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DISLIPIDEMIAS

Autor: Lucas Colombo Godoy
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  • Introdução

As dislipidemias são um importante fator de risco para o desenvolvimento da doença cardiovascular (DCVdoença cardiovascular) aterosclerótica. A abordagem atual das alterações dos lípides circulantes visa não simplesmente à normalização das concentrações séricas das diversas frações lipídicas, mas, sobretudo, à redução do risco de eventos cardiovasculares.

Os principais componentes de um perfil lipídico convencional são:1

 

  • colesterol total (CTcolesterol total);
  • colesterol da lipoproteína de alta densidade (HDL-Ccolesterol da lipoproteína de alta densidade);
  • triglicérides (Tgtriglicérides);
  • colesterol da lipoproteína de baixa densidade (LDL-Ccolesterol da lipoproteína de baixa densidade), que pode ser dosado diretamente ou calculado a partir da fórmula de Friedewald: LDL-Ccolesterol da lipoproteína de baixa densidade = CTcolesterol total − (HDL + Tgtriglicérides/5). A fórmula de Friedewald não deve ser usada quando os valores de Tgtriglicérides forem superiores a 400mg/dL, pois ela se torna pouco acurada.
  • colesterol não HDL, que é obtido pela seguinte subtração: CTcolesterol total − HDL.

As dislipidemias podem ser definidas como alterações das concentrações das lipoproteínas plasmáticas, identificadas por anormalidades variadas no perfil lipídico. As lipoproteínas, por sua vez, são as estruturas que carreiam os lipídeos (hidrofóbicos) no meio aquoso plasmático.2

Do ponto de vista clínico, as dislipidemias podem ser classificadas da seguinte forma:1

 

  • hipercolesterolemia isolada: elevação isolada do LDL-Ccolesterol da lipoproteína de baixa densidade (≥ 160mg/dL);
  • hipertrigliceridemia isolada: elevação isolada de Tgtriglicérides (≥ 150mg/dLou ≥ 175mg/dL se a amostra for obtida sem jejum) que reflete o aumento do número e/ou do volume das lipoproteínas ricas em Tgtriglicérides, como lipoproteína de muito baixa densidade (VLDLlipoproteína de muito baixa densidade ), lipoproteína de densidade intermediária (IDLlipoproteína de densidade intermediária) e os quilomícrons;
  • hiperlipidemia mista: elevação de LDL-Ccolesterol da lipoproteína de baixa densidade (≥ 160mg/dL) e de Tgtriglicérides (≥ 150mg/dL ou ≥ 175mg/dL se a amostra for obtida sem jejum);
  • HDL-Ccolesterol da lipoproteína de alta densidade baixo: redução do HDL-Ccolesterol da lipoproteína de alta densidade (homens < 40mg/dL e mulheres < 50mg/dL) isolada ou em associação à elevação de LDL-Ccolesterol da lipoproteína de baixa densidade ou de Tgtriglicérides.

Para tratar corretamente as alterações lipídicas, é preciso saber classificá-las. Por meio da percepção de qual porção do perfil lipídico está mais acentuadamente alterada, deve-se saber também procurar causas secundárias para essas alterações e, por fim, deve-se saber indicar o tratamento não farmacológico (mudanças de estilo de vida) e farmacológico com os agentes adequados empregados em suas doses e posologias corretas.

Ao se lidar com as alterações do LDL-Ccolesterol da lipoproteína de baixa densidade, torna-se fundamental saber estimar o risco de o paciente apresentar eventos cardiovasculares no futuro e, a partir dessa predição de risco, escolher corretamente o seu tratamento.

Nos últimos anos, diversos ensaios clínicos de grandes dimensões foram realizados para tentar elucidar qual seria de fato o potencial de cada agente farmacológico disponível em reduzir o risco de ocorrência de eventos cardiovasculares. Os resultados desses estudos estão mudando continuamente a prática clínica, uma vez que comprovaram a importância de algumas medicações (por exemplo, estatinas) e reduziram o papel de outras (por exemplo, ácido nicotínico) no tratamento das dislipidemias.

Nota da Editora: os medicamentos que estiverem com um asterisco (*) ao lado estão detalhados no Suplemento constante no final deste volume.

  • Objetivos

Ao final da leitura deste artigo, o leitor será capaz de

 

  • estabelecer o diagnóstico correto e a classificação das dislipidemias;
  • avaliar o risco cardiovascular de um paciente;
  • reconhecer o papel do escore de cálcio coronário na estratificação do risco cardiovascular;
  • propor a terapia da hipercolesterolemia a partir do risco cardiovascular calculado;
  • reconhecer os sintomas musculares como um possível efeito colateral das estatinas e saber abordar um paciente com esses sintomas;
  • estabelecer a terapêutica adequada das hipertrigliceridemias, tomando os devidos cuidados com as interações medicamentosas.
  • Esquema conceitual
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