- Introdução
Níveis séricos reduzidos de vitamina D no organismo foram ligados por diversos estudos observacionais a inúmeros desfechos clínicos, o que tem justificado, recentemente, a recomendação, por diversas entidades, de suplementação dessa vitamina em diferentes populações.
No entanto, evidências dos supostos benefícios dessa suplementação provindas de ensaios clínicos de adequada qualidade metodológica são frequentemente escassas ou mesmo nulas, o que exige um questionamento ético sobre a decisão de intervir em indivíduos, na maioria das vezes saudáveis, antes de uma clara definição da relação entre benefícios e malefícios/custos.
Se por um lado há diversas situações de ausência de benefícios comprovados, por outro a suplementação de vitamina D pode ser benéfica em algumas situações peculiares. Espera-se, portanto, do médico de família e comunidade (MFCmédico de família e comunidade) uma análise crítica das evidências mais recentes disponíveis para a correta distinção dessas situações, com o objetivo de alcançar uma prática segura, responsável, efetiva e parcimoniosa.
Este artigo resume as evidências científicas mais recentes disponíveis na literatura para os desfechos mais frequentemente relacionados à suplementação de vitamina D, com o fim de identificar os mitos e as verdades a respeito deste tema.
- Objetivos
Ao final da leitura deste artigo, o leitor será capaz de
- reconhecer as principais associações encontradas na literatura entre a vitamina D e os desfechos relevantes em saúde;
- avaliar as associações frequentemente publicizadas entre a vitamina D e os desfechos em saúde que não estão confirmados cientificamente;
- identificar quando se deve suplementar com vitamina D no contexto da atenção primária à saúde;
- evitar o sobrediagnóstico e o sobretratamento de acordo com os princípios da Prevenção Quaternária, no contexto da vitamina D.
- Esquema conceitual