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CONSULTA DE ENFERMAGEM GERONTOLÓGICA DE ACORDO COM NANDA-I, NOCClassificação dos resultados de enfermagem E NICClassificação das intervenções de enfermagem

Priscilla Alfradique de Souza

Graziele Ribeiro Bitencourt

epub-BR-PROENF-SI-C3V1_Artigo1

Objetivos

Ao final da leitura deste capítulo, o leitor será capaz de

 

  • analisar as etapas do processo de enfermagem na consulta de enfermagem gerontológica;
  • desenvolver o raciocínio clínico no cuidado ao idoso de acordo com NANDA-I, NOCClassificação dos resultados de enfermagem e NICClassificação das intervenções de enfermagem;
  • promover a assistência de enfermagem adequada na consulta de enfermagem gerontológica.

Esquema conceitual

Introdução

VIDEOAULA SOBRE O CAPÍTULO

O envelhecimento humano é um processo progressivo, irreversível, com perda gradual das reservas fisiológicas, que ocorre de forma individual nos seres humanos. Na perspectiva de life-span, as ações individuais agem diretamente durante toda a vida, o que corrobora a influência da promoção de atividades para um envelhecimento saudável. Além disso, também sofrem interação a partir da relação que se estabelece com fatores cronológicos, biológicos psicológicos e sociais.1,2

Em função das novas especialidades e especificidades geradas pelo cuidado ao idoso, as disciplinas em saúde têm se expandido na busca por atender a essa população. Como consequência, em 1976, surgiu a enfermagem gerontológica, que se empenha em ajudar os idosos no alcance da integridade pela obtenção de níveis excelentes de saúde física, psicológica, social e espiritual e tem como papéis ações de agente de cura, cuidador, educador, defensor e inovador.1

Neste capítulo, serão apresentadas as cinco etapas do processo de enfermagem, imprescindíveis para o desenvolvimento da consulta de enfermagem gerontológica, e os sistemas de classificação que podem ser utilizados para padronização da linguagem do enfermeiro.

Consulta de enfermagem gerontológica

Tanto os fatores de envelhecimento quanto os dados científicos necessitam estar associados aos conhecimentos disciplinares da enfermagem. Dessa forma, junto ao arcabouço teórico, guia das ações do enfermeiro, também é necessário o desenvolvimento do processo de enfermagem. Desse modo, são necessários o aprofundamento teórico-científico e a busca por evidências que norteiem a prática clínica gerontológica em saúde.3

Entre as inúmeras possibilidades, estão o desenvolvimento de tecnologias e estratégias de organização do conhecimento, a implementação da sistematização da assistência de enfermagem (SAEsistematização da assistência de enfermagem ) e do processo de enfermagem, além do uso dos sistemas de linguagens padronizadas (SLPsistema de linguagem padronizadas).3

Nesse sentido, a Resolução nº 358/2009, do Conselho Federal de Enfermagem (Cofen), dispõe sobre a SAEsistematização da assistência de enfermagem como estratégia profissional do enfermeiro, de organização do método, de pessoal e de instrumentos, para auxílio na operacionalização do processo de enfermagem, em ambientes públicos e/ou privados.4

Além disso, a Resolução nº 358/2009 do Cofen define o processo de enfermagem como instrumento de planejamento do cuidado do enfermeiro e do registro de suas ações profissionais, a partir da organização de cinco etapas inter-relacionadas e recorrentes:4

 

  • coleta de dados de enfermagem;
  • diagnóstico de enfermagem;
  • planejamento de enfermagem (pela determinação dos resultados e das intervenções);
  • implementação;
  • avaliação.

Para auxílio da implementação do processo de enfermagem, existem atualmente os SLPsistema de linguagem padronizadas, que auxiliam na representação da disciplina de enfermagem ao utilizar, de forma padronizada, conceitos que facilitam a comunicação científica nacional e internacional dos diagnósticos, dos resultados e das intervenções de enfermagem.5

Desse modo, os SLPsistema de linguagem padronizadas visam, além de classificar e facilitar o acesso à informação, favorecer a comunicação entre profissionais e outros públicos.5 Entre essas linguagens padronizadas, existem classificações nacional e internacionalmente aplicadas para a área da enfermagem:6–8

 

  • taxonomia da NANDA International, Inc. (NANDA-I) para os diagnósticos de enfermagem;
  • Classificação dos Resultados de Enfermagem (em inglês, Nursing Outcomes Classification [NOCClassificação dos resultados de enfermagem]) para os resultados de enfermagem;
  • Classificação das Intervenções de Enfermagem (em inglês, Nursing Intervention Classification [NICClassificação das intervenções de enfermagem]) para as intervenções de enfermagem.

Esses três sistemas de classificação serão utilizados na proposta de consulta de enfermagem gerontológica abordada neste capítulo, em associação com as etapas do processo de enfermagem.

Existem outros desafios que atuam de forma complementar à SAEsistematização da assistência de enfermagem e à implementação do processo de enfermagem, uma vez que, além de realizar o cuidado, o enfermeiro necessita registrá-lo, caso contrário, a identificação das evidências de execução da prática profissional estará comprometida.9

De acordo com a Resolução nº 429/2012 do Cofen, é obrigatório o registro das ações do enfermeiro no prontuário do paciente, seja eletrônico ou impresso, em todas as cinco etapas do processo de enfermagem, e não somente na primeira etapa da coleta de dados.9

Dessa forma, a consulta de enfermagem sistematizada, com a utilização de um sistema de classificação, pode auxiliar o enfermeiro não somente na facilitação do registro, como também na continuidade da assistência de enfermagem gerontológica pela equipe de enfermagem, tendo como linha de comunicação a linguagem padronizada.

A equipe de enfermagem atuará em conjunto com a equipe multidisciplinar para o desenvolvimento do cuidado integral ao idoso. Portanto, é imprescindível que o enfermeiro se aproprie e reconheça as ferramentas de cuidado gerontológico para o desenvolvimento de um cuidado acurado e de qualidade.

Etapas do processo de enfermagem

A seguir, serão apresentadas as etapas do processo de enfermagem.

Coleta de dados

O histórico de enfermagem, primeira etapa do processo de enfermagem, remete à coleta de dados como um processo deliberado, sistemático e contínuo, realizado com o auxílio de métodos e técnicas variadas. Apresenta a finalidade de obtenção de informações sobre a pessoa, família ou coletividade humana e suas respostas em um dado momento do processo saúde e doença.4 É o momento de identificação das respostas humanas básicas.

No paciente idoso, precisa ser considerado o saber específico do que é senescente, ou seja, alteração característica do processo de envelhecimento, e do que é senilidade, abordando as modificações patológicas.10

É necessário o conhecimento gerontológico que traga as especificidades em cada situação. Avaliar o idoso saudável em um ambulatório requer habilidades diferentes daquelas quando em situações mais vulneráreis de internações, por exemplo, o que traz ainda mais complexidade na avaliação.

A partir disso, três dimensões precisam ser consideradas na avaliação de enfermagem ao idoso (Quadro 1).11

Quadro 1

DIMENSÕES NA AVALIAÇÃO DE ENFERMAGEM AO IDOSO

Clínica

  • Abrange o histórico de saúde-doença na avaliação ampliada e centrada no idoso e o exame físico, buscando identificar a presença de agravos (quedas, hematomas, fraturas, entre outros), doenças crônicas e agudas, hábitos, antecedentes familiares, quantidade e tipos de medicamentos utilizados.

Psicossocial

  • Considera os aspectos relacionados à cognição, à memória, ao humor, a comportamentos e à saúde mental, atentando para situações de sofrimento psíquico e transtornos mentais estabelecidos, suporte familiar e social, bem como questões econômicas, culturais, ambientais, étnico-raciais e de gênero.

Funcional

  • Avalia, de forma objetiva, a capacidade ou não de realizar atividades de vida diária, utilizando diferentes habilidades.

// Fonte: Adaptado de Brasil (2018).11

Entendendo ainda que o idoso passa por vários caminhos ao longo da vida, suas histórias e expectativas também precisam ser avaliadas. Identificar os laços afetivos e as redes de apoio pode ser necessário para definir as necessidades individuais e alterar o planejamento de intervenções específicas dessa clientela.

Além disso, a avaliação multidimensional e multidisciplinar pode ser necessária para avaliar a capacidade funcional, a qualidade de vida, a saúde física, a cognição, a saúde mental e as circunstâncias socioambientais. Ela inclui:

 

  • listagem dos medicamentos prescritos e vendidos sem receita;
  • imunização;
  • comorbidades;
  • desenvolvimento de planos de tratamento;
  • acompanhamento;
  • coordenação da gestão do cuidado;
  • avaliação das necessidades de cuidados de longo prazo.

A partir disso, o processo de avaliação considera três aspectos:12

 

  • inter-relações entre os fatores físicos e psicossociais do envelhecimento;
  • efeitos da doença e da incapacidade no estado funcional;
  • adaptação da avaliação de enfermagem ao idoso.

Uma estratégia de obtenção e organização dos dados é estabelecer uma organização do processo de coleta e análise das informações obtidas (Figura 1).

FIGURA 1: Processo de coleta e análise das informações no idoso. // Fonte: Arquivo de imagens das autoras.

