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INSTRUMENTOS DE AVALIAÇÃO DA DEPRESSÃO NA GRAVIDEZ

Mônica Maria de Jesus Silva

Maria José Clapis

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Objetivos

Ao final da leitura deste capítulo, o leitor será capaz de

 

  • descrever os conceitos relativos à depressão e à depressão na gravidez;
  • realizar avaliação da depressão na gravidez com a aplicação de instrumentos disponíveis na literatura nacional e internacional;
  • sistematizar uma proposta de cuidado à gestante a partir do rastreamento do risco de depressão na gravidez.

Esquema conceitual

Introdução

Os transtornos mentais se constituem, atualmente, em um problema de saúde pública que preocupa gestores e profissionais de saúde, em virtude do crescimento de sua carga em oposição aos ganhos gerais de saúde das populações do mundo nas últimas décadas.1

No período gravídico–puerperal, os transtornos mentais comuns são altamente prevalentes e incapacitantes para o funcionamento materno, com consequências negativas bem documentadas para a saúde e o desenvolvimento da criança, revestindo-se de grande importância ao contribuírem significativamente para a morbidade e mortalidade materna.2

A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que, em todo o mundo, cerca de 10% das mulheres grávidas e 13% das mulheres que acabaram de dar à luz sofrem de um distúrbio mental. Nos países em desenvolvimento, os índices são ainda maiores, 15,6% durante a gravidez e 19,8% após o parto.3

A alta prevalência de distúrbios mentais está aliada às mudanças físicas e psicológicas que a gravidez e a transição para a maternidade acarretam para as mulheres. Nesse contexto, embora a maioria delas frequentemente veja a gravidez e a maternidade como indicadores sociais de autorrealização, outras encaram a gravidez de forma negativa, o que pode resultar no desenvolvimento de transtornos mentais antes e/ou após o parto.4

Entre os transtornos mentais que podem se desenvolver durante a gravidez, a depressão apresenta substancial relevância. Esse transtorno é a principal causa de problemas de saúde e incapacidade em todo o mundo. Segundo a OMS, mais de 300 milhões de pessoas vivem com depressão, um aumento de mais de 18% entre 2005 e 2015. Nas Américas, cerca de 50 milhões de pessoas viviam com depressão em 2015, o que corresponde a 5% da população.5

A depressão é, aproximadamente, duas vezes mais comum em mulheres do que em homens e uma das principais fontes de morbidade e perda de saúde em termos de anos de vida ajustados por incapacidade entre as mulheres,6 com seu início atingindo o ápice durante a idade reprodutiva.7 Portanto, não é surpreendente que esse transtorno, que inclui episódios depressivos maiores e menores, seja o distúrbio psiquiátrico mais estabelecido durante a gravidez8 e uma das complicações mais comuns no pós-parto.9

O episódio de depressão pode ser classificado em leve, moderado ou severo, de acordo com a gravidade. A depressão maior requer a presença de cinco ou mais sintomas durante um período de duas semanas. Pelo menos um dos sintomas relatados deve ser humor deprimido ou perda de interesse ou prazer nas atividades habituais da vida diária.10

Os demais sintomas da depressão, segundo o Manual Estatístico e Diagnóstico de Doenças Mentais (DSM-V), são humor deprimido na maior parte do dia, tristeza, perda de interesse ou prazer em todas ou quase todas as atividades, perda ou ganho de peso significativo, insônia ou hipersonia, agitação ou retardo psicomotor, fadiga ou perda de energia, sentimento de inutilidade ou culpa excessiva e/ou inadequada, indecisão ou capacidade diminuída de pensar ou concentrar-se e pensamentos de morte recorrentes.10

Esse transtorno pode ocorrer durante a gravidez, sendo denominada depressão pré-natal; ou após o nascimento, quando é definida como depressão pós-parto, ou mesmo acometer a mulher durante a gravidez ou nos primeiros 12 meses após o parto, caracterizando a depressão perinatal.10

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