O hemograma é um exame laboratorial de baixo custo que fornece informações qualitativas e quantitativas dos glóbulos vermelhos (GVsglóbulos vermelhos), dos glóbulos brancos (GBsglóbulos brancos) e das plaquetas.1-3

Na interpretação do hemograma, devem ser considerados a história clínica, o exame físico e as variações interlaboratoriais relacionadas ao equipamento, ao tipo de anticoagulante utilizado e à qualidade do esfregaço sanguíneo. Outras variáveis a serem analisadas incluem hemólise do material, excesso de anticoagulante, sangue mal conservado, presença de crioaglutinação, dificuldade da coleta e sítio de obtenção da amostra.4

Nos recém-nascidos (RNsrecém-nascidos), as amostras obtidas de picada do calcanhar apresentam contagens de leucócitos, neutrófilos e linfócitos cerca de 20% mais elevadas. Nos adultos, as contagens de leucócitos e neutrófilos são significantemente mais altas em amostras obtidas de picada digital, com uma queda progressiva com a sucessão das gotas.4

Alguns serviços, especialmente aqueles que tratam pacientes pediátricos com patologias oncológicas que necessitam de várias punções para controle de hemograma, usam a técnica de punção digital (perfuração com lanceta na face palmar interna da falange distal do dedo médio). Com um pequeno volume de sangue, conseguem-se os dados necessários em relação aos GVsglóbulos vermelhos, aos GBsglóbulos brancos e às plaquetas.

Em adultos esportistas, a contagem de linfócitos e plaquetas foi semelhante nas duas formas de coleta, enquanto os outros parâmetros hematológicos foram maiores do que na punção venosa, porém dentro do intervalo de normalidade.7 Apesar das diferenças estatisticamente significantes, essas não são clinicamente importantes, justificando o seu uso na prática clínica.

Após a leitura deste artigo, espera-se que o leitor seja capaz de:

 

• ■ interpretar as séries vermelha, branca e plaquetária na avaliação do sangue periférico, descrevendo sua variação de acordo com a faixa etária, os fatores biológicos e outros fatores externos envolvidos;
• ■ compreender as alterações quantitativas celulares que podem ser observadas no hemograma e suas correlações com a história e o exame físico do paciente, que são fundamentais para o raciocínio clínico e construção das hipóteses diagnósticas.