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FOBIA DE DIRIGIR: ORIGEM, CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS, DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO

Rafael Thomaz da Costa

Lianna Nunes

Marcele Regine de Carvalho

Antonio Egidio Nardi

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  • Introdução

As fobias específicas são caracterizadas pelo medo intenso e persistente, que aumenta quando o indivíduo é exposto aos estímulos fóbicos ou quando, de forma imaginária, ele se coloca em uma condição de “ameaça”.1

Apesar de se reconhecer que o referido medo é exagerado e irracional, pessoas com esse diagnóstico evitam as situações ou os objetos temidos ou os enfrentam com grande desconforto. Como consequência, esse problema não diminui com o tempo pode se tornar crônico.1

Estima-se que cerca de 40% da população mundial tenha sofrido medo intenso de ao menos um objeto ou de uma situação específica em algum momento da vida.2 Porém, por se tratar de um problema que se manifesta em contextos isolados, pode, muitas vezes, não ser diagnosticado.3,4 Além disso, dependendo do caso, pode ser que não afete de forma significativa a qualidade de vida e a funcionalidade do indivíduo.5,6

Em alguns casos, o medo de dirigir pode se manifestar em um nível subclínico. Quando isso ocorre, as pessoas estão menos comprometidas por esse temor e podem conseguir conduzir um automóvel, experimentando desconforto e/ou realizando evitações apenas em algumas situações ou em determinados momentos. Por outro lado, em casos mais graves, o sujeito pode experimentar ataques de pânico ao antecipar a mera possibilidade de guiar, de forma que a estratégia comportamental adotada é a evitação de tais situações e pensamentos.3

A procura por um tratamento para as fobias não é frequente e, de modo geral, ocorre quando há a necessidade de lidar e/ou de enfrentar as situações ou os objetos temidos.3

A fobia de dirigir pode causar problemas à vida, e a restrição de liberdade, o prejuízo no desenvolvimento da carreira profissional e o constrangimento social são as queixas mais frequentes.4 Um estudo que avaliou a qualidade de vida de pacientes com fobia de dirigir apontou que esse problema parece não causar um prejuízo substancial na vida deles, porque, em grandes cidades, há a possibilidade de mobilidade por outras vias (transporte público, transporte privado, carona etc.), e nem sempre a autoestima está comprometida em função dessa dificuldade.6

Mais adiante, a terapia cognitivo-comportamental (TCCterapia cognitivo-comportamental) e a terapia comportamental serão citadas como possibilidades de intervenção, pois são práticas clínicas baseadas em evidências. Elas são as abordagens mais estudadas e com maior comprovação de eficácia para o tratamento das fobias específicas em geral,7 assim como para tratar a fobia de dirigir automóveis.6 Essas abordagens psicoterápicas tem como base do tratamento o treino de estratégias de relaxamento e o questionamento de possíveis pensamentos distorcidos e, por fim, o enfrentamento gradual do estímulo temido com a habituação.7

  • Objetivos

Ao final da leitura deste artigo, o leitor será capaz de

 

  • saber o que é o medo de dirigir e como esse problema se manifesta e se mantém;
  • verificar como funciona a fisiologia da ansiedade e o circuito do medo;
  • memorizar os cuidados necessários no diagnóstico diferencial do medo de dirigir;
  • explicar o modo de pensar de indivíduos que têm fobia de dirigir enquanto estão na direção de um automóvel;
  • descrever como funcionam os tratamentos mais eficazes para tratar a fobia de dirigir.
  • Esquema conceitual
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