O primeiro passo requer a coleta de todas as informações sobre o indivíduo, isto é, a coleta de dados. Para tanto, podem ser utilizadas técnicas como entrevista, observação e exame físico. Em conjunto, servem como base para identificação de problemas e formulação de diagnósticos na próxima etapa do processo de enfermagem, além de contribuir para o planejamento de intervenções pertinentes.

É necessária cautela nessa etapa, pois um dado não assertivo pode levar a diagnósticos e intervenções equivocadas e comprometer o estado de saúde do paciente. Portanto, há a necessidade do conhecimento especializado gerontológico nesse momento.

Esses dados iniciais podem ser subjetivos, ou seja, informações coletadas na entrevista a partir do relato do idoso. Nesse caso, o idoso é considerado uma fonte primária de informações. Entretanto, a família também pode contribuir, sendo considerada uma fonte secundária. Para tanto, é necessário que:13

 

  • o processo seja centrado na pessoa (idoso);
  • a capacidade do idoso de participar voluntariamente do processo seja avaliada — se a capacidade não existir, deve haver um sistema que considere suas necessidades dentro de uma estrutura ética;
  • sejam estabelecidos vínculos com os profissionais, para que os idosos entendam a avaliação com eficiência, de maneira a considerar seu grau de necessidade em tempo hábil;
  • as avaliações sejam realizadas com um padrão confiável dentro e entre equipes multidisciplinares.

Nesse contexto, a família pode ter um papel importante de validação do dado obtido no paciente idoso. Esse processo aumenta a chance de coerência na coleta, de modo a aproximar os parâmetros da realidade.

Se um paciente idoso, por exemplo, com a pressão alta no ato da consulta, afirma tomar todos os anti-hipertensivos corretamente, a família pode apresentar informações de interesse, de modo a apontar para uma falha comportamental ou do regime terapêutico adotado pelo idoso.

Algumas informações, como os hábitos de saúde, também são de interesse na consulta de enfermagem gerontológica. Podem complementar a avaliação inicial do paciente idoso:10

 

  • medicamentos utilizados;
  • crenças;
  • história de internações e patologias anteriores;
  • aspectos socioeconômicos;
  • diário alimentar;
  • antecedentes pessoais e familiares;
  • apoio social.

Por outro lado, os dados ainda podem ser objetivos, obtidos por meio dos sentidos (visão, audição, tato e olfato), analisados a partir do conhecimento científico em enfermagem gerontológica. Podem ser coletados por meio de exame físico, de imagem ou laboratoriais. Um relato também pode indicar a necessidade de avaliação mais objetiva: um idoso, por exemplo, com queixa de dor abdominal, precisa de uma avaliação física abdominal aprofundada para análise geral do problema.

Para tanto, um exame físico minucioso pode ser necessário como parâmetro inicial para estabelecimento do status de melhora ou piora na avaliação, que é a última etapa do processo de enfermagem. É válido lembrar que cada sistema corporal apresenta alterações com o processo de envelhecimento, as quais precisam de olhar específico de compreensão do que é normal ou patológico (Quadro 2).14,15

Quadro 2

PRINCIPAIS ALTERAÇÕES FISIOLÓGICAS POR SISTEMAS NO IDOSO

Sistemas

Alterações do processo de envelhecimento

Sensorial

  • Presbiopia (diminuição da capacidade de acomodação ou de focalização de objetos próximos)
  • Diminuição do campo visual periférico
  • Diminuição da pupila e da resposta à alteração de luminosidade
  • Diminuição no paladar e olfato
  • Presbiacusia (perda de acuidade de tons de alta frequência)
  • Diminuição dos receptores cutâneos
  • Diminuição da percepção da localização espacial

Tegumentar

  • Diminuição da elasticidade da pele
  • Alteração na pigmentação da pele
  • Manchas senis
  • Redução da atividade das glândulas sudoríparas e sebáceas
  • Mudança na coloração e afinamento dos pelos
  • Redução de vascularização
  • Diminuição do crescimento das unhas

Neurológico

  • Degeneração das células nervosas
  • Redução de neurotransmissores
  • Diminuição da velocidade de condução de impulsos

Respiratório

  • Redução de cílios, alvéolos e reflexo de tosse
  • Aumento do diâmetro anteroposterior do tórax
  • Maior resistência aérea e risco de infecção

Cardiovascular

  • Espessamento e estreitamento da parede dos vasos sanguíneos
  • Perda da elasticidade dos vasos
  • Diminuição da elasticidade do débito cardíaco
  • Calcificação das valvas cardíacas
  • Menor atividade das valvas venosas
  • Aumento da pressão arterial sistólica
  • Diminuição da circulação periférica

Gastrintestinal

  • Doença periodontal
  • Diminuição de saliva, secreções gástricas e enzimas pancreáticas
  • Atrofia e elevação do pH gástrico
  • Redução do peristaltismo

Geniturinário

  • Menor quantidade de néfrons funcionais
  • Redução da capacidade da bexiga
  • Redução do fluxo sanguíneo renal
  • Aumento da próstata
  • Redução do tônus do esfincter

Endócrino

  • Diminuição da capacidade de responder ao estresse
  • Diminuição da secreção dos hormônios tireoidianos
  • Aumento de hormônios anti-inflamatórios

Imunológico

  • Diminuição do tamanho e volume do timo
  • Diminuição da função de células T
  • Aumento da temperatura central

// Fonte: Elaborado pelas autoras.

Tendo em vista as alterações fisiológicas no idoso, o exame físico cefalocaudal precisa considerar alguns fatores (Quadro 3).16

Quadro 3

FATORES A SEREM CONSIDERADOS NO EXAME FÍSICO CEFALOCAUDAL

Pele

  • Presença de lesões, hidratação e alterações

Unhas

  • Baqueteamento digital

Cabelo

  • Uso de cosméticos e desvitalização

Crânio e face

  • Tamanho, formato e assimetria
  • Presença de dores ou outras anormalidades

Olhos

  • Queixa de alterações visuais
  • Posição das estruturas oculares (globo, pálpebras, conjuntiva)

Ouvido

  • Queixa de diminuição de audição
  • Inspeção do canal auditivo

Tórax

  • Formato do tórax
  • Movimentos respiratórios irregulares
  • Ausculta pulmonar (sibilos e sons brônquicos anormais)
  • Sons cardíacos anormais (presença de sopros)

Abdome

  • Queixa de dor
  • Presença de distensão
  • Ruídos hidroaéreos hipoativos (abaixo de 8 por minuto)
  • Massas palpáveis

Genitália

  • Queixa no padrão de micção e dor
  • Presença de secreções

Membros

  • Queixa de diminuição de forma muscular ou dores articulares
  • Diminuição na força de preensão ou na amplitude de movimentos
  • Anormalidades nos pulsos periféricos
  • Tempo de enchimento capilar maior do que 2 segundos
  • Presença de vasos em membros inferiores anormais

// Fonte: Adaptado de Jiang e Li (2016).16

Instrumentos padronizados ou esquemas de avaliação formal completos podem nortear a avaliação dos dados objetivos e subjetivos que o idoso apresenta. O uso de escalas padronizadas pode incentivar práticas consistentes, ajudar a garantir a segurança e permitir a detecção de alterações.13

As escalas podem, em geral, auxiliar na avaliação da capacidade funcional, ou seja, na investigação sobre a independência e/ou autonomia na realização de atividades necessárias ou desejáveis na vida diária. São diretamente influenciadas pelas condições de saúde, em particular no contexto do ambiente e da rede de apoio social do idoso.13

A mensuração da capacidade funcional pode fornecer informações para o planejamento de cuidados a longo prazo. Para tanto, é necessária a investigação inicial das atividades de vida diária (AVDatividade de vida diárias), em três níveis de complexidade (Quadro 4).

Quadro 4

INVESTIGAÇÃO INICIAL DAS ATIVIDADES DE VIDA DIÁRIA

ABVDs

  • Habilidades necessárias para gerenciar as necessidades físicas básicas de uma pessoa, incluindo higiene ou cuidados pessoais, vestir-se, ir ao banheiro, transferir-se ou ambular e comer.

AIVDs

  • Capacidade de pensamento mais complexa, incluindo habilidades organizacionais, como transporte, compras, gerenciamento e finanças, preparo de refeições, limpeza doméstica e manutenção da casa, bem como comunicação e gerenciamento de medicamentos.

AAVDs

  • Atividades sociais, produtivas, físicas e de lazer.

ABVDs: atividades básicas de vida diária; AIVDs: atividades instrumentais ou intermediárias de vida diária; AAVDs: atividades avançadas de vida diária.

Alguns instrumentos foram desenvolvidos e validados para a língua portuguesa a fim de auxiliar na avaliação das AVDatividade de vida diárias no idoso (Quadro 5).17

Quadro 5

PRINCIPAIS INSTRUMENTOS DE AVALIAÇÃO DAS ATIVIDADES DE VIDA DIÁRIA NO IDOSO

AVDatividade de vida diária

Instrumento

Básica

  • Índex de Katz
  • Índice de Barthel
  • Escala EK
  • Medida de independência funcional

Instrumental

  • Escala de Lawton e Brody
  • Questionário de atividades instrumentais de Pfeffer

Avançada

  • Miniexame do estado mental
  • Teste de fluência verbal
  • Teste de desenho do relógio
  • Escala de depressão geriátrica

AVDatividade de vida diária: atividade de vida diária. // Fonte: Elaborado pelas autoras.

