Objetivos
Ao final da leitura deste capítulo, o leitor será capaz de
- conceituar o termo condrocalcinose como espectro de apresentação radiológica;
- identificar o processo fisiopatológico relacionado às causas mais comuns de depósito de cristais de cálcio na formação da condrocalcinose;
- definir os exames subsidiários para o diagnóstico de condrocalcinose, a natureza dos depósitos de cristais de cálcio e associações metabólicas;
- orientar sobre o tratamento para as diferentes formas de apresentação e causas de condrocalcinose.
Esquema conceitual
Introdução
O termo condrocalcinose pode ser definido como um estado patológico caracterizado pela precipitação de sais de cálcio insolúveis na articulação e cartilagem periarticular.1 A manifestação clínica e radiográfica é relacionada com a presença de pirofosfato de cálcio intra-articular e sobre as estruturas cartilaginosas. Os tipos de cristais primários que são observados na condrocalcinose incluem pirofosfato de cálcio di-hidratado (CPPD) e fosfato de cálcio básico, incluindo hidroxiapatita.2
A prevalência de condrocalcinose aumenta com a idade. A estimativa, de acordo com diferentes publicações, varia de 3,7% na idade entre 55 e 59 anos, 17,5% naqueles entre 80 e 84 anos, 15% em pacientes com idade de 65 a 74 anos, chegando a 44% em pacientes acima de 84 anos, dependendo da metodologia da investigação.3
A compreensão da prevalência de depósitos de pirofosfato de cálcio (CPP) é impulsionada pelo achado radiográfico de condrocalcinose, com ocorrência estimada em 10 milhões de adultos nos Estados Unidos.4 A condrocalcinose é encontrada muito comumente em joelhos, sobretudo em idosos. Ademais, tem sido relatado que mais de 60% dos pacientes tratados com artroplastia total de joelho terão evidência dessa condição.5
A condrocalcinose pode ser classificada de acordo com a natureza dos depósitos (pirofosfato, hidroxiapatita, brushita ou misturas), com o tipo (familiar, metabólico, esporádico ou associado à idade) e com as associações metabólicas (hidroxiapatita [doença renal crônica], pirofosfato [hiperparatireoidismo], hemocromatose, hipotireoidismo, hipofosfatasia, hipomagnesemia, gota, diabete melito, doença de Wilson e ocronose).1