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CORTICOIDE NO RECÉM-NASCIDO

Autores: Andréa Lúcia Corso, Clarissa Gutiérrez Carvalho
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  • Introdução

O uso pós-natal de corticoides é bastante restrito em neonatologia, sendo reservado aos casos de displasia broncopulmonar (DBPdisplasia broncopulmonar) e choque séptico refratário ao uso de catecolaminas. Na DBPdisplasia broncopulmonar, qual corticoide usar, em qual dose, por quanto tempo e quando usar são questões bastante estudadas, porém sem resposta correta definida. Sabe-se que o tratamento com dexametasona precoce (menos de 8 dias de vida) está relacionado com efeitos a longo prazo no neurodesevolvimento, como a paralisia cerebral, devendo então ser usada preferencialmente nos pacientes com falha no desmame da ventilação mecânica (VMventilação mecânica) prolongada com status respiratório que esteja piorando.

Prematuros podem apresentar insuficiência adrenal relativa, que se manifesta por baixos níveis de cortisol, o que contribui para instabilidade hemodinânica e hipotensão. A hidrocortisona é utilizada no choque séptico, aumentando a sensibilidade dos vasos a catecolaminas circulantes, tendo sido estudada em diversos ensaios prospectivos. Devido à correlação com sangramento cerebral e o desconhecimento de dados sobre o neurodesenvolvimento a longo prazo, esse tratamento deve ser reservado para choque refratário, no choque resistente a catecolaminas (adrenalina ou noradrenalina) ou na suspeita de insuficiência adrenal relativa ou absoluta.

O nascimento prematuro afeta 12,5% das gestações nos EUA, com número bastante semelhante no Brasil.1 A doença pulmonar crônica do prematuro, também chamada de DBPdisplasia broncopulmonar, afeta até 43% dos nascidos com menos de 1.500g, é bastante difícil de tratar e afeta negativamente o desenvolvimento neurológico do recém-nascido (RNrecém-nascido).2

Modernamente, intervenções terapêuticas para limitar a lesão pulmonar focam-se na minimização da exposição a agentes danosos (pressão positiva contínua em vias aéreas por pronga nasal [CPAPn], ventilação nasal de pressão positiva intermitente [NIPPV], ventilação com oscilação de alta frequência [HFOV], ventilação com volume pré-selecionado [VPS]) ou na melhora da função pulmonar e na adaptação ao ambiente pós-natal (corticoide antenatal, surfactante precoce). Muitos dos fatores de risco para DBPdisplasia broncopulmonar provocam resposta inflamatória no pulmão; assim, diversas modalidades de tratamento têm sido testadas no sentido de controlar a inflamação, contudo é difícil equilibrar riscos e benefício. O uso pós-natal de corticoides se dá tanto no nível de tratamento quanto no de prevenção da DBPdisplasia broncopulmonar.

Mundialmente, a cada ano, cerca de 1 milhão de RNrecém-nascidos vão à óbito por sepse. RNrecém-nascidos com sepse podem evoluir para choque séptico com disfunção cardiovascular e alterações hemodinâmicas necessitando de ressuscitação com fluidos e agentes inotrópicos.3 O choque séptico deve ser suspeitado em qualquer RNrecém-nascido com taquicardia, desconforto respiratório, dificuldade de alimentação, tônus alterado, cor alterada, taquipneia e/ou redução na perfusão, particularmente na presença de história materna de corioamnionite ou ruptura prolongada de membranas.4

Nota da Editora: os medicamentos que estiverem com um asterisco (*) ao lado estão detalhados no Suplemento constante no final deste volume.

  • Objetivos

Após a leitura deste artigo, espera-se que o leitor seja capaz de:

 

  • analisar criticamente o uso de corticoide na DBPdisplasia broncopulmonar neonatal, seja na prevenção ou no tratamento;
  • selecionar o corticoide endovenoso adequado ao tratamento do choque neonatal.
  • Esquema conceitual
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