O ideal é a aplicação dos instrumentos de avaliação das AVDatividade de vida diárias, da entrevista e da avaliação objetiva na consulta de enfermagem inicial. No mínimo, um instrumento de cada nível de AVDatividade de vida diária precisa ser aplicado em conjunto com as demais técnicas. Entretanto, é preciso o envolvimento do idoso e da família no processo. Por isso, a completude dos dados pode se dar nas consultas subsequentes para estabelecer um parâmetro inicial e a base para os diagnósticos e as intervenções nas próximas etapas do processo de enfermagem.

Algumas estratégias podem auxiliar na comunicação e nos registros dos dados obtidos no histórico. O uso de acrônimos, por exemplo, pode auxiliar (Quadro 6).18

Quadro 6

USO DE ACRÔNIMOS

SPICES

S

Sono

P

Problemas na alimentação

I

Incontinência

C

Confusão

E

Evidência de quedas

S

Skin (lesões de pele)

CONHEPAS

C

Cognição/comunicação

O

Oxigenação

N

Nutrição

H

Hidratação

E

Evacuação

P

Pain (dor)/pele

A

Atividades

S

Socialização

// Fonte: Elaborado pelas autoras.

Além disso, a construção de instrumentos específicos para cada nível de atenção institucional pode ser uma alternativa de padronização e organização da coleta dos dados. Um ambulatório, por exemplo, pode estabelecer as condições mais prevalentes e os seus meios de identificação e, a partir dessas informações, organizar e agrupar em um instrumento-padrão. Entretanto, os problemas encontrados na instituição de longa permanência para idosos (ILPI) podem ser outros, trazendo a necessidade de um instrumento específico em cada cenário.

Para facilitar a construção desses instrumentos e pensando no raciocínio diagnóstico que será discutido a seguir, o instrumento pode ser organizado com base no sistema de classificação adotado na instituição.6

A NANDA-I, por exemplo, é estruturada por domínios. Então, para facilitar a identificação dos diagnósticos, desde a coleta dos dados, o instrumento pode ser organizado dessa forma. No Quadro 7, apresenta-se como exemplo a estruturação de um questionário no domínio Eliminação e troca, que poderia ser utilizado para pacientes ambulatoriais.

Quadro 7

EXEMPLO DE ESTRUTURA DE INSTRUMENTO DE COLETA DE DADOS COM BASE NA NANDA-I

Domínio 3 — Eliminação e troca

  • Qual a frequência que você vai ao banheiro?
  • Como é sua urina e suas fezes?
  • Você tem alguma perda de urina e fezes sem querer?
  • Quando você acaba de ir ao banheiro, ainda parece que continua a vontade de urinar ou defecar?
  • Tem alguma dor ou desconforto quando urina ou defeca?
  • Você precisa usar algum absorvente ou fralda? Se sim, quantos por dia?

// Fonte: Elaborado pelas autoras.

Com base nas respostas obtidas, pode-se analisar se o idoso apresenta um ou mais diagnósticos de enfermagem identificados nesse domínio, conforme será aprofundado na próxima etapa.

Diagnóstico de enfermagem

Para se estabelecer o cuidado de enfermagem gerontológico aplicando o processo de enfermagem, é imprescindível a definição prévia do suporte teórico que será utilizado como fio condutor do planejamento da assistência.4

São inúmeras as possibilidades teóricas e não existe um modelo específico. Entre elas, no que concerne ao cuidado ao idoso, podem ser descritas como possibilidades teóricas:

 

  • perspectiva life-span;
  • teoria do autocuidado;
  • teoria da promoção da saúde;
  • teoria das transições.

O importante é que essa teoria ou síntese teórica (quando se utiliza mais de uma teoria simultaneamente) represente a população e o que se planeja obter como alcance para os idosos. Assim, elas podem ser utilizadas de diferentes formas:19

 

  • identificação dos padrões para a prática de enfermagem;
  • identificação dos cenários em que a prática de enfermagem ocorrerá;
  • identificação dos processos distintos para construção de cada etapa do processo de enfermagem;
  • auxílio aos sistemas de informação clínica, em todas as etapas do processo de enfermagem;
  • direção do fornecimento dos serviços de enfermagem.

A taxonomia da NANDA-I tem como base os padrões funcionais de saúde, uma proposição teórica estabelecida por Marjorie Gordon.6 Dessa forma, ao se utilizar esse sistema de classificação, apresenta-se também uma base teórica, que pode ser utilizada no desenvolvimento da consulta de enfermagem gerontológica.

Antes do estabelecimento dos diagnósticos de enfermagem, é necessário organizar as informações coletadas. Para isso, tem-se o raciocínio clínico diagnóstico. Nesse julgamento clínico, após coletar uma variedade de informações, são realizados os agrupamentos de informações e estabelecidos os padrões de relações.6 Dessa forma, ao realizar a consulta, são percorridas as etapas do raciocínio clínico apresentadas no Quadro 8.

Quadro 8

ETAPAS DO RACIOCÍNIO CLÍNICO

Coleta dos dados

  • Avaliação inicial ou de triagem

Análise dos dados

  • Conversão dos dados em informações

Informações

  • Agrupamento de informações/identificação de um padrão

Hipóteses diagnósticas

  • Identificação dos diagnósticos potenciais

Avaliação detalhada

  • Confirmação/refutação de diagnósticos potenciais
  • Eliminação de possíveis diagnósticos
  • Novos diagnósticos potenciais
  • Diferenciação entre diagnósticos similares
  • Priorização de diagnósticos

Para determinação diagnóstica acurada, cada etapa torna-se imprescindível. Na avaliação detalhada, por vezes, é necessário retomar informações com o idoso, familiar e/ou acompanhante para auxiliar na confirmação diagnóstica. Cabe ressaltar, como uma das etapas mais importantes da avaliação, a priorização diagnóstica.

Para isso, podem ser estabelecidos alguns critérios, como:

 

  • demandas primordiais;
  • queixas/desejos do paciente;
  • tempo para se alcançar os resultados (médio, curto ou longo prazo).

Cabe ressaltar que a consulta de enfermagem é um processo contínuo e que o cuidado não se finda em uma única consulta.

Assim, à medida que se cuida de um idoso e sua família, os diagnósticos prioritários podem se modificar e se tem mais oportunidade para conhecer as demandas e especificidades do idoso. Da mesma forma, para o estabelecimento de todo o processo de enfermagem, o mais importante é a identificação dos diagnósticos nos quais o enfermeiro pode atuar em todas as cinco etapas, e não o número de diagnósticos identificados, mas que não se realiza um plano terapêutico.

Após o estabelecimento da teoria e a realização da primeira etapa — a coleta de dados, com o raciocínio clínico —, o enfermeiro determina os diagnósticos de enfermagem que irão orientar a intervenção ao idoso. Assim, na segunda etapa do processo de enfermagem, ocorre o diagnóstico de enfermagem.6

O diagnóstico de enfermagem é definido como o julgamento clínico sobre uma resposta humana a condições de saúde/processos de vida ou vulnerabilidade a essa resposta, no indivíduo, na família, no grupo ou na comunidade.6

Dentro dessas características, os idosos apresentam alguns padrões comuns de respostas, que podem ser correlacionados aos domínios da NANDA-I, que são:

  1. Promoção da saúde;
  2. Nutrição;
  3. Eliminação e troca;
  4. Atividade e repouso;
  5. Percepção/cognição;
  6. Autopercepção;
  7. Papéis e relacionamentos;
  8. Sexualidade;
  9. Enfrentamento/tolerância ao estresse;
  10. Princípios da vida;
  11. Segurança/proteção;
  12. Conforto;
  13. Crescimento/desenvolvimento.

Para o cuidado aos idosos, serão utilizados os 12 primeiros domínios, exceto o domínio Crescimento/desenvolvimento, por se relacionar à população infantil. Hoje em dia, na NANDA-I, tem-se um total de 244 diagnósticos de enfermagem.6 Os diagnósticos atribuídos ao cuidado do idoso estão distribuídos em todos os 12 domínios mencionados.

A escolha e a priorização daqueles diagnósticos que serão utilizados no instrumento de consulta podem ser feitas de diferentes formas, a partir da vivência e do conhecimento clínico da população de acompanhamento, da revisão dos registros de enfermagem da população em acompanhamento ou do suporte de evidências da literatura. Cabe ressaltar que, conforme ocorrerem mudanças no perfil populacional dos idosos em acompanhamento, também será necessário elencar diferentes diagnósticos de enfermagem.

