- Introdução
Este artigo aborda a tomada de decisão compartilhada (DCdecisão compartilhada) no contexto da atenção primária à saúde (APSatenção primária à saúde). As habilidades necessárias para colocar em prática o conceito de DCdecisão compartilhada têm estreita ligação (ou relação) com o método clínico centrado na pessoa (MCCPmétodo clínico centrado na pessoa ), com as habilidades de comunicação clínica e com a medicina baseada em evidências (MBEmedicina baseada em evidências).
As intervenções têm resultados incertos no plano individual. Ao receberem um tratamento ou uma medida preventiva, há um grupo cuja frequência pode ser conhecida, pois como jamais apresentaria a doença, não lhe seria de qualquer benefício receber uma intervenção preventiva. Recebendo a intervenção, tornam-se candidatos a receber seus danos.
A incerteza dos resultados no plano individual é um dos fundamentos para o médico compartilhar a tomada de decisões com as pessoas a quem atende. Além disso, é o paciente quem cuida de si na quase totalidade do tempo. O ano tem 365 dias; são 8.760 horas. Mesmo considerando-se a possibilidade de ocorrerem quatro encontros com o médico de família e comunidade (MFCmédico de família e comunidade) ao longo do ano e que cada um dure aproximadamente 20 minutos, o paciente terá apenas 1 hora e 20 minutos por ano de contato com seu MFCmédico de família e comunidade. Ou seja, o paciente arca quase sozinho com as principais consequências das decisões tomadas no consultório. Por isso, é crucial que o paciente receba apoio para que consiga tomar decisões esclarecidas e valorize suas preferências e autonomia.
Sendo assim, o objetivo deste artigo é apoiar os MFCmédico de família e comunidades na condução das consultas, com base nos conceitos e passos essenciais da DCdecisão compartilhada. Para aqueles que já aplicam a DCdecisão compartilhada na suas rotinas de trabalho, busca-se oferecer uma proposta de sistematização prática e qualificar o uso dessa tecnologia leve.
- Objetivos
Ao final da leitura deste artigo, o leitor será capaz de
- familiarizar-se com a noção da incerteza clínica;
- agir com empatia diante do paciente que arca com as consequências das decisões clínicas;
- identificar cenários onde a prática da DCdecisão compartilhada pode ser executada;
- conduzir a consulta de acordo com os passos essenciais da DCdecisão compartilhada;
- familiarizar-se com os conceitos/ferramentas de busca de evidência cientifica disponíveis;
- utilizar ferramentas de apoio que facilitem a tomada da DCdecisão compartilhada;
- reavaliar o processo de DCdecisão compartilhada quando necessário e oportuno.
- Esquema conceitual