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DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL DE ESCLEROSE MÚLTIPLA

Autores: André Augusto Lemos Vidal, Mariana Moreira Soares de Sá, Maycon Melo Lopes, Alfredo Damasceno
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Objetivos

Ao final da leitura deste capítulo, o leitor será capaz de

  • identificar os aspectos essenciais para o diagnóstico correto da esclerose múltipla (EM) e de suas síndromes típicas;
  • reconhecer as características atípicas para EM e situações nas quais se deve buscar diagnóstico alternativo;
  • identificar os diagnósticos alternativos mais frequentemente confundidos com EM de acordo com estudos de vida real;
  • listar os exames complementares mais importantes para a investigação de um diagnóstico alternativo de EM;
  • discutir o diagnóstico diferencial de EM no contexto da América Latina;
  • identificar detalhadamente características típicas e atípicas da ressonância magnética (RM) na EM.

Esquema conceitual

Introdução

A EM, até a presente data, carece de um biomarcador clínico, laboratorial ou radiológico que a distinga acuradamente de outras patologias do sistema nervoso central (SNC).1

Apesar dos avanços nos critérios diagnósticos, da RM e de promissores biomarcadores, o diagnóstico da EM ainda depende da interpretação clínica do neurologista, por meio da investigação de achados dos sinais e sintomas sugestivos de eventos desmielinizantes e da análise de exames complementares (radiológicos, laboratoriais e análise do liquor).2

Os critérios de McDonald para o diagnóstico de EM foram inicialmente introduzidos em 2001 e foram submetidos a revisões em 2005, 2010 e 2017.3 Em sua última edição, houve aumento da sensibilidade dos critérios para o diagnóstico da EM, sendo possível o diagnóstico mais precoce da doença.4

Acompanhando a tendência de busca para o diagnóstico precoce da EM, há diversos estudos que demonstram melhores desfechos clínicos em longo prazo nos pacientes que utilizaram tratamento precoce com fármacos modificadores da doença para EM.5 Acredita-se que existe um período de janela de oportunidade na fase inicial da doença, no qual o componente inflamatório da condição prepondera.6

Mesmo com todos os aparatos de que se dispõe atualmente, o diagnóstico da EM não é simples; na verdade, muitas vezes pode ser desafiador. Existem diversas outras doenças que podem mimetizar a EM; entre elas, destacam-se migrânea, doenças vasculares, transtornos funcionais e doenças reumáticas e infecciosas.5

Para ilustrar, pode-se fazer uma alusão a uma balança, em que, de um lado, há os benefícios do diagnóstico e do tratamento precoce da EM e, do outro, não menos importante, existe o risco de diagnosticar equivocadamente a doença (misdiagnosis). A interpretação de forma equivocada dos critérios de McDonald pode levar ao diagnóstico errôneo e a um tratamento desnecessário, causando riscos potencialmente graves e gastos financeiros elevados.7

Neste capítulo, abordam-se as principais causas do erro diagnóstico da EM e as patologias que mimetizam essa condição.

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