Os enfermeiros fazem o diagnóstico dos problemas existentes no indivíduo, na família ou na comunidade (diagnósticos reais ou sindrômicos), potenciais (diagnósticos de risco) e aqueles que referem a motivação ou o desejo de bem-estar (diagnósticos de promoção à saúde).20

Além disso, na determinação das respostas humanas apresentadas pelo idoso, associadas a um processo específico de saúde e doença, existem as características definidoras, que representam as manifestações do problema (diagnóstico de enfermagem). São os indicadores ou as inferências observadas, que agrupadas representam as manifestações do diagnóstico de enfermagem.6

Os indicadores observados constituirão o aspecto central para confirmar se o idoso possui ou não aquele diagnóstico. Dessa forma, a determinação do diagnóstico de enfermagem se dará pela determinação das respostas do indivíduo em consequência dos seus problemas de saúde e processos da vida.20

De forma complementar, o Quadro 9 apresenta os demais constituintes.6

Quadro 9

INDICADORES CONSTITUINTES

Fatores relacionados

  • São as causas e os fatores contribuintes.

Fatores de risco

  • São determinantes, potencializam o risco.

Populações em risco

  • São grupos de pessoas que possuem alguma característica comum e que torna essas pessoas mais suscetíveis a determinada resposta humana.

Condições associadas

  • São diagnósticos médicos, lesões, procedimentos, dispositivos médicos ou agentes farmacêuticos.
  • Não serão independentemente modificáveis pelo enfermeiro.

// Fonte: Adaptado de Herdman e Kamitsuru (2018).6

No Quadro 10, são apresentados potenciais diagnósticos de enfermagem.6

Quadro 10

DIAGNÓSTICOS DE ENFERMAGEM PARA CONSULTA DE ENFERMAGEM GERONTOLÓGICA

Domínio

Título diagnóstico

Definição

1

Controle ineficaz da saúde

  • Padrão de regulação e integração à vida diária de um regime terapêutico para tratamento de doenças e suas sequelas que é insatisfatório para alcançar metas específicas de saúde.

1

Risco de síndrome do idoso frágil

  • Suscetibilidade a estado dinâmico de equilíbrio instável que afeta o idoso que passa por deterioração em um ou mais domínios de saúde (físico, funcional, psicológico ou social) e leva ao aumento da suscetibilidade a efeitos de saúde adversos, em particular a incapacidade.

2

Risco de glicemia instável

  • Suscetibilidade à variação dos níveis séricos de glicose em relação à faixa normal que pode comprometer a saúde.

2

Risco de volume de líquidos deficiente

  • Suscetibilidade à diminuição do volume de líquido intravascular, intersticial e/ou intracelular que pode comprometer a saúde.

3

Incontinência urinária de urgência

  • Perda involuntária de urina que ocorre imediatamente após uma forte sensação de urgência para urinar.

4

Distúrbio no padrão de sono

  • Despertares com tempo limitado em razão de fatores externos.

4

Risco de pressão arterial instável

  • Suscetibilidade a forças oscilantes de fluxo sanguíneo pelos vasos arteriais que pode comprometer a saúde.

5

Memória prejudicada

  • Incapacidade persistente de recordar ou recuperar partes de informações ou habilidades.

6

Baixa autoestima crônica

  • Avaliação e/ou sentimentos negativos sobre as próprias capacidades, com duração de, pelo menos, 3 meses.

7

Processos familiares disfuncionais

  • Funcionamento familiar que falha em sustentar o bem-estar de seus membros.

7

Interação social prejudicada

  • Quantidade insuficiente ou excessiva, ou qualidade ineficaz, de troca social.

8

Disfunção sexual

  • Estado em que o indivíduo passa por mudança na função sexual, durante as fases de resposta sexual de desejo, excitação e/ou orgasmo, o que é visto como insatisfatório, não recompensador ou inadequado.

9

Ansiedade

  • Sentimento vago e incômodo de desconforto ou temor, acompanhado por resposta autonômica (a fonte é frequentemente não específica ou desconhecida para o indivíduo).
  • Sentimento de apreensão causado pela antecipação de perigo.
  • Sinal de alerta que chama a atenção para um perigo iminente e permite ao indivíduo tomar medidas para lidar com a ameaça.

9

Tristeza crônica

  • Padrão cíclico, recorrente e potencialmente progressivo de tristeza disseminada, vivenciada (por pai/mãe, cuidador ou indivíduo com doença crônica ou deficiência) em resposta à perda contínua ao longo da trajetória de uma doença ou deficiência.

10

Religiosidade prejudicada

  • Capacidade prejudicada de confiar em crenças e/ou participar de rituais de alguma fé.

11

Dentição prejudicada

  • Ruptura nos padrões de desenvolvimento/erupção dentários ou na integridade estrutural de cada dente.

11

Risco de integridade da pele prejudicada

  • Suscetibilidade à alteração na epiderme e/ou derme que pode comprometer a saúde.

11

Risco de quedas

  • Suscetibilidade aumentada a quedas que pode causar dano físico e comprometer a saúde.

12

Dor crônica

  • Experiência sensorial e emocional desagradável associada a lesão tissular real ou potencial ou descrita em termos de tal lesão (International Association for the Study of Pain).
  • Início súbito ou lento, de intensidade leve a intensa, constante ou recorrente, sem término antecipado ou previsível e com duração maior do que 3 meses.

// Fonte: Elaborado pelas autoras.

ATIVIDADES

1. A avaliação da capacidade funcional deve ser realizada no atendimento de todo paciente idoso. Para tanto, podem ser utilizados instrumentos para classificação do nível de dependência nesse paciente. Observe as alternativas sobre os instrumentos que auxiliam na análise das ABVDs.

I. Índex de Katz.

II. Índice de Barthel.

III. Escala de Lawton e Brody.

IV. Medida de independência funcional.

Quais estão corretas?

a Apenas a I e a II.

b Apenas a I, a II e a IV.

c Apenas a I, a III e a IV.

d Apenas a II, a III e a IV.

Confira aqui a resposta

Resposta incorreta. A alternativa correta é a "B".


A escala de Lawton e Brody é utilizada para avaliação das AIVDs.

Resposta correta.


A escala de Lawton e Brody é utilizada para avaliação das AIVDs.

A alternativa correta é a "B".


A escala de Lawton e Brody é utilizada para avaliação das AIVDs.

2. As alterações do processo de envelhecimento precisam ser consideradas na coleta de dados. A partir disso, que características a pele do idoso pode apresentar?

a Aumento da atividade das glândulas sudoríparas e sebáceas.

b Mudança na coloração e no alargamento dos pelos.

c Redução da vascularização.

d Aumento do crescimento das unhas.

Confira aqui a resposta

Resposta incorreta. A alternativa correta é a "C".


A pele do idoso apresenta diminuição da atividade das glândulas sudoríparas e sebáceas, afinamento dos pelos, diminuição do crescimento das unhas e redução da vascularização.

Resposta correta.


A pele do idoso apresenta diminuição da atividade das glândulas sudoríparas e sebáceas, afinamento dos pelos, diminuição do crescimento das unhas e redução da vascularização.

A alternativa correta é a "C".


A pele do idoso apresenta diminuição da atividade das glândulas sudoríparas e sebáceas, afinamento dos pelos, diminuição do crescimento das unhas e redução da vascularização.

3. Quanto à Resolução nº 429/2012 do Cofen, assinale a alternativa correta.

a Define o processo de enfermagem como instrumento de planejamento do cuidado do enfermeiro e do registro de suas ações profissionais.

b Exige cautela na etapa de histórico de enfermagem, pois um dado não assertivo pode levar a diagnósticos e intervenções equivocadas e comprometer o estado de saúde do paciente.

c Dispõe sobre a SAEsistematização da assistência de enfermagem como estratégia profissional do enfermeiro, de organização do método, de pessoal e de instrumentos, para auxílio na operacionalização do processo de enfermagem, em ambientes públicos e/ou privados.

d Torna obrigatório o registro das ações do enfermeiro no prontuário do paciente, seja eletrônico ou impresso, em todas as cinco etapas do processo de enfermagem.

Confira aqui a resposta

Resposta incorreta. A alternativa correta é a "D".


De acordo com a Resolução nº 429/2012 do Cofen, é obrigatório o registro das ações do enfermeiro no prontuário do paciente, seja eletrônico ou impresso, em todas as cinco etapas do processo de enfermagem, e não somente na primeira etapa da coleta de dados.

Resposta correta.


De acordo com a Resolução nº 429/2012 do Cofen, é obrigatório o registro das ações do enfermeiro no prontuário do paciente, seja eletrônico ou impresso, em todas as cinco etapas do processo de enfermagem, e não somente na primeira etapa da coleta de dados.

A alternativa correta é a "D".


De acordo com a Resolução nº 429/2012 do Cofen, é obrigatório o registro das ações do enfermeiro no prontuário do paciente, seja eletrônico ou impresso, em todas as cinco etapas do processo de enfermagem, e não somente na primeira etapa da coleta de dados.

4. Com relação aos domínios da taxonomia da NANDA-I utilizados na consulta de enfermagem ao idoso, observe as alternativas a seguir.

I. Promoção da saúde.

II. Percepção/cognição.

III. Segurança/proteção.

IV. Crescimento/desenvolvimento.

Quais estão corretas?

a Apenas a I e a II.

b Apenas a I, a II e a III.

c Apenas a I, a III e a IV.

d Apenas a II, a III e a IV.

Confira aqui a resposta

Resposta incorreta. A alternativa correta é a "B".


O domínio 13 da taxonomia da NANDA-I, crescimento/desenvolvimento, é o único que não apresenta diagnósticos de enfermagem aplicáveis à população idosa.

