Objetivos
Ao final da leitura deste capítulo, o leitor será capaz de
- identificar as complicações agudas e tardias diretamente atribuíveis à traqueostomia em pacientes adultos críticos, bem como as estratégias para minimizá-las;
- reconhecer as indicações e os cuidados com a traqueostomia, bem como as rotinas para decanulação (retirada da traqueostomia).
Esquema conceitual
Introdução
A intubação endotraqueal e a traqueostomia são as principais técnicas de acesso às vias aéreas utilizadas na unidade de terapia intensiva (UTI) para pacientes que necessitam de suporte ventilatório invasivo. Nesse contexto, a traqueostomia passou a ser um dos procedimentos cirúrgicos mais realizados em pacientes criticamente enfermos, principalmente após o advento da traqueostomia percutânea. Estima-se que aproximadamente 11% dos pacientes realizem traqueostomia durante a internação na UTI, e a decisão por esse procedimento ocorre em 33% dos casos durante o processo de desmame e em 27% naqueles após a necessidade de reintubação.1
A principal indicação de traqueostomia é a necessidade de ventilação mecânica (VM) prolongada. No entanto, o melhor momento para a realização da traqueostomia ainda é motivo de controvérsia, pois não existem evidências fortes que sugiram que a traqueostomia precoce melhore os resultados clínicos em longo prazo.
Apesar de ser um procedimento simples, não está livre de complicações que, algumas vezes, podem ser graves e com risco de morte. Para a sua realização, o paciente deve estar estável hemodinamicamente, sem discrasias sanguíneas importantes e sem necessidade de suporte ventilatório com parâmetros altos, uma vez que a traqueostomia é um procedimento eletivo e não deve colocar o paciente em risco.
A traqueostomia melhora o conforto, reduz a necessidade de sedação e de analgesia, facilita a higiene bucal e a aspiração de secreções das vias aéreas inferiores, reduz a resistência das vias aéreas e o espaço morto durante a ventilação e estimula a ventilação espontânea, podendo reduzir, assim, o tempo de VM.2
Em decorrência da redução da mortalidade dos pacientes criticamente doentes, nos últimos anos, é crescente a necessidade de manejo de pacientes cronicamente dependentes, entre eles, aqueles com traqueostomia. Nesse cenário, é imperativo que os profissionais de saúde e os cuidadores estejam preparados para o manejo desses pacientes, tanto no ambiente hospitalar quanto extra-hospitalar.