Entrar

GESTÃO DE RISCO NAS EMERGÊNCIAS ONCOLÓGICAS

Pedro Ruiz Barbosa Nassar

Érica Brandão

Mônica Pestana

epub-BR-PROENF-URG-C10V1_Artigo2

Objetivos

Ao final da leitura deste capítulo, o leitor será capaz de

  • reconhecer as emergências oncológicas mais incidentes;
  • identificar as características específicas de cada emergência oncológica;
  • indicar os principais diagnósticos de enfermagem e as intervenções no atendimento às emergências oncológicas;
  • relacionar gestão de risco com gerenciamento do cuidado nas emergências oncológicas.

Esquema conceitual

Introdução

A gestão de risco tem sido adotada nas organizações de saúde como um processo investigativo e técnico-científico para atingir a qualidade da prestação de serviços e a segurança dos pacientes e dos profissionais de saúde.1,2

A gerência e a assistência de enfermagem alicerçam o processo de trabalho do enfermeiro, que se desdobra no ensino e na pesquisa, e, de modo direto, estão conectadas às práticas do cuidado, tornando, assim, o enfermeiro um gerenciador do cuidado diante de circunstâncias que exigem competências, habilidades e atitudes dos profissionais enfermeiros para o planejamento e a execução do processo de trabalho.3,4

A competência é definida como a capacidade de articular valores, conhecimentos, habilidades e atitudes necessários para o desempenho eficaz de atividades requeridas pela natureza do trabalho, além do alcance dos objetivos estabelecidos.3,4

As competências são aspectos imprescindíveis para o gerenciamento do cuidado, principalmente em um contexto em que as mudanças tecnológicas aplicadas atualmente demandam conhecimento profissional especializado, embasando a capacidade de tomada de decisão. São competências fundamentais:3,4

  • tomada de decisões;
  • comunicação;
  • liderança;
  • administração;
  • gerenciamento;
  • educação permanente.

São referidos, nas Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN), a vinculação e o incentivo ao desenvolvimento de competências e habilidades na formação profissional, indicadas como aliadas ao exercício profissional, desde o planejamento das ações nos serviços até a prática da gerência do cuidado, dessa forma, propondo um novo perfil profissional na área da saúde.3,4

Nessa conjuntura, as DCN procuram aproximar a realidade do serviço e a formação dos profissionais, com base nas definições de competências, interpretadas como conhecimentos, habilidades e atitudes que viabilizam a atuação do enfermeiro com mais qualidade, atendendo às necessidades do profissional, da instituição e dos sujeitos.3,4 Um grande desafio em âmbito gerencial dá-se pela deficiência de investimento em políticas de recursos humanos, além da transformação necessária da forma de repensar o papel da universidade na formação de profissionais para atuação no mercado de trabalho.3,5

É imprescindível que os enfermeiros sejam capacitados durante sua formação inicial e continuada para atuar de forma eficiente frente às emergências oncológicas, detendo formação adequada a fim de minimizarem os riscos.6

Emergências oncológicas são eventos agudos causados pelo câncer ou por seu tratamento e exigem rápida intervenção por implicarem risco de vida iminente ou risco de dano grave permanente.7,8

O processo de cuidar do enfermeiro caracteriza-se pela ação dinâmica do profissional frente ao paciente oncológico nos agravos clínicos, cirúrgicos e hematológicos; portanto, é fundamental seu conhecimento acerca das emergências oncológicas mais incidentes, objetivando suas intervenções e evitando danos ao paciente.8,9

No ambiente hospitalar, o enfermeiro enfrenta grandes responsabilidades em relação ao paciente oncológico em tratamento, tendo, como competência, prestar assistência na avaliação diagnóstica, no tratamento, na reabilitação e em situações de emergências durante sua atuação como membro da equipe.8,9

Nas emergências oncológicas, a assistência de enfermagem exige do enfermeiro conhecimento e habilidades para identificar, de maneira precoce, sinais e sintomas, bem como tomar decisão frente a tal situação, visto que é ele quem adianta os cuidados, empregando corretamente as medidas e as intervenções adequadas, favorecendo a melhor sobrevida do paciente e evitando, dessa forma, o risco iminente de morte.10,11

O atendimento às urgências e emergências na oncologia tem papel fundamental na reversão dos casos que conduzem ao óbito. A assistência deve promover a melhora da qualidade de vida e a prevenção de sequelas provenientes das complicações.7

O aumento da sobrevida dos pacientes com câncer pode levar à evolução da doença, que, associada a comorbidades e toxicidades dos tratamentos, ocasiona ampliação dos casos de emergências oncológicas. Essa evolução pode ser em razão de metástases e tem uma taxa de incidência de 70% dos casos de câncer.12

As emergências oncológicas são classificadas de diversas formas, pelos agravos relacionados ao tumor e aqueles provocados pelo seu tratamento ou por emergências estruturais, metabólicas e secundárias ao tratamento. Também é proposta a divisão de acordo com os sistemas acometidos, e há aqueles que consideram os sintomas e as consequências dos agravos como verdadeiras emergências.7–13

Danos irreversíveis ou até o óbito podem ser decorrentes de erros ou demora no atendimento. Os profissionais precisam de capacitação adequada para identificar rapidamente o problema e instituir a terapêutica adequada, o que pode modificar o prognóstico ou melhorar significativamente a qualidade de vida dos pacientes.7–13

A compreensão dos quadros de condições agudas é essencial para a equipe que atende pacientes em unidades de emergências oncológicas, onde são realizados triagem, anamnese e exame físico, a fim de decidir sobre a melhor conduta e a abordagem possível.7–14

O diagnóstico prévio de câncer facilita identificar uma urgência oncológica; porém, alguns pacientes abrem o quadro da doença com a urgência oncológica e, a partir daí, recebem o diagnóstico.7–13

Considerando-se o exposto, foram selecionados os aspectos principais das emergências oncológicas mais frequentes no âmbito da sua classificação, sintomatologia, fisiopatologia e causas relacionadas ao câncer. Em seguida, são apresentados a revisão dos critérios para o atendimento inicial, os métodos de diagnóstico e o tratamento. Por último, foi aplicada a Sistematização da Assistência de Enfermagem às condições emergenciais em foco, destacando-se os pontos relevantes de atuação do enfermeiro.

As intervenções prioritárias direcionam-se pelos critérios ABCDE, à semelhança do Advanced Trauma Life Suporte (ATLS)15 e do Advanced Cardiologic Life Suport (ACLS).16

Compreender os quadros das condições agudas é essencial para os enfermeiros emergencistas e para aqueles que trabalham em enfermaria oncológica, pois são eles que fazem a triagem, tomam as condutas iniciais a partir da anamnese e do exame físico e são responsáveis por passar informações concisas ao médico plantonista ou assistente.14

Este programa de atualização não está mais disponível para ser adquirido.
Já tem uma conta? Faça login