Objetivos
Ao final da leitura deste capítulo, o leitor será capaz de
- identificar o sono normal e os distúrbios que podem ocorrer na unidade de terapia intensiva (UTI);
- identificar os fatores associados aos distúrbios do sono dentro da UTI;
- reconhecer as formas de diagnóstico dos distúrbios do sono na UTI;
- reconhecer as evidências para melhorar a qualidade do sono dos pacientes internados na UTI.
Esquema conceitual
Introdução
Cerca de 1 bilhão de pessoas ao redor do mundo sofrem de distúrbios respiratórios do sono, e o Brasil é o país com a terceira maior prevalência. Quase um terço da população apresenta algum distúrbio do sono, e a maioria é subdiagnosticada.1
Pacientes criticamente enfermos internados em UTIs podem passar por momentos de privação do sono em razão de diversos fatores relacionados ao ambiente, aos procedimentos e a sua própria condição clínica. Os distúrbios do sono, que acometem pacientes internados em UTI, estão associados a aspectos, como:
- necessidade de conexão contínua a monitores multiparamétricos e bombas de infusão;
- administração de medicamentos várias vezes ao dia;
- uso de dispositivos de oxigenoterapia;
- necessidade de suporte ventilatório invasivo e máquinas de hemodiálise, em casos mais graves.
Além disso, o ambiente torna-se propenso a causar desequilíbrio do sono, em função dos ruídos e da alta luminosidade, entre outros fatores, que acabam desregulando o ritmo circadiano e o ciclo sono-vigília.
O sono adequado torna o paciente mais ativo e participativo, o que gera uma recuperação mais acelerada, além de diminuir o risco de delirium. A literatura evidencia que a prevenção de ocorrências de distúrbios do sono é eficaz e deve fazer parte da rotina da UTI com a criação de medidas para manutenção de uma boa noite de sono do doente crítico. Contudo, na suspeita clínica de alterações na qualidade e na quantidade do sono, essa condição precisa ser investigada e diagnosticada para ter seu tratamento correto.
O distúrbio do sono mais encontrado entre pacientes de UTI é a apneia obstrutiva do sono (AOS), e o uso de pressão positiva contínua nas vias aéreas (CPAP) é o tratamento padrão-ouro. Outras abordagens também são encontradas com frequência, como tratamento farmacológico, medidas para diminuição de ruídos e luminosidade e ajustes e mudanças dos modos ventilatórios, quando possível.