Resposta correta.


O domínio 13 da taxonomia da NANDA-I, crescimento/desenvolvimento, é o único que não apresenta diagnósticos de enfermagem aplicáveis à população idosa.

A alternativa correta é a "B".


O domínio 13 da taxonomia da NANDA-I, crescimento/desenvolvimento, é o único que não apresenta diagnósticos de enfermagem aplicáveis à população idosa.

5. No que se refere às alterações fisiológicas do sistema neurológico em idosos, assinale a alternativa correta.

a Diminuição da velocidade de condução de impulsos.

b Diminuição da percepção da localização espacial.

c Diminuição do campo visual periférico.

d Diminuição da capacidade de responder ao estresse.

Confira aqui a resposta

Resposta incorreta. A alternativa correta é a "A".


A diminuição da percepção da localização espacial e a diminuição do campo visual periférico são alterações fisiológicas do sistema sensorial em idosos. A diminuição da capacidade de responder ao estresse é uma alteração fisiológica do sistema endócrino em idosos.

Resposta correta.


A diminuição da percepção da localização espacial e a diminuição do campo visual periférico são alterações fisiológicas do sistema sensorial em idosos. A diminuição da capacidade de responder ao estresse é uma alteração fisiológica do sistema endócrino em idosos.

A alternativa correta é a "A".


A diminuição da percepção da localização espacial e a diminuição do campo visual periférico são alterações fisiológicas do sistema sensorial em idosos. A diminuição da capacidade de responder ao estresse é uma alteração fisiológica do sistema endócrino em idosos.

6. Quanto às dimensões que precisam ser consideradas na avaliação de enfermagem ao idoso, correlacione a primeira e a segunda colunas.

1 Dimensão clínica

2 Dimensão psicossocial

3 Dimensão funcional

Considera os aspectos relacionados à cognição, à memória, ao humor, aos comportamentos e à saúde mental.

Abrange o histórico de saúde-doença na avaliação ampliada e centrada no idoso e o exame físico.

Avalia, de forma objetiva, a capacidade ou não de realizar AVDatividade de vida diárias, utilizando diferentes habilidades.

Assinale a alternativa que apresenta a sequência correta.

a 3 — 1 — 2

b 2 — 3 — 1

c 2 — 1 — 3

d 1 — 3 — 2

Confira aqui a resposta

Resposta incorreta. A alternativa correta é a "C".


A dimensão clínica abrange o histórico de saúde-doença na avaliação ampliada e centrada no idoso e o exame físico, buscando identificar a presença de agravos (quedas, hematomas, fraturas, entre outros), doenças crônicas e agudas, hábitos, antecedentes familiares, quantidade e tipos de medicamentos utilizados. A dimensão psicossocial considera os aspectos relacionados à cognição, à memória, ao humor, aos comportamentos e à saúde mental, atentando para situações de sofrimento psíquico e transtornos mentais estabelecidos, suporte familiar e social, bem como questões econômicas, culturais, ambientais, étnico-raciais e de gênero. A dimensão funcional avalia, de forma objetiva, a capacidade ou não de realizar AVDatividade de vida diárias, utilizando diferentes habilidades.

Resposta correta.


A dimensão clínica abrange o histórico de saúde-doença na avaliação ampliada e centrada no idoso e o exame físico, buscando identificar a presença de agravos (quedas, hematomas, fraturas, entre outros), doenças crônicas e agudas, hábitos, antecedentes familiares, quantidade e tipos de medicamentos utilizados. A dimensão psicossocial considera os aspectos relacionados à cognição, à memória, ao humor, aos comportamentos e à saúde mental, atentando para situações de sofrimento psíquico e transtornos mentais estabelecidos, suporte familiar e social, bem como questões econômicas, culturais, ambientais, étnico-raciais e de gênero. A dimensão funcional avalia, de forma objetiva, a capacidade ou não de realizar AVDatividade de vida diárias, utilizando diferentes habilidades.

A alternativa correta é a "C".


A dimensão clínica abrange o histórico de saúde-doença na avaliação ampliada e centrada no idoso e o exame físico, buscando identificar a presença de agravos (quedas, hematomas, fraturas, entre outros), doenças crônicas e agudas, hábitos, antecedentes familiares, quantidade e tipos de medicamentos utilizados. A dimensão psicossocial considera os aspectos relacionados à cognição, à memória, ao humor, aos comportamentos e à saúde mental, atentando para situações de sofrimento psíquico e transtornos mentais estabelecidos, suporte familiar e social, bem como questões econômicas, culturais, ambientais, étnico-raciais e de gênero. A dimensão funcional avalia, de forma objetiva, a capacidade ou não de realizar AVDatividade de vida diárias, utilizando diferentes habilidades.

Planejamento de enfermagem

A terceira etapa do processo de enfermagem é o planejamento de enfermagem, definido como a determinação dos resultados que se espera alcançar e das ações ou intervenções de enfermagem que serão realizadas face às respostas da pessoa, família ou coletividade humana em um dado momento do processo de saúde e doença, identificadas na etapa de diagnóstico de enfermagem.4 Tanto a definição do resultado quanto a determinação da intervenção são definidas com base nos diagnósticos de enfermagem selecionados.

Como descrito, a etapa de planejamento de enfermagem é constituída por duas partes. A primeira parte é a definição dos resultados. Nela, é importante estabelecer os resultados esperados prioritários e as metas de acordo com o tempo que se possui.

Para tanto, como sistema de classificação, será utilizada a NOCClassificação dos resultados de enfermagem para os resultados de enfermagem7 e na etapa da avaliação. É importante observar que os resultados são voltados para o paciente, nesse caso, o idoso.

Para a NOCClassificação dos resultados de enfermagem, entende-se como resultado de enfermagem um estado, comportamento ou percepção do indivíduo, da família ou da comunidade, que é medido ao longo de um contínuo na resposta a uma intervenção ou intervenções de enfermagem.7

Os resultados da NOCClassificação dos resultados de enfermagem são constituídos por:20

 

  • um nome identificador (título);
  • uma definição;
  • uma escala de Likert para medida de 5 pontos, que quantifica o estado do paciente;
  • uma lista de indicadores de saúde para determinar a condição clínica em relação ao resultado que se espera alcançar.

A escala de Likert apresenta pontuação de 1 a 5, em que geralmente 1 representa a pior condição do resultado e 5 representa a melhor condição. Para avaliar como o idoso está respondendo ao resultado estabelecido para resolução do diagnóstico de enfermagem, são feitas as medidas de pontuação, em que se avalia a relação entre a pontuação basal do resultado e a(s) pontuação(ões) pós-intervenção do resultado (Figura 2).

FIGURA 2: Exemplo da NOCClassificação dos resultados de enfermagem para o resultado de enfermagem Continência urinária. // Fonte: Arquivo de imagens das autoras.

O tempo de progressão e o acompanhamento de metas serão planejados especificamente para cada idoso, assim como para cada resultado. Em alguns casos, a meta será que o idoso melhore sua condição de saúde até o restabelecimento completo (pontuação 5). Por exemplo, para o resultado de enfermagem Continência urinária, tem-se o seguinte:

 

  • resultado basal/atual: 2;
  • resultado esperado: 4;
  • tempo para avaliação do alcance do resultado: 30 dias.

Em outros casos, a meta será manter o estado que o idoso já apresenta.

A cada nova consulta, é necessário avaliar se os resultados esperados tiveram alguma modificação, ou seja, se foram alcançados ou não e estabelecer a meta terapêutica para aquele intervalo de acompanhamento até a próxima consulta.

A segunda parte do planejamento de enfermagem é a determinação das intervenções de enfermagem. Após a determinação dos resultados, são estabelecidas as intervenções que serão realizadas pelo enfermeiro e por sua equipe de enfermagem. Desse modo, como sistema de classificação, será utilizada a NICClassificação das intervenções de enfermagem,8 usada nessa etapa e na seguinte, para implementação das ações.

Para a NICClassificação das intervenções de enfermagem, entende-se como intervenção de enfermagem qualquer tratamento com base no julgamento e no conhecimento clínico, realizado por um enfermeiro para melhorar os resultados no paciente.

As intervenções NICClassificação das intervenções de enfermagem são classificadas em três tipos:8

 

  • intervenção direta — tratamento realizado por meio da interação com o paciente;
  • intervenção indireta — tratamento realizado sem o contato direto com o paciente, mas em seu benefício;
  • intervenção comunitária — abordagem dirigida a fomentar e manter a saúde das populações.

Na NICClassificação das intervenções de enfermagem, as intervenções são constituídas por título, definição e atividades (Quadro 11). As atividades são entendidas como ações específicas realizadas pela equipe de enfermagem para levar a cabo uma intervenção, as quais auxiliam o paciente a avançar até o resultado desejado.8 Elas constituem a parte prática que terá enfoque dentro do planejamento da assistência, embora, nessa etapa, não sejam realizadas as ações, apenas o planejamento.

