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DIAGNÓSTICO DOS TRANSTORNOS ALIMENTARES EM PACIENTES CANDIDATOS À CIRURGIA BARIÁTRICA

Rogério Friedman

Fabiana Silva Costa

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Introdução

A cirurgia bariátrica foi consolidada como prática no Brasil a partir da década de 1990, havendo um maior número de pacientes submetidos ao procedimento nos últimos anos. Porém, ainda há algumas lacunas no conhecimento dessa prática e de seus benefícios para a qualidade de vida geral desses pacientes, em especial com relação às repercussões psicológicas.

Assim como outras doenças crônicas, no caso da obesidade, haverá pacientes respondedores e não respondedores ao tratamento, sendo tarefa dos profissionais de saúde envolvidos nesse processo identificar fatores que estejam associados à ausência de resposta terapêutica.1

O paciente obeso que busca tratamento de saúde possui altas taxas de comorbidades. Dentre elas, destacam-se as comorbidades psiquiátricas:

 

  • transtornos de humor (26,5 %);
  • transtornos de ansiedade (15,2 %);
  • transtornos alimentares (13,2 %).

Transtornos mentais no pré-cirúrgico estão associados a um pior desfecho no pós-cirúrgico, havendo maiores complicações psicológicas e menor aderência ao tratamento. Transtornos alimentares são bastante prevalentes nessa população específica. Enquanto na população geral, há uma prevalência de 2% de transtorno de compulsão alimentar periódica (TCAPtranstorno de compulsão alimentar periódica) e de bulimia nervosa, nos candidatos à cirurgia bariátrica essas taxas chegam a atingir 30%.2

Em torno dos dois anos após a cirurgia, a perda de peso tende a se estabilizar, e uma parte chega a ter algum reganho de peso. A presença de transtorno alimentar seria um dos possíveis fatores associados à má adaptação alimentar e eventual reganho de peso, embora nem todos os estudos encontrem essa associação.3

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As controvérsias quanto aos resultados e desfechos no paciente que tem diagnóstico de transtorno alimentar no pré-cirúrgico se devem às diferentes formas de acesso ao diagnóstico e aos diferentes instrumentos. Alguns dos instrumentos utilizados fazem diagnósticos falso-positivos no pré-operatório e, portanto, apontam para desfechos aparentemente mais favoráveis em pacientes com aparente transtorno alimentar.4

As melhores evidências sugerem que a cirurgia não causa o desenvolvimento do transtorno alimentar, mas também não o elimina. Assim, o paciente que possui diagnóstico de TCAPtranstorno de compulsão alimentar periódica no pré-cirúrgico tende a mantê-lo no pós.5 Havendo evidência sustentando a ideia de que pacientes com transtornos alimentares podem ter desfechos menos favoráveis no pós-operatório, torna-se crítico identificar esses indivíduos com precisão na fase de avaliação.

Objetivos

Ao final da leitura deste artigo, o leitor será capaz de:

 

  • identificar a presença de transtorno alimentar nos pacientes candidatos à cirurgia bariátrica;
  • aplicar uma avaliação diagnóstica correta;
  • escolher a melhor opção de tratamento, com vistas a minimizar os riscos dos pacientes.

Esquema conceitual

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