Introdução
A pancreatite aguda é um processo inflamatório agudo do pâncreas, de etiologia diversa, caracterizada pelo início súbito dos sintomas, que tendem a se resolver espontaneamente após alguns dias do início do quadro.
Acredita-se que essa inflamação seja deflagrada pela ativação das enzimas pancreáticas ainda no interior do órgão, levando a uma autodigestão, porém ainda não se tem claro o mecanismo exato que conduziria a tal ativação.1
Na maioria dos casos, é possível determinar a etiologia da pancreatite aguda, sendo a colelitíase a principal causa dos episódios (40 a 70%), seguido da alcoólica (25 a 35%). Outras causas menos prevalentes de pancreatite aguda são as seguintes:1
- traumas;
- medicações;
- agentes infecciosos;
- causas metabólicas (hipercalcemia, hipertrigliceridemia e hiperparatireoidismo);
- causas autoimunes;
- isquemia;
- massas tumorais que levem à obstrução do ducto pancreático.
A dor característica da pancreatite aguda, apesar de pouco específica, é intensa e localizada na região epigástrica ou no quadrante abdominal superior esquerdo, em barra, constante, com irradiação para as costas, o tórax ou os flancos, sendo comum a associação com náuseas e vômitos recorrentes. Os pacientes que apresentem esse quadro clínico devem ser investigados laboratorialmente ou por imagem para a confirmação diagnóstica.1,2
O diagnóstico da pancreatite aguda é estabelecido pela presença de dois entre os três critérios a seguir:
- dor abdominal característica da doença;
- amilase ou lipase sérica maior do que três vezes o valor de normalidade;
- achado de imagem característico da doença.
Recomenda-se um exame de imagem — tomografia computadorizada (TCtomografia computadorizada) contrastada de abdome e/ou ressonância magnética (RMressonância magnética) — em três situações:1,2
- dúvida diagnóstica;
- quadro sem melhora após 48 a 72 horas da admissão hospitalar;
- avaliação de complicações.
A partir de casos clínicos, serão apresentados o manejo inicial e o seguimento esperado ao paciente diagnosticado com pancreatite aguda.
Nota da Editora: os medicamentos que estiverem com um asterisco (*) ao lado estão detalhados no Suplemento constante no final deste volume.
Objetivos
Ao final da leitura deste capítulo, o leitor será capaz de
- promover o manejo inicial do paciente com pancreatite aguda;
- diagnosticar a pancreatite aguda;
- realizar o seguimento de complicações.