Objetivos
Ao final da leitura deste capítulo, o leitor será capaz de
- reconhecer a importância da doença inflamatória intestinal (DII) em cães e gatos, bem como sua frequência;
- identificar a apresentação clínica da DII;
- indicar os principais métodos para o diagnóstico da DII;
- indicar o tratamento de forma adequada para a DII.
Esquema conceitual
Introdução
Doença inflamatória intestinal (DII) é a denominação genérica usada para diagnóstico de distúrbios inflamatórios crônicos de causa desconhecida no trato gastrintestinal (TGI).1
A DII é uma síndrome complexa que pode acometer todo o TGI ou apenas alguns segmentos, está associada a relevante morbidade pela presença de manifestações clínicas gastrintestinais crônicas recorrentes e, a depender da gravidade, pode causar a morte do animal.1
A doença é conhecida no homem como duas enfermidades: a doença de Crohn e a retocolite ulcerativa. Em animais, a nomenclatura usual indica o segmento mais acometido e o tipo de infiltrado inflamatório predominante nas biópsias, como, por exemplo, enterite linfoplasmocitária ou colite eosinofílica.2
Esse processo inflamatório crônico é amplamente descrito em cães e em gatos e fundamenta-se nos princípios de autoimunidade de causa idiopática. As principais hipóteses são estímulos antigênicos de componentes do alimento, desequilíbrios da microbiota intestinal e fatores genéticos ainda pouco compreendidos. Portanto, a doença é considerada multifatorial. Acomete diversas raças caninas; porém, com certa predisposição em Pastor Alemão, Bulldog Francês, Shar-Pei e Yorkshire Terrier.3
As manifestações clínicas da DII são inespecíficas, como vômitos, diarreia, perda de peso e inapetência. O diagnóstico depende do histórico crônico de sinais gastrintestinais (mais de 3 semanas), ausência de resposta clínica aos tratamentos antiparasitários, pouca ou nenhuma melhora após emprego de dietas de exclusão, ausência de outras doenças e evidência de inflamação nas biópsias.4
O tratamento imunossupressor exerce papel de destaque, geralmente associado a suplementos vitamínicos e dietas de alta digestibilidade e hidrolisadas. O prognóstico, na maioria das vezes, é bom; porém, os animais necessitarão de manejo clínico contínuo em função da própria doença e da possibilidade de efeitos adversos da terapia.5