- Introdução
A dor nos ombros é uma queixa musculoesquelética comum entre os idosos, sendo diversas as etiologias implicadas como causa. Os distúrbios relacionados incluem desordens de estruturas do próprio ombro ou mesmo dor referida no local, que demandam tratamentos distintos.
É fundamental realizar anamnese, exame físico e, muitas vezes, exames de imagem para elucidar adequadamente o diagnóstico. É importante também conhecer a anatomia do ombro para identificar alterações na inspeção estática, assim como na palpação e na avaliação da amplitude do movimento passivo e ativo.
A dor nos ombros pode ser causada por distúrbios intrínsecos do ombro ou afecções em outras estruturas, com dor referida na região do ombro.1 Os distúrbios intrínsecos incluem lesões com inflamação aguda ou crônica de articulação do ombro, tendões, ligamentos circundantes ou estruturas periarticulares.2
Na avaliação da dor nos ombros, o primeiro passo é diferenciar lesões traumáticas e não traumáticas. Na lesão traumática, são prevalentes as fraturas de clavícula e úmero proximal, assim como as luxações glenoumerais e as entorses da articulação acromioclavicular, as quais devem ser avaliadas por especialistas e muitas vezes necessitam de imobilização ou procedimento cirúrgico.
No caso de lesão não traumática, o segundo passo é separar as causas extrínsecas e referidas das intrínsecas. É importante iniciar pela exclusão de condições potencialmente graves e com necessidade de intervenção urgente, como irritação diafragmática com dor referida e compressão cervical, o que pode ser feito pela busca de sinais de alarme na história clínica e no exame físico.
O terceiro passo é diferenciar se a condição intrínseca é decorrente de patologias nas estruturas periarticulares ou na articulação glenoumeral.
Nas estruturas periarticulares, o paciente é capaz de localizar a dor, e a amplitude do movimento costuma estar preservada. Já nas patologias glenoumerais, há dor, fraqueza ou movimento anormal da articulação, estando entre as patologias mais comuns a tendinopatia ou ruptura do MRmanguito rotador, a osteoartrose e a capsulite adesiva.
As diferentes condições terão características clínicas próprias, porém algumas vezes com superposições de sinais e sintomas que podem requerer avaliação por imagem. O tratamento também pode diferir, mas sempre requer analgesia e fisioterapia (seja analgésica, para tratamento, ou na reabilitação pós-cirúrgica), visando preservar a funcionalidade da articulação.
Os distúrbios dos ombros podem afetar significativamente a capacidade profissional e funcional dos pacientes, com impacto no cotidiano e dificuldade em atividades diárias, como dirigir, vestir-se, pentear o cabelo e até mesmo comer.
- Objetivos
Ao final da leitura deste capítulo, o leitor será capaz de
- identificar a anatomia básica do ombro e das estruturas mais comumente afetadas na dor nos ombros em idosos;
- descrever o exame físico do ombro doloroso e as alterações associadas às diferentes patologias implicadas nessa condição;
- reconhecer os diagnósticos diferenciais possíveis na investigação do ombro doloroso em idosos;
- selecionar o melhor exame para o diagnóstico das causas de dor no ombro com base na anamnese e no exame físico;
- analisar o manejo do ombro doloroso e das principais patologias implicadas nessa condição.
- Esquema conceitual