Introdução
As doenças glomerulares contribuem, de forma importante, como causa de doença renal crônica estágio 5 (doença renal em estágio terminal [DRET]), que é a terceira causa de DRET na maioria dos países tanto desenvolvidos como subdesenvolvidos.1
As principais causas de DRET são a hipertensão arterial e o diabetes melito. São doenças prevalentes na população geral e, caso não tratadas adequadamente, podem evoluir para disfunção renal rapidamente. As glomerulopatias entram em terceiro lugar no ranking e a doença renal policística em quarto lugar.
No Brasil, de acordo com o censo da Sociedade Brasileira de Nefrologia de 2018, as glomerulopatias ocupam o terceiro lugar no ranking de doenças que levam os pacientes à terapia renal substitutiva (TRSterapia renal substitutiva), com cerca de 9% dos pacientes.2
São várias as entidades etiológicas relacionadas às glomerulopatias, de modo que é necessário classificá-las de forma mais didática para melhor entendimento em primárias e secundárias.3,4
As glomerulopatias primárias são definidas como doenças que surgem eminentemente no rim, na ausência de outro componente de doença sistêmica. As glomerulopatias secundárias são definidas como manifestações renais de doenças sistêmicas.3,4
O acometimento renal não se restringe ao glomérulo, sendo que algumas doenças podem acometer o tubulointerstício e a vasculatura renal, levando à lesão renal aguda (LRA), podendo levar à TRSterapia renal substitutiva de urgência.3,4
As manifestações sindrômicas são definidoras de propedêutica adequada para o tratamento precoce em casos catastróficos, como glomerulonefrite rapidamente progressiva (GNRPglomerulonefrite rapidamente progressiva), com perda de função renal em dias a semanas. Então, subdividir as síndromes glomerulares em nefrítica, nefrótica e GNRPglomerulonefrite rapidamente progressiva ajuda o clínico a agir velozmente no tratamento sindrômico dessa doença. Para isso, é importante ter um conhecimento prévio da estrutura microscópica glomerular e do exame de urina.3,4
O entendimento da patogênese das principais glomerulopatias é essencial para entender as manifestações clínicas e as possibilidades terapêuticas, com o objetivo de evitar a rápida progressão para DRET e o aumento da morbimortalidade dessas doenças.
Nota da Editora: os medicamentos que estiverem com um asterisco (*) ao lado estão detalhados no Suplemento constante no final deste volume.
Objetivos
Ao final da leitura deste capítulo, o leitor será capaz de
- avaliar a importância da história clínica e das análises laboratoriais nos casos de glomerulopatias;
- descrever as manifestações morfológicas das principais glomerulopatias;
- aprimorar as habilidades de diagnóstico e prognóstico;
- interpretar os potenciais mecanismos patogênicos das glomerulopatias primárias e secundárias;
- propor as abordagens terapêuticas para as glomerulopatias primárias e secundárias.