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GRAVIDEZ NA ADOLESCÊNCIA

Autores: Amanda Dantas Silva, Anderson Borovac-Pinheiro, Fernanda Garanhani de Castro Surita
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Objetivos

Ao final da leitura deste artigo, o leitor será capaz de

  • compreender as particularidades da gestação na adolescência;
  • identificar os fatores de risco das possíveis complicações mais comuns nesse grupo etário;
  • adequar a assistência pré-natal e do puerpério de acordo com as demandas das adolescentes.

Esquema conceitual

Introdução

A adolescência é uma fase da vida caracterizada por crescimento extremamente dinâmico e por mudanças não só anatômicas e fisiológicas, mas também psíquicas e sociais. A Organização Mundial da Saúde (OMS) define a adolescência como o período da vida que começa aos 10 anos e termina aos 19 anos de idade completos, e a divide em categorias: pré-adolescência, dos 10 aos 14 anos de idade, e adolescência, dos 15 aos 19 anos de idade.1

A definição do tempo de duração da adolescência contém conotações distintas em diferentes sociedades e culturas. Mesmo que haja uma faixa etária que reúna determinadas características, a adolescência não deve ser vista de forma universal, mas com condutas que possam ser aplicadas para todo esse grupo indistintamente.1

A gestação na adolescência não é somente um problema de saúde pública de âmbito mundial, mas também um problema social. Além de representar questões do ponto de vista médico ou biológico, pode ter consequências sob os pontos de vista social, psicológico e econômico. A gestação pode mudar radicalmente a vida de uma adolescente, com maior chance de interrupção dos estudos e menor perspectiva de emprego futuro.2

A vulnerabilidade social desse fenômeno é marcante: as adolescentes grávidas se tornam mais vulneráveis à pobreza e à exclusão, podem enfrentar rejeição ou ser estigmatizadas pelos pais e colegas e sofrer várias formas de violência, além do impacto negativo sobre sua saúde.3

A maternidade na adolescência chama a atenção para debates políticos e questões que vêm sendo estudadas em diferentes áreas do conhecimento. As Metas para o Desenvolvimento Sustentável estabelecidas pela Organização das Nações Unidas (2015-2030) incluem objetivos diretamente ligados à questão não resolvida da gravidez na adolescência, como boa saúde e bem-estar, educação de qualidade, igualdade de gênero e redução das desigualdades.4

Em 2019, foi instituída pelo Governo Federal, no Brasil, a Semana Nacional de Prevenção à Gravidez na Adolescência pela Lei nº 13.798, com o objetivo de disseminar informações sobre medidas preventivas e educativas que contribuam para a redução da gestação indesejada na adolescência.5 Em relação à saúde pública, a gestação na adolescência é um tema que causa preocupação, devido à alta prevalência e aos riscos perinatais.3

A gravidez na adolescência é um tema que requer um olhar crítico, pois apresenta diferentes dimensões como um fenômeno humano e social em diferentes culturas e pode comprometer as oportunidades futuras de muitas meninas. É de fundamental importância abordagem no pré-natal e no puerpério adequada, prioritariamente multiprofissional, e voltada especificamente para esse grupo etário, com o objetivo de identificar as necessidades únicas das adolescentes gestantes, inseridas no seu contexto socioeconômico e cultural.

O apoio às meninas na construção das habilidades para a maternagem possibilita a identificação precoce de possíveis complicações obstétricas, reduz a taxa de gestação indesejada na adolescência e sua repetição e permite a construção de uma rede de apoio durante toda a gestação e no período neonatal.

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