Objetivos
Ao final da leitura deste capítulo, o leitor será capaz de
- classificar os tipos de imunização;
- revisar os intervalos de aplicação de vacinas;
- identificar as contraindicações ao uso de vacinas;
- prescrever a vacinação básica de crianças e adolescentes portadores de comorbidades;
- revisar os intervalos de aplicação entre vacinas inativadas e atenuadas e uso de hemoderivados;
- descrever as nuanças da vacinação de portadores de doenças crônicas e imunodeprimidos;
- comparar as recomendações para vacinação do PNI, da SBP e da SBIm.
Esquema conceitual
Introdução
A vacinação de crianças e adolescentes portadores de doenças crônicas, muitas delas apresentando vários graus de imunocomprometimento, é assunto vasto e sujeito a muitas controvérsias. Em relação aos indivíduos imunocomprometidos, a vacinação é ainda mais desafiadora, pois a eficácia das vacinas inativadas pode ficar comprometida e, em relação às vacinas virais atenuadas, há risco aumentado para eventos adversos.
Assim, a resposta do hospedeiro ao imunógeno e a avaliação dos diferentes graus de imunocomprometimento, levando, às vezes, a uma resposta imunológica inadequada ou mesmo a risco aumentado, devem ser criteriosamente avaliadas para uma adequada recomendação para vacinação desses pacientes especiais.
Não se pode deixar de frisar que, em geral, os estudos de eficácia e imunogenicidade para vacinas são realizados em indivíduos imunocompetentes, o que limita os níveis de evidências quando se aborda a vacinação de pacientes com doenças crônicas e imunocomprometidos.
No Brasil, a imunização de indivíduos portadores de doenças crônicas é disponibilizada pelo Ministério da Saúde por meio dos Centros de Referência para Imunobiológicos Especiais (CRIE), ligados ao Programa Nacional de Imunizações (PNI). As normas e condutas para imunização estão publicadas no manual do CRIE.1
Apesar de o País ter avançado muito nos últimos anos, com novas incorporações de imunobiológicos, tanto nos calendários básicos como na vacinação de pacientes com comorbidades e seus contactantes, os pacientes ainda podem ampliar a proteção com a complementação de vacinas disponibilizadas na rede privada.1,2
Para uma maior proteção individual, a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) publicou um documento orientando os pediatras para a imunização de crianças e adolescentes em situações especiais,3 e a Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm) oferece o calendário de vacinação do paciente especial.4 Todos esses documentos sofrem atualizações ao longo do tempo, contemplando aquisições de novos conhecimentos.
Neste capítulo, serão abordados aspectos relevantes, dificuldades e controvérsias na prática clínica que tornam a imunização um terreno amplo para pesquisas, abrangendo todas as especialidades.