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TERAPIA ON-LINE PARA ADOLESCENTES

Angela Donato Oliva

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Objetivos

Ao final da leitura deste capítulo, o leitor será capaz de

  • identificar pesquisas que analisam os resultados de psicoterapias de formato on-line e que utilizam e-Health com o público adolescente;
  • reconhecer as características do trabalho clínico no formato on-line e a inclusão de aplicativos de tipo e-Health;
  • esclarecer dúvidas relacionadas ao possível comprometimento da relação terapêutica ou ao empobrecimento da comunicação, especificamente quando se considera a psicoterapia para os adolescentes.

Esquema conceitual

Introdução

Os canais de comunicação humana têm aumentado nas últimas décadas e causado grande impacto nas formas de interações sociais, atuações profissionais, maneiras de estudar, entretenimento, informações, entre outros. Considerando a psicoterapia para adolescentes, pesquisas têm indicado que intervenções on-line (realizadas por intermédio da internet) apresentam resultados semelhantes àqueles obtidos por meio da modalidade presencial,1,2 e o vínculo com o terapeuta também se estabelece de maneira semelhante.3,4 A despeito desses resultados, as intervenções on-line, no âmbito da saúde em geral, têm sido alvo de críticas, mas algumas destas derivam de impressões subjetivas, por desconhecimento de evidências favoráveis ao uso desse canal na psicoterapia com adolescentes.

Intervenções psicológicas tradicionalmente são pensadas e estabelecem-se por meio da interação entre psicoterapeuta e paciente. Elas são projetadas para mudar a cognição, a emoção e o comportamento, com a intenção de diminuir o sofrimento do paciente. Um ingrediente novo está sendo acrescentado ao ambiente psicoterápico, em que o diálogo tinha forte protagonismo. São as intervenções chamadas e-Health. Elas incluem aplicativos e recursos tecnológicos e têm sido utilizadas como ferramentas complementares ao tratamento psicoterápico há algum tempo. Ajudam a monitorar emoções e pensamentos, assim como facilitam exercícios de meditação e relaxamento, entre outras funções.

As intervenções e-Health são projetadas para acesso independente, o que levanta a seguinte discussão: em que medida os aplicativos podem substituir o diálogo com o terapeuta, que, na abordagem da terapia cognitivo-comportamental (TCC), apoiado no questionamento socrático, conduz o paciente aos caminhos de autoconhecimento e de mudança? Um estudo de revisão sugere que crianças com condições crônicas de saúde têm menos probabilidade de desistir de intervenções que utilizam recursos tecnológicos do que de intervenções presenciais.5

O National Institute for Health and Care Excellence (Nice), do Reino Unido, considera as intervenções por meio de aplicativos (baseadas na TCC) como primeira linha e as mais recomendadas para o tratamento da depressão e da ansiedade (em níveis leves a moderados).5

Problemas de saúde mental configuram uma realidade bastante comum entre crianças e adolescentes. Contudo, apenas uma pequena parcela da população recebe atendimento ou tratamento psicológico adequado. Com a pandemia de doença do coronavírus 2019 (COVID-19), no ano de 2020, fortes mudanças ocorreram em diferentes setores das sociedades, e não foi diferente no âmbito das psicoterapias. Embora, no mundo, intervenções on-line fossem uma prática usual,6 no Brasil, não era bem assim.

O Conselho Federal de Psicologia (CFP) passou a permitir, desde 2005, o uso da internet mediante cadastro do profissional e observadas algumas restrições. Antes disso, a utilização não abrangeria psicoterapias, mas ficaria restrita à pesquisa, serviços de orientação profissional, consultorias, entre algumas poucas outras práticas. O fato é que não era comum a prática remota, e os profissionais da psicologia no Brasil precisaram se adaptar à nova condição com a pandemia. Essas mudanças levaram a reflexões sobre o atendimento on-line, que tem ganhado cada vez mais espaço. Com essa forma de atuação, parece ficar mais próxima a meta de aumentar o acesso aos tratamentos psicológicos.7

O atendimento on-line pode se assemelhar ao formato da modalidade presencial e também pode incluir o uso de aplicativos e tecnologias de informação e comunicação, conforme autorização do CFP em 2020.7

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