Quadro 11

EXEMPLO DA CLASSIFICAÇÃO DAS INTERVENÇÕES DE ENFERMAGEM PARA O RESULTADO CONTINÊNCIA URINÁRIA

Título de intervenção NICClassificação das intervenções de enfermagem

Treinamento vesical

Definição

  • Melhora do funcionamento da bexiga para pessoas com incontinência de urgência, aumentando a capacidade da bexiga em manter a urina e a capacidade do paciente para suprimir a micção.

Atividades

  • Determinar a capacidade de reconhecer a urgência miccional.
  • Encorajar o paciente a manter um diário de micção.
  • Revisar o diário miccional com o paciente.
  • Discutir os registros diários da continência com o paciente para dar apoio.

NICClassificação das intervenções de enfermagem: Classificação das Intervenções de Enfermagem. // Fonte: Elaborado pelas autoras.

Em uma consulta de enfermagem gerontológica, as intervenções serão realizadas pelo enfermeiro e por sua equipe durante o momento da consulta. Portanto, é de extrema importância a inclusão do idoso, de sua família e/ou cuidadores nesse processo de cuidado. Assim, será garantido que a assistência domiciliar terá continuidade.

As estratégias de orientação e educação — como folhetos, guias e cartilhas — são imprescindíveis para a aderência aos cuidados em saúde estabelecidos pelo enfermeiro.

No que tange à consulta de enfermagem gerontológica, de acordo com os diagnósticos de enfermagem previamente estabelecidos, é possível elencar os possíveis resultados de enfermagem e intervenções de enfermagem (Quadro 12).

Quadro 12

RESULTADOS E INTERVENÇÕES DE ENFERMAGEM PARA CONSULTA DE ENFERMAGEM GERONTOLÓGICA

Domínio/título diagnóstico

Resultado de enfermagem — NOCClassificação dos resultados de enfermagem

Intervenção de enfermagem — NICClassificação das intervenções de enfermagem

Atividade de enfermagem — NICClassificação das intervenções de enfermagem

1/Controle ineficaz da saúde

Comportamento de adesão

Aconselhamento

  • Encorajar a substituição de hábitos indesejáveis por hábitos desejáveis.

1/Risco de síndrome do idoso frágil

Estado nutricional

Assistência para ganho de peso

  • Orientar sobre formas de aumentar a ingestão calórica.
  • Monitorar diariamente as calorias consumidas.

2/Risco de glicemia instável

Conhecimento: regime de tratamento

Controle de hiperglicemia

  • Monitorar os níveis de glicose sanguínea.
  • Incentivar a ingestão oral de líquidos.
  • Orientar o idoso e as pessoas próximas no controle do diabetes.

2/Risco de volume de líquidos deficiente

Hidratação

Monitoração hídrica

  • Estabelecer o histórico de quantidade e tipo de ingesta de líquidos e hábitos de eliminação.
  • Examinar turgidez da pele pegando o tecido em uma área ossuda.

3/Incontinência urinária de urgência

Continência urinária

Treinamento vesical

  • Determinar a capacidade de reconhecer a urgência miccional.
  • Encorajar o paciente a manter um diário de micção.
  • Revisar o diário miccional com o paciente.

4/Distúrbio no padrão de sono

Sono; Bem-estar pessoal

Melhora do sono

  • Monitorar/registrar o padrão de sono do idoso e o número de horas dormidas.
  • Orientar o idoso a evitar alimentos e bebidas que interfiram no sono.

4/Risco de pressão arterial instável

Aceitação: medicamento prescrito

Controle de medicamentos

  • Monitorar a adesão ao esquema terapêutico.

5/Memória prejudicada

Memória; Concentração

Estimulação cognitiva

  • Encorajar o uso de um programa de multiestimulação para promover e proteger a capacidade cognitiva (p. ex., cantar e ouvir música, exercícios de estimulação cognitiva e da memória, atividades criativas, exercícios físicos, resolução de problemas, conversa, entre outros).

6/Baixa autoestima crônica

Autoestima

Fortalecimento da autoestima

  • Auxiliar o estabelecimento de metas realistas para alcançar maior autoestima.

7/Processos familiares disfuncionais

Integridade familiar

Apoio emocional

  • Auxiliar o idoso a reconhecer seus sentimentos, como ansiedade, raiva ou tristeza.
  • Fornecer apoio durante os momentos de luto, negação, raiva, barganha e aceitação.

7/Interação social prejudicada

Envolvimento social

Melhora da socialização

  • Encorajar o maior envolvimento em relacionamentos já estabelecidos.
  • Encorajar atividades sociais e comunitárias.

8/Disfunção sexual

Funcionamento sexual

Aconselhamento sexual

  • Discutir o efeito das alterações da sexualidade conforme aspectos relevantes.
  • Discutir alternativas de expressão sexual que sejam aceitáveis para o idoso.

9/Ansiedade

Autocontrole da ansiedade

Redução da ansiedade

  • Auxiliar o paciente a identificar situações que precipitam a ansiedade.
  • Orientar o paciente sobre o uso de técnicas de relaxamento.

9/Tristeza crônica

Bem-estar pessoal

Promoção da resiliência; Apoio emocional

  • Encorajar o desenvolvimento e a adesão às rotinas e tradições familiares.
  • Ouvir e encorajar a expressão de sentimentos e crenças.
  • Encaminhar o idoso para aconselhamento, quando apropriado.

10/Religiosidade prejudicada

Saúde espiritual

Estímulo para rituais religiosos

  • Encorajar o planejamento e a participação em rituais, conforme apropriado.
  • Explorar alternativas para adoração.
  • Encorajar a discussão sobre preocupações religiosas.

11/Dentição prejudicada

Autocuidado: higiene oral

Manutenção da saúde oral

  • Incentivar os portadores de próteses a escovar a gengiva e a língua e a enxaguar diariamente a cavidade oral.
  • Desencorajar o fumo e o hábito de mascar fumo.

11/Risco de integridade da pele prejudicada

Hidratação; Elasticidade

Supervisão da pele

  • Orientar o idoso e a família quanto aos sinais de ruptura da pele.
  • Orientar hidratação diária da pele.

11/Risco de quedas

Ocorrência de quedas

Prevenção contra quedas

  • Rever o histórico de quedas com o idoso e a família.
  • Orientar o idoso e a família sobre a manutenção de um ambiente livre de riscos.
  • Orientar sobre o uso de calçados seguros e dispositivos de auxílio (bengalas e andadores) quando apropriado.
  • Orientar sobre programa de exercícios físicos que inclua caminhar.

12/Dor crônica

Nível de dor

Controle da dor

  • Encorajar o idoso e a família a monitorar a dor e a intervir apropriadamente.
  • Utilizar uma abordagem multidisciplinar para tratamento da dor, quando apropriado.

NOCClassificação dos resultados de enfermagem: Classificação dos Resultados de Enfermagem; NICClassificação das intervenções de enfermagem: Classificação das Intervenções de Enfermagem. // Fonte: Elaborado pelas autoras.

Implementação

Na quarta etapa do processo de enfermagem, ocorre a implementação, definida como a realização das ações ou intervenções determinadas na etapa de planejamento de enfermagem.4 É nesse momento que de fato as ações são realizadas.

Cabe ressaltar que, durante a consulta de enfermagem, as etapas podem ocorrer de maneira interdependente, realizando-se a implementação das intervenções e, somente após, realizando-se o registro das etapas do processo.

Ao se realizar a implementação das ações no idoso, é importante respeitar seus hábitos, costumes e suas culturas, mantendo-se o ambiente privativo. Além disso, é de extrema relevância que, ao mesmo tempo que são realizadas as ações, também sejam feitas as orientações ao idoso e à família, com posterior confirmação/validação do aprendizado da informação. Dessa forma, possibilita-se que o idoso possa desenvolver em seu domicílio os cuidados orientados de forma acurada.

Avaliação

A última etapa do processo de enfermagem é a avaliação, definida como um método deliberado, sistemático e contínuo de verificação de mudanças nas respostas da pessoa, família ou coletividade humana em um dado momento do processo saúde e doença, para determinar se as ações ou intervenções de enfermagem alcançaram o resultado esperado. Trata-se da verificação da necessidade de mudanças ou adaptações nas etapas do processo de enfermagem.4

Na avaliação, é verificado se as intervenções de enfermagem representaram melhora nos diagnósticos de enfermagem do paciente. Se não, podem indicar a necessidade de algum acerto no processo de enfermagem, como nova coleta de dados para identificação de diagnósticos mais assertivos, mudanças nas intervenções ou estabelecimento de novas metas mais realistas ao paciente (Figura 3).

FIGURA 3: Contexto da avaliação como etapa do processo de enfermagem. // Fonte: Arquivo de imagens das autoras.

Pela NOCClassificação dos resultados de enfermagem, na avaliação, remete-se à análise do alcance das metas estabelecidas na etapa de planejamento.7 Para que os resultados sejam úteis e aqueles desejados pelo idoso, é necessário que:21

 

  • sejam específicos;
  • sejam realistas ou realizáveis;
  • sejam mensuráveis;
  • indiquem um prazo definido para a realização ou revisão;
  • considerem os desejos e os recursos do cliente.

Pensando nos fatores específicos dos resultados, faz-se necessário considerar o processo de coleta de dados na avaliação. Se a coleta apresentou algum tipo de lacuna, pode comprometer a particularidade do diagnóstico e o resultado na avaliação.

