Objetivos
Ao final da leitura deste capítulo, o leitor será capaz de
- descrever a complexidade dos fenômenos fisiopatológicos envolvidos na sepse;
- identificar os diferentes fenótipos de sepse;
- inteirar-se sobre as novas perspectivas terapêuticas;
- reconhecer a importância da abordagem individualizada do paciente séptico.
Esquema conceitual
Introdução
O entendimento científico sobre sepse vem se modificando bastante durante as últimas décadas. De início, inferia-se que os quadros de sepse — e suas manifestações clínicas — eram causados diretamente por uma lesão deflagrada pelo patógeno causador da infecção, sem levar em consideração a resposta imunológica do hospedeiro. Depois, observou-se que as manifestações sistêmicas da infecção podem ocorrer sem necessariamente haver a disseminação de microrganismos, fato importante e que levou a uma melhor compreensão dos mecanismos fisiopatológicos da sepse.
Atualmente, define-se sepse como uma resposta imunológica desregulada desencadeada por um insulto infeccioso. Dessa forma, é importante entender que, apesar de a sepse causar um estado hiperinflamatório, a maioria dos pacientes também apresenta um componente de imunossupressão, o que, de fato, parece paradoxal, porém exemplifica a incrível complexidade fisiopatológica desse fenômeno. Compreendendo esse mecanismo, entende-se, por exemplo, o motivo pelo qual tratamentos voltados exclusivamente à imunossupressão em pacientes sépticos não surtem o efeito desejado.
Nas últimas décadas, o conceito de sepse vem sendo refinado e constantemente atualizado, refletindo o crescimento do conhecimento científico na área e nos trazendo novas perspectivas em relação ao diagnóstico e tratamento dessa entidade. Como dito anteriormente, a sepse possui uma fisiopatologia complexa e heterogênea, em que fatores e predisposições intrínsecas — tanto ao hospedeiro quanto ao agente causador da infecção — devem ser levadas em consideração e, à vista disso, uma terapia individualizada e direcionada parece ser mais coerente e adequada ao contexto.
Nessa perspectiva, o passo inicial para introduzir novas possibilidades de tratamento na prática clínica é reconhecer os diferentes fenótipos de sepse, suas especificidades fisiopatológicas e a maneira como cada grupo responde aos mais diferentes tipos de abordagens terapêuticas.