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CONSIDERAÇÕES SOBRE PANDAS E PANS

Autores: Mariane Wehmuth Furlan Eulálio , Ana Clarice Bartosievicz Prestes
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  • Introdução

Os chamados distúrbios neuropsiquiátricos autoimunes pediátricos associados a infecções estreptocócicas (em inglês, pediatric autoimmune neuropsychiatric disorders associated with streptococcal infections [PANDASdistúrbios neuropsiquiátricos autoimunes pediátricos associados a infecções estreptocócicas]) foram descritos pela primeira vez em 1998, no American Journal of Psychiatry.1 Desde então, há controvérsias a respeito de sua real existência e da abrangência dos critérios diagnósticos.2,3 Essa primeira descrição, publicada por Swedo e colaboradores, envolveu um grupo de 50 crianças com idade superior a 3 anos e desenvolvimento abrupto de transtorno psiquiátrico após infecção estreptocócica.4

Apesar de sua história natural ser semelhante à da coreia de Sydenham, nos casos de PANDASdistúrbios neuropsiquiátricos autoimunes pediátricos associados a infecções estreptocócicas não há envolvimento sistêmico.4 Pacientes com a doença, após infecção estreptocócica, apresentam abruptamente quadro de transtorno obsessivo-compulsivo (TOCtranstorno obsessivo-compulsivo) e tiques. Além disso, também podem manifestar labilidade emocional, piora do rendimento escolar, alterações de personalidade, ansiedade de separação, piora da escrita, pesadelos e hiperatividade motora.1–3

A necessidade de infecção estreptocócica prévia exclui pacientes que se enquadram nos demais critérios diagnósticos de PANDASdistúrbios neuropsiquiátricos autoimunes pediátricos associados a infecções estreptocócicas. Dessa forma, nos casos de crianças que apresentam início abrupto de sintomas psiquiátricos, mas não têm história de infecção, é descartada a hipótese diagnóstica da condição. Com isso, a convenção do National Institutes of Health (NIH) de 2010 desenvolveu novos critérios diagnósticos para uma doença com apresentação semelhante à de PANDASdistúrbios neuropsiquiátricos autoimunes pediátricos associados a infecções estreptocócicas, porém sem necessidade de infecção prévia; trata-se da síndrome neuropsiquiátrica pediátrica de início agudo (em inglês, pediatric acute-onset neuropsychiatric syndrome [PANSsíndrome neuropsiquiátrica pediátrica de início agudo]). Esses critérios foram publicados dois anos depois, em 2012.4

Neste capítulo, serão descritas as duas condições — PANDASdistúrbios neuropsiquiátricos autoimunes pediátricos associados a infecções estreptocócicas e PANSsíndrome neuropsiquiátrica pediátrica de início agudo — e seus respectivos critérios diagnósticos. Além disso, com base na literatura disponível até o momento, será apresentado um protocolo de diagnóstico e tratamento, para auxiliar médicos no reconhecimento e na abordagem terapêutica de tais doenças.

  • Objetivos

Ao final da leitura deste capítulo, o leitor será capaz de

 

  • descrever PANDASdistúrbios neuropsiquiátricos autoimunes pediátricos associados a infecções estreptocócicas e PANSsíndrome neuropsiquiátrica pediátrica de início agudo, bem como seus respectivos critérios diagnósticos;
  • discutir as indicações de investigação diagnóstica de PANDASdistúrbios neuropsiquiátricos autoimunes pediátricos associados a infecções estreptocócicas e PANSsíndrome neuropsiquiátrica pediátrica de início agudo;
  • identificar os aspectos relativos à avaliação inicial de casos suspeitos de PANDASdistúrbios neuropsiquiátricos autoimunes pediátricos associados a infecções estreptocócicas e PANSsíndrome neuropsiquiátrica pediátrica de início agudo;
  • reconhecer o tratamento de pacientes com PANDASdistúrbios neuropsiquiátricos autoimunes pediátricos associados a infecções estreptocócicas ou PANSsíndrome neuropsiquiátrica pediátrica de início agudo.
  • Esquema conceitual
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