Entrar

EFEITOS ENDÓCRINOS TARDIOS NOS SOBREVIVENTES DE CÂNCER INFANTIL

Tobias Skrebsky de Almeida

Leila Cristina Pedroso de Paula

epub-BR-PROENDOCRINO-C10V4_Artigo6
  • Introdução

Com o sucesso das novas terapias no tratamento do câncer, a taxa de cura das neoplasias cresceu exponencialmente nas últimas décadas. Como resultado, existem, hoje em dia, cerca de 30 milhões de sobreviventes de câncer no mundo, e esse número tende a aumentar.1 Em crianças, o número de sobreviventes é menos impressionante; se estima que nos EUA um a cada 530 pacientes entre a segunda e terceira décadas de vida é um sobrevivente do câncer infantil (SCIsobrevivente do câncer infantil).2

Mesmo considerando que se trata de uma patologia de baixa incidência, os efeitos do tratamento a longo prazo do câncer têm sido cada vez mais acompanhados. Esses efeitos podem ser o risco aumentado de um segundo tumor, como demonstrado em um seguimento médio de 20,5 anos de 23 mil SCIsobrevivente do câncer infantils, dos quais 6,9% desenvolveu neoplasia subsequente, mais comumente em mama ou tiroide. Esses pacientes estão sujeitos também a complicações cardíacas, pulmonares, neuropáticas, renais, hepáticas, cerebrais, reprodutivas e, mais comumente, endocrinológicas.3

Apesar de o risco de algumas complicações ter reduzido com esquemas terapêuticos menos agressivos — doses mais baixas —,3 os efeitos colaterais podem ocorrer muitos anos depois de seu tratamento e dependerão do tipo e da intensidade do tratamento. A metade dos SCIsobrevivente do câncer infantils apresenta ao menos uma complicação endocrinológica ao longo de sua vida.

O desconhecimento dos efeitos a longo prazo do tratamento do câncer infantil (CIcâncer infantil) propicia que sejam negligenciadas as queixas clínicas dos pacientes ou que se retarde o diagnóstico de uma patologia. Isso fica evidente ao serem observados os números de um estudo que comparou o conhecimento de clínicos e oncologistas: 71% dos oncologistas reconheciam a chance aumentada de menopausa precoce pós-quimioterapia, e o mesmo ocorria em apenas 15% dos clínicos.4

Por isso, é importante que o médico endocrinologista esteja preparado para reconhecer essas complicações, que incluem déficit de crescimento, puberdade precoce (PPpuberdade precoce) e atrasada, disfunção tiroidiana, hiperprolactinemia, diabetes insípido, insuficiência adrenal, hipopituitarismo, infertilidade, baixa densidade mineral óssea (DMOdensidade mineral óssea) e doença metabólica.

Também é verdade que existem novos quimioterápicos e anticorpos monoclonais em uso. Assim, os endocrinologistas devem estar atualizados para detectar as complicações endócrinas provocadas por essas substâncias, assim como definir estratégias para seu manejo. Uma abordagem sistemática — em que os SCIsobrevivente do câncer infantils são rastreados para efeitos endocrinológicos tardios com base na história clínica do tipo de câncer e do tratamento prévio — pode permitir o diagnóstico precoce de complicações, assim como otimizar seu tratamento e prognóstico.

  • Objetivos

Ao final da leitura deste capítulo, o leitor será capaz de

 

  • identificar os possíveis efeitos adversos dos tratamentos do CIcâncer infantil;
  • descrever as deficiências e os excessos hormonais secundários ao tratamento do CIcâncer infantil;
  • reconhecer as deficiências e os excessos hormonais secundários ao tratamento do CIcâncer infantil;
  • correlacionar as complicações endocrinológicas do CIcâncer infantil com o tipo de tratamento instituído;
  • tratar as complicações endocrinológicas nos SCIsobrevivente do câncer infantils.

 

  • Esquema conceitual
Este programa de atualização não está mais disponível para ser adquirido.
Já tem uma conta? Faça login