- Introdução
Considerando-se dados dos Estados Unidos, a incidência de insuficiência respiratória aguda (IRpAinsuficiência respiratória aguda) é de cerca de 360 mil casos por ano. Destes, 36% são fatais durante a hospitalização inicial, sendo, dessa forma, a terceira principal causa de mortalidade naquele país.1 No Brasil, nas unidades de terapia intensiva (UTIs), a insuficiência respiratória (IRinsuficiência respiratória) corresponde a 57% das causas de internação, com uma taxa de mortalidade de 48%.2
Um percentual considerável dos pacientes com IRinsuficiência respiratória apresenta o quadro após a internação na UTI, gerando permanência prolongada e necessidade de ventilação mecânica invasiva (VMIventilação mecânica invasiva) ou não invasiva (VMNIventilação mecânica não invasiva). As taxas de ocorrência de IRinsuficiência respiratória aumentam com os seguintes fatores:2
- idade;
- presença de comorbidades;
- gravidade da doença;
- tempo de internação hospitalar.
A IRinsuficiência respiratória acomete tanto pacientes com patologias prévias e comorbidades quanto pacientes sadios, de maneira isolada ou associada com outros eventos, sendo a causa primária ou de admissão e podendo cursar com complicações graves.1–3 Durante a internação hospitalar, considerando a indicação de abordagem cirúrgica, surge a necessidade da avaliação de risco de IRinsuficiência respiratória, com atenção especial a indivíduos com idade superior a 75 anos, índice de massa corporal maior ou igual a 30, tabagismo ativo e doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOCdoença pulmonar obstrutiva crônica).4
Sabendo-se que a IRinsuficiência respiratória pode ser a manifestação inicial de uma série de patologias, independentemente de doença respiratória prévia, fica clara a importância do manejo criterioso dessa condição clínica por parte da equipe de saúde.
Apesar de a notoriedade em função da alta incidência e da mortalidade da doença ser direcionada para a resolutividade durante a internação hospitalar, o acompanhamento após a alta hospitalar é essencial em razão das possíveis alterações da funcionalidade, temporárias ou permanentes, que possam ser desenvolvidas.
Analisando o impacto atual da morbidade e da mortalidade associadas à IRinsuficiência respiratória e à incidência de altos custos em saúde, é essencial que os profissionais da saúde tenham conhecimento sistematizado sobre essa doença para reduzir as inconformidades na assistência e promover um tratamento otimizado a essa população.
Desta forma, ao analisar a incidência da IRinsuficiência respiratória em pacientes em cuidados intensivos, este capítulo foi estruturado para que o fisioterapeuta problematize sua atuação focalizada na funcionalidade do indivíduo adulto desde a admissão até a alta hospitalar e verifique a necessidade de acompanhamento e referenciamento pós-internação.
- Objetivos
Ao final da leitura deste capítulo, o leitor será capaz de:
- conceituar a IRinsuficiência respiratória;
- classificar a IRinsuficiência respiratória segundo critérios de gravidade e manifestação clínica;
- identificar o tipo de IRinsuficiência respiratória a partir do seu diagnóstico e de suas principais manifestações clínicas;
- analisar a fisiopatologia da IRinsuficiência respiratória;
- identificar as fases da IRinsuficiência respiratória;
- identificar os objetivos e as principais condutas adotadas no tratamento fisioterapêutico do paciente com IRinsuficiência respiratória.
- Esquema conceitual