- Introdução
A pediatria, por abranger uma extensa faixa etária, leva o pediatra a vivenciar um cenário variado no que se refere ao contato de crianças e adolescentes com drogas e/ou medicações que podem provocar dependência. A abstinência pode acontecer desde o período neonatal, em recém-nascidos (RNrecém-nascidos) cujas mães são usuárias de drogas, até a idade adulta jovem, em indivíduos que inicialmente usam tais substâncias de forma recreativa.1
O número de crianças com doenças, sejam agudas ou crônicas, que geram dor e sofrimento e requerem a administração de medicações vem aumentando. O uso prolongado ou em altas doses de algumas substâncias causa saturação dos receptores, de modo que são necessárias doses cada vez maiores para obtenção dos mesmos efeitos. Quando privados da substância de forma abrupta, a criança e o adolescente podem desenvolver sinais e sintomas característicos da síndrome de abstinência (SAsíndrome de abstinência).
Entre as medicações mais comumente usadas para o controle da dor, estão opioides, e para o controle da ansiedade, benzodiazepínicos; ambos podem causar abstinência. Algumas drogas usadas de forma recreativa entre os adolescentes, como a cânabis e o álcool, também podem gerar dependência e, na privação, levar à SAsíndrome de abstinência.
Neste capítulo, serão abordadas algumas substâncias que mais frequentemente causam SAsíndrome de abstinência na faixa etária pediátrica: opioides, álcool e cânabis.
- Objetivos
Ao final da leitura deste capítulo, o leitor será capaz de
- estabelecer raciocínio clínico e investigativo para a abordagem da abstinência das substâncias mais frequentemente associadas à pediatria;
- descrever o mecanismo das substâncias que mais comumente provocam abstinência na população pediátrica;
- identificar as emergências neurológicas relacionadas à SAsíndrome de abstinência na infância e na adolescência;
- reconhecer a abordagem terapêutica da SAsíndrome de abstinência de opioide, álcool e cânabis.
- Esquema conceitual