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GESTANTE EM UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA

Autores: Achilles Rohlfs Barbosa, Mauro Moraes de Araújo Gonçalves
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  • Introdução

Cuidar de uma gestante crítica é cuidar de dois pacientes, cuidar de uma puérpera crítica é cuidar de uma mãe, é cuidar de uma família. A gestação é um momento especial, e o nascimento, um fato esperado. A presença de uma gestante/puérpera na terapia intensiva é motivo de estresse. Porém, a literatura mostra que esse grupo de pacientes, quando bem conduzido, tem baixas morbidade e mortalidade.1 Quando se fala em bem conduzido, quer se referir a questões técnicas, a conhecimento multidisciplinar, a interação de equipes e a respeito às horas de ouro.

A presença de uma paciente gestante ou puérpera em terapia intensiva é um evento incomum, mas de grande complexidade, que demanda um cuidado individualizado e multidisciplinar. Esse grupo de pacientes apresenta baixo índice de mortalidade quando comparado à população geral, mas a mortalidade materna deve sempre ser tratada como grave agravo de saúde.

Embora a gravidez seja um evento biologicamente normal, alguns fatores podem estar presentes de forma a se tornarem riscos potenciais de complicação para a saúde da mãe e/ou do filho. A chance de uma mulher, durante o ciclo gravídico-puerperal, ser admitida em uma unidade de terapia intensiva (UTIunidade de terapia intensiva) é bem maior do que a de uma mulher jovem não grávida.1,2

Estima-se que de 0,1 a 0,9% das gestantes desenvolve complicações, requerendo cuidados intensivos, já que, quando as complicações obstétricas não são tratadas em tempo hábil, poderão evoluir para um agravo.3 Há que se levar em conta que, com muita frequência, a gestante/puérpera é vista na terapia intensiva com complicações indiretas da sua condição, geralmente, indicações clínicas que, dentro do contexto das mudanças fisiológicas da gestação, tomam proporção de maior gravidade que a esperada na população jovem e hígida em geral.1–3

As indicações de admissão na UTIunidade de terapia intensiva indiretamente relacionadas à gestação são as mais vistas em séries de países desenvolvidos, ao passo que as complicações diretas ainda são bastante prevalentes em países em desenvolvimento.4 As condições clínicas mais frequentes nesse grupo são as complicações hemorrágicas associadas à gestação e ao parto, as doenças hipertensivas e a sepse. A dificuldade de elaboração de escores e de padronização dos cuidados, principalmente em função das alterações fisiológicas da gravidez, demanda um trabalho interdisciplinar entre as equipes de terapia intensiva e ginecologia obstetrícia.

Levando-se em conta que as gestantes são uma população errática dentro da maioria das UTIunidade de terapia intensiva gerais, somado ao fato de que os grandes trials de medicina de urgência e intensiva, em geral, excluem essas pacientes, e mesmo a dificuldade de se obter uma amostra considerável de gestantes em estado crítico para alocação em estudos, explica-se a pequena expertise da maior parte das equipes de intensivistas nessa população específica, o que torna o seu manejo um desafio diário.

Assim, este capítulo pretende abordar as principais alterações fisiológicas relacionadas ao manejo intensivo das pacientes gestantes, conceituar e definir o manejo das principais causas de admissão em terapia intensiva e destacar a importância da incorporação da equipe multidisciplinar no cuidado de gestantes em UTIunidade de terapia intensiva.

  • Objetivos

Ao final da leitura deste capítulo, o leitor será capaz de

 

  • identificar as alterações fisiológicas da gestação;
  • reconhecer a epidemiologia das patologias clínicas e obstétricas graves;
  • inferir as particularidades do manejo das complicações clínicas na gestação;
  • estabelecer o manejo das complicações obstétricas;
  • distinguir os aspectos psicossociais e a necessidade de abordagem multidisciplinar das complicações de gestações.
  • Esquema conceitual
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