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CONSIDERAÇÕES INICIAIS SOBRE ATENDIMENTO DE VÍTIMAS DE LGBTFOBIA: O QUE O TERAPEUTA DEVE SABER E COMO INICIAR?

Leandro Herkert Fazzano

Natália Cristina Barni

Alex Eduardo Gallo

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Objetivos

Ao final da leitura deste capítulo, o leitor será capaz de

  • caracterizar LGBTfobia;
  • identificar episódios de LGBTfobia;
  • discernir reflexos da LGBTfobia para o caso;
  • ajudar o paciente a identificar a ocorrência de LGBTfobia;
  • identificar possibilidades de ação do paciente frente à LGBTfobia.

Esquema conceitual

Introdução

Ao pensar no panorama da saúde mental da população de lésbicas, gays, bissexuais, transexuais, queer, intersexo, assexuais e demais orientações sexuais e de gênero (LGBTQIA+), é possível encontrar dados alarmantes constantes na literatura. Em uma amostra composta por 378 pessoas trans, Chinazzo e colaboradores encontraram a presença de sintomas depressivos em 67,20% e de ideação suicida em 67,72% dos pesquisados, sendo que 43,12% já haviam tentado suicídio.1

Caputi e colaboradores apontam que 40% dos adolescentes homossexuais norte-americanos pensaram em suicídio, dos quais 34,9% planejaram o ato, e 24,9% realmente tentaram.2 Já Albuquerque e colaboradores apontam que a incidência de sintomas depressivos, insegurança, ansiedade e isolamento social é seis vezes maior entre a população LGBTQIA+.3

Ao constatar essa triste realidade, torna-se esperado que a população LGBTQIA+ procure e utilize serviços prestados pela Psicologia, sobretudo no contexto clínico. Em um levantamento realizado por Garnets e colaboradores no contexto norte-americano, 99% dos psicoterapeutas entrevistados indicaram que, ao longo de suas carreiras, atenderam ao menos uma pessoa autodeclarada como lésbica ou gay, e 38% atenderam mais de 20. Apesar de tal levantamento ter sido realizado há alguns anos e em outro país, ao considerar os dados de saúde mental mencionados, pode-se vislumbrar a importância da Psicologia para essa população.4

Caberia, então, ao profissional da psicologia clínica que trabalhará com essa minoria social lidar com tal realidade. Nesse sentido, destacam-se as orientações fornecidas pelos Conselhos de Psicologia — Nota Técnica do Conselho Regional de Psicopatologia do Paraná (CRPPR) nº 001/20195 e a Nota Técnica do Conselho Federal de Psicologia (CFP) nº 1/2021 — ,6 as quais versam sobre a necessidade de compreender os sofrimentos psíquicos e as psicopatologias dessa população frente a opressões, preconceitos, estigmatizações e violências sofridas.

Assim, torna-se essencial que o terapeuta atuante com a população LGBTQIA+ possa compreender, caracterizar e identificar episódios de LGBTfobia, bem como a influência e o impacto desses episódios para o caso, a fim de conduzir a pessoa atendida a identificar a violência e buscar alternativas viáveis nessas situações, promovendo melhora na sua qualidade de vida.

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