Objetivos
Ao final da leitura deste capítulo, o leitor será capaz de
- diagnosticar um quadro de emergência hipertensiva na gravidez;
- identificar a presença de sinais de gravidade (deterioração clínica e laboratorial);
- diagnosticar a pré-eclâmpsia grave;
- realizar o tratamento sequencial adequado;
- manejar fármacos, como o sulfato de magnésio (MgSO4) e anti-hipertensivos de ação rápida.
Esquema conceitual
Introdução
A pré-eclâmpsia é considerada uma doença multifatorial e multissistêmica específica da gestação diagnosticada, de forma clássica, pela presença de hipertensão arterial (HA) associada à proteinúria, que se manifesta em gestante previamente normotensa, após a 20ª semana de gestação. Na atualidade, também se considera pré-eclâmpsia quando, na ausência de proteinúria, ocorre disfunção de órgão-alvo.1
O caráter multissistêmico da pré-eclâmpsia pode evoluir para situações de maior gravidade (pré-eclâmpsia grave), como uma emergência hipertensiva com evolução para eclâmpsia (convulsão), acidente vascular cerebral hemorrágico (AVCH), insuficiência renal (IR), coagulopatia, insuficiência hepática, suficiência cardíaca, edema agudo de pulmão e morte.2,3 As complicações fetais e neonatais resultam, principalmente, em insuficiência placentária e prematuridade.3
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), os distúrbios hipertensivos da gestação constituem importante causa de morbidade grave, incapacidade em longo prazo e mortalidade tanto materna quanto perinatal. Em todo o mundo, 10 a 15% das mortes maternas diretas estão associadas à pré-eclâmpsia/eclâmpsia, sendo que 99% dessas mortes ocorrem em países de baixa e média renda.4 Dessa forma, o diagnóstico e o tratamento precoce da emergência hipertensiva na gestação reduzem substancialmente os índices de morbidade/letalidade materna e neonatal, melhorando o prognóstico.