Se um idoso, por exemplo, foi classificado como parcialmente dependente, mas era totalmente dependente, um diagnóstico de enfermagem de deambulação prejudicada pode não ser indicado, mas sim de mobilidade no leito prejudicada, que remete a intervenções e avaliações diferentes.

Do mesmo modo, o estabelecimento de metas realistas na fase de planejamento precisa ser considerado. As alterações nas condições de saúde nos idosos podem ser diferentes das esperadas nos adultos. O reconhecimento precoce e o tratamento das alterações podem prevenir situações mais graves, mas precisam ser adequados à clientela.18

Caso um idoso com ferida tumoral não apresente melhora na integridade da pele, isso pode ser um resultado realista para aquele paciente. O fato de não piorar já pode ser uma avaliação adequada na perspectiva realista.

Esse contexto também se aplica à mensuração dos resultados. O tipo de instrumento ou a escala utilizada na avaliação deve seguir o mesmo parâmetro da coleta de dados e ser coerente com o que precisa ser medido.22

Um idoso acamado com risco de lesão por pressão e em uso de fraldas, se apresentar dermatite associada à incontinência, pode precisar de outros instrumentos, além da escala de Braden, para avaliação da pele, visto que já existem instrumentos específicos para essa mensuração.

Outro ponto importante é o tempo estabelecido para avaliação. As especificidades do processo de envelhecimento podem retardar boa parte das respostas do idoso e precisam ser consideradas nesse planejamento do tempo.

A cicatrização de uma lesão superficial — que dura 7 dias em um paciente jovem, se utilizada a cobertura correta — pode necessitar de um tempo de 14 ou mais dias no idoso de 80 anos. Isso não significa que a intervenção foi incoerente. É necessário ter conhecimento da fisiologia da pele do idoso para entender o processo e estabelecer o tempo necessário de avaliação.

Os resultados desejados do cliente são criados listando-se itens e comportamentos que podem ser observados ou ouvidos.21 A priorização das ações precisa ser uma parceria entre o idoso e a equipe de saúde, o que pode ser mutável, de modo que seja estabelecida em conjunto com o paciente para que haja um acordo no plano de cuidados. Caso isso não ocorra, a avaliação dos resultados pode ser comprometida.

Como auxílio nessa avaliação, alguns questionamentos frequentes podem ajudar, avaliando-se as variáveis que podem interferir nos resultados obtidos (Quadro 13).

Quadro 13

QUESTIONAMENTOS SOBRE OS RESULTADOS OBTIDOS NO IDOSO

Específico

  • O resultado foi específico para este diagnóstico de enfermagem?
  • As características definidoras e os fatores relacionados e de risco são associados a este idoso?

Realista

  • A meta estabelecida para este idoso é possível?
  • As alterações do processo de envelhecimento, para essa meta, foram consideradas?

Mensurável

  • A escala ou o instrumento utilizado para a mensuração do resultado foi o mesmo da coleta de dados?
  • Esse instrumento foi capaz de mensurar o problema identificado na coleta de dados?

Prazo

  • O tempo aguardado para o resultado considerou as alterações do processo de envelhecimento?
  • O idoso precisa de mais tempo para avaliação?

Desejável

  • Esse resultado foi pactuado com o idoso?
  • O idoso realizou as intervenções planejadas? Se não, por quê?

// Fonte: Elaborado pelas autoras.

Outro ponto que também pode interferir nos resultados do idoso é a necessidade conjunta de atuação da equipe multiprofissional. A melhora ou a piora identificada no quadro pode não ser exclusiva da enfermagem, pois os cuidados são realizados em uma abordagem conjunta com outras disciplinas.21

No entanto, os indicadores NOCClassificação dos resultados de enfermagem para resultados geralmente são mais sensíveis às intervenções de enfermagem. Isso pode demonstrar a contribuição para a melhoria do idoso e para o rastreamento das mudanças. Os resultados identificados em cada plano de cuidados podem ser apresentados em termos mais específicos e organizados.21

Um exemplo de avaliação de resultados pela NOCClassificação dos resultados de enfermagem consta no Quadro 14.

Quadro 14

EXEMPLO DO PROCESSO DE ENFERMAGEM AO IDOSO COM QUEIXA URINÁRIA

Etapa do processo de enfermagem

Análise do paciente

Histórico (coleta de dados)

  • Dona Amélia queixa-se de “não conseguir segurar o xixi até chegar ao banheiro”.

Diagnóstico de enfermagem (NANDA-I)

  • Incontinência urinária de urgência relacionada ao relaxamento involuntário do esfincter caracterizada por incapacidade de chegar ao banheiro a tempo de evitar a perda de urina.

Planejamento de enfermagem

  • Intervenção (NICClassificação das intervenções de enfermagem): Treinamento vesical
  • Meta (NOCClassificação dos resultados de enfermagem): Continência urinária
  • Indicador: Reconhece a vontade de urinar (2/4) — 30 dias

Intervenção de enfermagem (NICClassificação das intervenções de enfermagem)

  • Indicar treinamento vesical
  • Determinar a capacidade de reconhecer a urgência miccional
  • Encorajar o paciente a manter um diário de micção
  • Revisar o diário miccional com o paciente

Avaliação de enfermagem (NOCClassificação dos resultados de enfermagem)

  • Após 30 dias
  • Resultado: Continência urinária
  • Indicador: Reconhece a vontade de urinar (4) — meta alcançada

NANDA-I: NANDA International, Inc.; NOCClassificação dos resultados de enfermagem: Classificação dos Resultados de Enfermagem; NICClassificação das intervenções de enfermagem: Classificação das Intervenções de Enfermagem. // Fonte: Elaborado pelas autoras.

No exemplo do Quadro 14, após o tempo preestabelecido de 30 dias, a dona Amélia foi reavaliada e alcançou a meta pela NOCClassificação dos resultados de enfermagem.4 Cabe destacar que a escala máxima seria 5, mas foi estabelecida uma meta possível dada as condições do processo de envelhecimento da paciente. Caso o resultado obtido fosse inferior, seria necessária uma revisão no processo de enfermagem, desde a coleta de dados, o diagnóstico e as intervenções mais assertivas para a idosa.

Outra possibilidade de avaliação do paciente idoso é a utilização periódica das mesmas escalas apresentadas na etapa de histórico. Dependendo do quadro da classificação de dependência, o prazo de reavaliação pode variar:

 

  • independência na realização das AVDatividade de vida diárias — 12 meses;
  • dependência parcial (necessidade de adaptação ou supervisão de terceiros nas atividades) — 6 meses;
  • dependência total nas atividades — máximo de 6 meses para novas avaliações.

Essas avaliações podem auxiliar na análise da efetividade do processo de enfermagem, isto é, no resultado obtido no idoso por meio do impacto das medidas implementadas.

Os idosos atendidos no mesmo serviço com quadros semelhantes podem facilitar na elaboração de organizações assistenciais, abordando o instrumento de coleta de dados no histórico, a listagem dos diagnósticos de enfermagem mais frequentes, os protocolos de implementação das intervenções e as escalas selecionadas para avaliação em cada caso.

ATIVIDADES

7. Observe as afirmativas sobre os resultados de enfermagem e o sistema de classificação NOCClassificação dos resultados de enfermagem para consulta gerontológica.

I. O bem-estar pessoal é um resultado de enfermagem para o diagnóstico de enfermagem Distúrbio no padrão de sono.

II. A determinação dos resultados de enfermagem é generalizada e igual para todos os idosos.

III. O tempo de acompanhamento das metas deve ser planejado especificamente para cada idoso.

Quais estão corretas?

a Apenas a I e a II.

b Apenas a I e a III.

c Apenas a II e a III.

d A I, a II e a III.

Confira aqui a resposta

Resposta incorreta. A alternativa correta é a "B".


Cada resultado de enfermagem está ligado a um diagnóstico de enfermagem previamente identificado. A determinação dos resultados de enfermagem deve ser específica para cada idoso.

Resposta correta.


Cada resultado de enfermagem está ligado a um diagnóstico de enfermagem previamente identificado. A determinação dos resultados de enfermagem deve ser específica para cada idoso.

A alternativa correta é a "B".


Cada resultado de enfermagem está ligado a um diagnóstico de enfermagem previamente identificado. A determinação dos resultados de enfermagem deve ser específica para cada idoso.

8. Quanto aos resultados de enfermagem identificados na consulta de enfermagem gerontológica, observe as alternativas a seguir.

I. Treinamento vesical.

II. Comportamento de adesão.

III. Bem-estar pessoal.

IV. Memória.

Quais estão corretas?

a Apenas a I e a II.

b Apenas a I, a II e a III.

c Apenas a I, a III e a IV.

d Apenas a II, a III e a IV.

Confira aqui a resposta

Resposta incorreta. A alternativa correta é a "D".


O treinamento vesical é uma intervenção de enfermagem definida como melhora do funcionamento da bexiga para pessoas com incontinência de urgência, aumentando a capacidade da bexiga de manter a urina e a capacidade do paciente de suprimir a micção.

Resposta correta.


O treinamento vesical é uma intervenção de enfermagem definida como melhora do funcionamento da bexiga para pessoas com incontinência de urgência, aumentando a capacidade da bexiga de manter a urina e a capacidade do paciente de suprimir a micção.

