- Introdução
A saúde do idoso está estritamente relacionada com sua funcionalidade global, ou seja, a capacidade de gerir a própria vida ou cuidar de si mesmo. Essa capacidade da gestão do autocuidado é avaliada por meio da análise das atividades de vida diária (AVDatividade de vida diárias), que são tarefas do cotidiano realizadas pela pessoa idosa.
Dois conceitos são importantes na avaliação da condição de saúde do idoso. O primeiro é a capacidade intrínseca, que se refere ao composto de todas as capacidades físicas e mentais em que um indivíduo pode se apoiar em qualquer ponto no tempo. Entretanto, essa capacidade é apenas um dos fatores que irão determinar o que uma pessoa idosa pode fazer.1
O segundo conceito diz respeito ao ambiente em que o idoso está inserido e sua interação com ele. Esse ambiente fornece uma gama de recursos ou barreiras que decidirão se pessoas com determinado nível de capacidade podem realizar as tarefas que consideram importantes.1
Com base nesses dois conceitos, a Organização Mundial da Saúde (OMSOrganização Mundial da Saúde) define o envelhecimento saudável como o processo de desenvolvimento e manutenção da capacidade funcional que permite o bem-estar na idade avançada.1
O envelhecimento compromete a habilidade do sistema nervoso central em realizar o processamento dos sinais vestibulares, visuais e proprioceptivos responsáveis pela manutenção do equilíbrio corporal, bem como diminui a capacidade de modificações dos reflexos adaptativos.
Verifica-se também, com o passar dos anos, a redução da velocidade dos movimentos e da capacidade de combinar diferentes ações motoras, afetando desse modo a coordenação, além de comprometer a agilidade que é exigida em atividades como andar, desviar rapidamente de obstáculos, realizar movimentos corporais rápidos e de curta duração e a dupla tarefa como andar carregando objetos.
O momento em que essas transformações ocorrem, quando passam a ser percebidas e como evoluem se diferenciam de um indivíduo para o outro, porém se admite que 1% da função é perdido a cada ano após os 30 anos de idade.
A compreensão da indicação e do uso de dispositivos de auxílio à locomoção (DALdispositivo de auxílio à locomoçãos) no idoso constitui um desafio para a equipe de reabilitação. É necessário manter a independência funcional da pessoa idosa proporcionando o ganho da mobilidade para evitar os efeitos deletérios do imobilismo e da instabilidade postural.2
O declínio gradual de todos os sistemas corporais pode ser secundário ao processo do envelhecimento e/ou à presença de enfermidades, que devem ser exaustivamente investigadas. Constitui uma prioridade manter a mobilidade como um incentivo para o envelhecimento ativo e mais saudável.2
A dificuldade em utilizar os DALdispositivo de auxílio à locomoçãos é incrementada pela limitação do idoso em perceber suas deficiências, assim como da equipe em detectá-las, uma vez que as enfermidades nessa faixa etária podem se manifestar como um dos cinco gigantes geriátricos: imobilidade, instabilidade postural, iatrogenia, incontinência e incompetência cerebral.
- Objetivos
Ao final da leitura deste capítulo, o leitor será capaz de
- verificar qual DALdispositivo de auxílio à locomoção é mais adequado para a pessoa idosa, de acordo com a limitação da mobilidade;
- descrever as vantagens e as desvantagens dos DALdispositivo de auxílio à locomoçãos e seus respectivos tipos de marcha;
- reconhecer a importância de identificar os fatores ambientais para uma prescrição adequada e prudente dos DALdispositivo de auxílio à locomoçãos;
- orientar sobre os cuidados que a pessoa idosa deve ter ao utilizar os DALdispositivo de auxílio à locomoçãos;
- constatar a importância do envolvimento da família (cuidadores formais e informais) e dos profissionais da equipe multidisciplinar no aprendizado do uso do DALdispositivo de auxílio à locomoção;
- gerenciar os riscos de quedas;
- identificar o momento adequado para realizar a prescrição do DALdispositivo de auxílio à locomoção.
- Esquema conceitual