzam a qualidade de vida e demandem alto custo ao sistema de saúde.

Esquema conceitual

Introdução

O tabagismo é uma doença crônica e epidêmica caracterizada pela dependência à nicotina presente nos produtos à base de tabaco. Representa sério fator de risco para doenças crônicas não transmissíveis, gera alto custo ao sistema de saúde, compromete a qualidade de vida do usuário e da sociedade e ainda está associada ao desenvolvimento de diversos tipos de câncer, induzindo a altos índices de morbimortalidade.1–3

As pesquisas mostram que os níveis de toxicidade do CE podem ser tão danosos quanto os do cigarro convencional, uma vez que combinam substâncias tóxicas com outras que apenas mascaram os efeitos perniciosos, como os aromáticos e flavorizantes.4 Considera-se uma verdadeira epidemia o uso desses dispositivos eletrônicos entre os jovens, especialmente pelo seu formato e pelos seus sabores atrativos.5

A Organização Mundial da Saúde (OMS) relata que o tabaco mata mais de 8 milhões de pessoas por ano. Mais de 7 milhões dessas mortes derivam do uso direto do produto e cerca de 1 milhão refere-se a pacientes expostos ao tabagismo passivo.3

Desde os anos 1950, como se sabe, a indústria lança produtos que prometem mais segurança aos consumidores de tabaco, como filtros, cigarros ditos light, com baixo teor de alcatrão, entre outros. Entretanto, a ciência demonstrou e comprovou, ao longo desses anos, o quão danosos à saúde são esses produtos, mesmo contendo os atenuantes.5

Nenhum desses adicionais melhorou, de fato, a saúde dos fumantes. As projeções apontam uma explosão na venda de CE, quando comparada à de cigarros convencionais, dentro de algumas décadas.5

Segundo a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP),6 a exposição ao tabagismo ambiental, desde a gravidez até a primeira infância, é fator predisponente para o hábito de fumar na adolescência. Não existem níveis seguros de exposição ao tabagismo passivo. Assim, a única forma de prevenção dos riscos é a eliminação completa do consumo de cigarros ou dispositivos eletrônicos para fumar (DEFs) em ambientes fechados.3

Os DEFs oferecem muitos riscos à saúde, como dependência, doenças respiratórias, cardiovasculares e câncer. Enfatiza-se que não há evidências científicas que indiquem o uso de DEFs para parar de fumar.3

É importante ter claro que a importação, a propaganda e a venda de DEFs, inclusive pela internet, são proibidas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e que o seu uso em ambientes coletivos fechados é proibido. Entretanto, sabe-se que tais produtos são amplamente vendidos na internet e no comércio informal.3

O CE é amplamente utilizado por jovens em ambientes sociais e recreativos. A literatura enfatiza a falsa percepção de que não são maléficos à saúde do usuário. O desenvolvimento de novos estudos, não patrocinados pela indústria do tabaco, permitiu a observação de que o potencial de danos gerados pelo consumo de CE é muito superior ao que inicialmente se imaginava.7