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CUIDADOS PALIATIVOS EM UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA

Graziela Sousa Nogueira

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Objetivos

Ao final da leitura deste capítulo, o leitor será capaz de

  • reconhecer, por parte dos profissionais que atuam na área da saúde, especialmente em unidade de terapia intensiva (UTI), a necessidade da promoção dos cuidados paliativos (CPs);
  • identificar aspectos históricos e conceituais dos CPs;
  • identificar aspectos bioéticos e legais dos CPs;
  • identificar a elegibilidade de pacientes para CPs;
  • indicar estratégias de avaliação em CPs que podem ser úteis aos profissionais de saúde em UTIs;
  • reconhecer a importância da comunicação para uma atuação efetiva sobre CPs em UTIs;
  • indicar a abordagem dos CPs em fim de vida e no luto no contexto de UTI;
  • reconhecer a aplicabilidade dos CPs nas UTIs e os desafios a serem enfrentados.

Esquema conceitual

Introdução

A crescente preocupação em tornar a assistência à saúde mais humanizada tem contribuído para a expansão dos CPs nas últimas décadas. Esses cuidados cabem hoje em todos os níveis de atenção e são aplicáveis no ambiente hospitalar, ao indivíduo em fim de vida, bem como devem ser implementados o mais precocemente possível, desde o diagnóstico de uma doença que ameace a vida.1

Os CPs integram uma área que exige conhecimento técnico refinado. Parte-se de uma visão do ser humano como um ser biográfico, e não meramente biológico. Os CPs encaram a morte como algo inevitável, um processo natural, que faz parte da vida. Algumas áreas médicas têm enfrentado importantes desafios na inserção efetiva dos CPs em sua prática. Uma delas é a medicina intensiva, área que se destina a diagnosticar e tratar pacientes em iminente risco de morte que tenham agravos potencialmente reversíveis.2,3

O ambiente da medicina intensiva é composto por tecnologia moderna e específica para monitoração contínua do paciente crítico e suporte avançado à vida.4 Mesmo com os avanços da medicina de cuidados críticos, a UTI ainda permanece como a unidade cuja mortalidade é elevada. Trata-se de um contexto com situações clínicas complexas, e as chamadas tecnologias duras e as medidas de suporte avançado de vida nem sempre conseguem atingir a finalidade de evitar a morte.5,6

Muitas vidas são salvas graças à disponibilidade de enorme arsenal tecnológico em UTIs, mas, em contrapartida, existem pacientes que evoluem com a falência de múltiplos órgãos e sistemas, beneficiando-se pouco ou nada de tratamentos invasivos e agressivos. Ademais, as UTIs também recebem pacientes portadores de doenças crônico-degenerativas com intercorrências clínicas, as mais diversas possíveis, e que são contemplados com os mesmos cuidados oferecidos àqueles com quadros agudos, adiando o inevitável, às custas de intenso sofrimento.2,3,5,6

Percebe-se que a assistência em saúde perpassa o enfrentamento de um paradigma relacionado à cura, no qual o cuidado é inclinado à utilização de tecnologias em detrimento de medidas que promovam a qualidade de vida e o conforto holístico do paciente.2,3,5,6

Assim, os CPs são um tema que precisa ser discutido no âmbito da saúde, e os profissionais que atuam na assistência a pacientes que tenham doenças ameaçadoras da vida devem estar atualizados sobre essa área de conhecimento emergente, mantendo a mente aberta para uma mudança de paradigma no que tange ao cuidado aos pacientes em UTI. É preciso descontruir a concepção de que CPs são somente para pessoas em fim de vida, caracterizados por essa associação com terminalidade, com a terrível convicção de que não há mais nada a ser feito. Quando se fala em CPs, há muito a ser feito em favor da qualidade de vida, pois trata-se de uma linha de cuidado que acarreta muitos benefícios àqueles envolvidos na tríade paciente–equipe–família.

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