A alternativa correta é a "D".


O treinamento vesical é uma intervenção de enfermagem definida como melhora do funcionamento da bexiga para pessoas com incontinência de urgência, aumentando a capacidade da bexiga de manter a urina e a capacidade do paciente de suprimir a micção.

9. Os resultados de enfermagem e as intervenções de enfermagem são elaborados com base

a nos diagnósticos de enfermagem.

b na coleta de dados.

c no interesse do idoso.

d na avaliação de enfermagem.

Confira aqui a resposta

Resposta incorreta. A alternativa correta é a "A".


A definição dos resultados e a determinação das intervenções são definidas com base nos diagnósticos de enfermagem selecionados.

Resposta correta.


A definição dos resultados e a determinação das intervenções são definidas com base nos diagnósticos de enfermagem selecionados.

A alternativa correta é a "A".


A definição dos resultados e a determinação das intervenções são definidas com base nos diagnósticos de enfermagem selecionados.

10. Em qual etapa são determinadas as intervenções de enfermagem?

a Coleta de dados.

b Diagnóstico de enfermagem.

c Planejamento de enfermagem.

d Implementação da assistência.

Confira aqui a resposta

Resposta incorreta. A alternativa correta é a "C".


A terceira etapa do processo de enfermagem, o planejamento de enfermagem, caracteriza-se pela determinação dos resultados esperados e pela determinação das ações.

Resposta correta.


A terceira etapa do processo de enfermagem, o planejamento de enfermagem, caracteriza-se pela determinação dos resultados esperados e pela determinação das ações.

A alternativa correta é a "C".


A terceira etapa do processo de enfermagem, o planejamento de enfermagem, caracteriza-se pela determinação dos resultados esperados e pela determinação das ações.

11. Observe as alternativas sobre as características dos resultados na avaliação de enfermagem ao idoso.

I. Devem ser específicos.

II. Devem ser realistas ou realizáveis.

III. Devem ser mensuráveis.

IV. Devem considerar somente a clínica.

Quais estão corretas?

a Apenas a I e a II.

b Apenas a I, a II e a III.

c Apenas a I, a III e a IV.

d Apenas a II, a III e a IV.

Confira aqui a resposta

Resposta incorreta. A alternativa correta é a "B".


As características dos resultados na avaliação de enfermagem ao idoso são: devem ser específicos, realistas ou realizáveis, mensuráveis; devem indicar um prazo definido para a realização ou revisão; devem considerar os desejos e os recursos do cliente.

Resposta correta.


As características dos resultados na avaliação de enfermagem ao idoso são: devem ser específicos, realistas ou realizáveis, mensuráveis; devem indicar um prazo definido para a realização ou revisão; devem considerar os desejos e os recursos do cliente.

A alternativa correta é a "B".


As características dos resultados na avaliação de enfermagem ao idoso são: devem ser específicos, realistas ou realizáveis, mensuráveis; devem indicar um prazo definido para a realização ou revisão; devem considerar os desejos e os recursos do cliente.

12. Assinale a alternativa que apresenta uma intervenção de enfermagem para o idoso com o diagnóstico de enfermagem Memória prejudicada.

a Estimulação cognitiva.

b Assistência para ganho de peso.

c Prevenção contra quedas.

d Controle da dor.

Confira aqui a resposta

Resposta incorreta. A alternativa correta é a "A".


A estimulação cognitiva é uma das intervenções de enfermagem propostas para promoção das habilidades cognitivas no diagnóstico de enfermagem Memória prejudicada. A assistência para ganho de peso é uma das intervenções de enfermagem propostas para o resultado de Estado nutricional. A prevenção contra quedas é uma das intervenções de enfermagem propostas para o resultado de Ocorrência de quedas. O controle da dor é uma das intervenções de enfermagem propostas para o resultado de Nível da dor.

Resposta correta.


A estimulação cognitiva é uma das intervenções de enfermagem propostas para promoção das habilidades cognitivas no diagnóstico de enfermagem Memória prejudicada. A assistência para ganho de peso é uma das intervenções de enfermagem propostas para o resultado de Estado nutricional. A prevenção contra quedas é uma das intervenções de enfermagem propostas para o resultado de Ocorrência de quedas. O controle da dor é uma das intervenções de enfermagem propostas para o resultado de Nível da dor.

A alternativa correta é a "A".


A estimulação cognitiva é uma das intervenções de enfermagem propostas para promoção das habilidades cognitivas no diagnóstico de enfermagem Memória prejudicada. A assistência para ganho de peso é uma das intervenções de enfermagem propostas para o resultado de Estado nutricional. A prevenção contra quedas é uma das intervenções de enfermagem propostas para o resultado de Ocorrência de quedas. O controle da dor é uma das intervenções de enfermagem propostas para o resultado de Nível da dor.

M.S., 76 anos, aposentada, casada, mora com o marido de 80 anos, a filha e o neto adolescente. É obesa, hipertensa e diabética. É totalmente independente nas AVDatividade de vida diárias. Procurou a consulta de enfermagem acompanhada da filha, pois se queixa de esquecimento há um tempo, não se recordando das suas datas das consultas agendadas e as do marido. Queixa-se também de dificuldade para aprender novas informações que vê nos jornais e de fazer novas tarefas, como a cartilha de jogos para memória.

A Sra. M.S. relata ainda não estar conseguindo sair de casa para fazer suas atividades no grupo de idosos da comunidade, pois esteve doente por dois meses e está se recuperando, mas sente falta de estar com seus amigos.

ATIVIDADES

13. Quais são as queixas apresentadas pela paciente do caso clínico?

Confira aqui a resposta

A paciente do caso clínico queixa-se de prejuízo da memória e de não estar conseguindo se socializar.

Resposta correta.


A paciente do caso clínico queixa-se de prejuízo da memória e de não estar conseguindo se socializar.

A paciente do caso clínico queixa-se de prejuízo da memória e de não estar conseguindo se socializar.

14. Quais são os diagnósticos de enfermagem prioritários, de acordo com a taxonomia da NANDA-I, para a paciente do caso clínico?

Confira aqui a resposta

Os diagnósticos prioritários para a paciente do caso clínico são Memória prejudicada e Interação social prejudicada.

Resposta correta.


Os diagnósticos prioritários para a paciente do caso clínico são Memória prejudicada e Interação social prejudicada.

Os diagnósticos prioritários para a paciente do caso clínico são Memória prejudicada e Interação social prejudicada.

15. Cite um resultado esperado, de acordo com a NOCClassificação dos resultados de enfermagem, para cada diagnóstico de enfermagem da paciente do caso clínico.

Confira aqui a resposta

Com relação ao diagnóstico de Memória prejudicada, o resultado esperado é memória. Para o diagnóstico de Interação social prejudicada, o resultado esperado é envolvimento social.

Resposta correta.


Com relação ao diagnóstico de Memória prejudicada, o resultado esperado é memória. Para o diagnóstico de Interação social prejudicada, o resultado esperado é envolvimento social.

Com relação ao diagnóstico de Memória prejudicada, o resultado esperado é memória. Para o diagnóstico de Interação social prejudicada, o resultado esperado é envolvimento social.

16. Selecione uma intervenção de enfermagem, de acordo com a NICClassificação das intervenções de enfermagem, para cada diagnóstico de enfermagem da paciente do caso clínico.

Confira aqui a resposta

Para o diagnóstico de Memória prejudicada, a intervenção é estimulação cognitiva, com a seguinte atividade: encorajar o uso de um programa de multiestimulação para promover e proteger a capacidade cognitiva (por exemplo, cantar e ouvir música, realizar exercícios de estimulação cognitiva e da memória, atividades criativas, exercícios físicos, resolução de problemas, conversa). Para o diagnóstico de Interação social prejudicada, a intervenção de enfermagem é melhora da socialização, com as seguintes atividades: encorajar o maior envolvimento em relacionamentos já estabelecidos e encorajar atividades sociais e comunitárias.

Resposta correta.


Para o diagnóstico de Memória prejudicada, a intervenção é estimulação cognitiva, com a seguinte atividade: encorajar o uso de um programa de multiestimulação para promover e proteger a capacidade cognitiva (por exemplo, cantar e ouvir música, realizar exercícios de estimulação cognitiva e da memória, atividades criativas, exercícios físicos, resolução de problemas, conversa). Para o diagnóstico de Interação social prejudicada, a intervenção de enfermagem é melhora da socialização, com as seguintes atividades: encorajar o maior envolvimento em relacionamentos já estabelecidos e encorajar atividades sociais e comunitárias.

Para o diagnóstico de Memória prejudicada, a intervenção é estimulação cognitiva, com a seguinte atividade: encorajar o uso de um programa de multiestimulação para promover e proteger a capacidade cognitiva (por exemplo, cantar e ouvir música, realizar exercícios de estimulação cognitiva e da memória, atividades criativas, exercícios físicos, resolução de problemas, conversa). Para o diagnóstico de Interação social prejudicada, a intervenção de enfermagem é melhora da socialização, com as seguintes atividades: encorajar o maior envolvimento em relacionamentos já estabelecidos e encorajar atividades sociais e comunitárias.

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